44§ Doutor emigrante

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Apareceu o taxista da noite do sequestro que pode corroborar a versão da mãe. Contudo, surgiram mais alguns obstáculos a serem ultrapassados...

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- MULHER -


Saiu do consultório médico completamente indignada. Quem ousara indicar-lhe como um dos melhores especialistas de neurologia, um emigrante? 

Não tinha aversão a estrangeiros! No entanto, era-lhe difícil recordar uma situação na vida em que, a sua experiência com eles, tivesse tido um desfecho agradável. 

Obviamente que o atentado no bairro, do qual fora vítima, agudizara esse seu mal-estar para com estas pessoas, reabrindo feridas mal sanadas do passado.

– Quero apresentar uma reclamação! – disse em tom de exigência à funcionária da clínica. – O doutor que me atendeu, para além de ser estrangeiro, não fez o mínimo de esforço para falar o nosso idioma.

– Mas olhe que ele é um excelente especialista! – procurou compor a funcionária, perante o olhar curioso dos pacientes que aguardavam na sala. – O Doutor formou-se numa das melhores faculdades de neurologia, a nível internacional.

– Do que me vale isso se eu não percebi metade do que ele disse. Agora explique-me, como é suposto uma criança de cinco anos entender o que ele está-lhe a pedir?


A sua correria por clínicas e hospitais, em busca dum bom profissional para avaliar a criança, começara já há alguns dias atrás. 

Recorrera primeiramente a médicos da sua confiança, os quais não se atreveriam a pedir documentação, com o intuito de averiguar o parentesco entre ela e a menina. 

Sempre a apresentara como sua sobrinha, o que resultava na perfeição, tendo em conta que a menina tinha o costume de a chamar de "tia".

Volta e meia a criança descaía-se com um comentário menos feliz, em frente aos médicos, deixando-a embaraçada. 

Por que a menina teimava em questioná-la acerca de quando voltaria a ver a mãe, precisamente quando estavam num consultório médico? 

Pacientemente, ela contornava a situação, sem levantar grande alarido diante dos doutores. 

Entendia que a criança tivesse saudades dos pais, mesmo que eles fossem um desastre de progenitores.

O primeiro médico que visitara era da sua total confiança, e acompanhara as suas diversas depressões ao longo dos anos.

O doutor fora de uma cordialidade impressionante, ganhando facilmente a simpatia da menina. 

No final da consulta, pedira alguns exames adicionais e encaminhara a menina para outro especialista, que considerava mais habilitado para tratar problemas daquele foro. 

Ela marcara a consulta com o médico indicado e apressara-se a garantir que a menina efetuava atempadamente os exames. 

Afinal, tinha todo o interesse em que estes estivessem prontos antes da consulta com o especialista.

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora