35§ Confronto de titãs

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A mãe recebeu a visita da avó da criança e o ambiente crispou-se...

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- MÃE -

Seria possível tamanha insensibilidade por parte duma avó? Afinal, a criança desaparecida, para todos os efeitos, era também neta dela.

A menina deveria ser a prioridade, não o paradeiro dum genro que sempre renegara. Mas a sua mãe não era uma pessoa comum! 

Já no passado, quando a afrontara e decidira sair de casa, ela mantivera-se irredutível na sua posição. 

Jamais cogitara descer do seu pedestal e dar sequer uma oportunidade ao rapaz com quem a filha decidira fazer a sua vida. 

Hoje, vários anos volvidos, os seus pais continuavam sem o conhecer e sem ter mantido uma conversa, por mais básica que fosse, com ele. 

As únicas palavras trocadas entre ambos, tinham se cingido às vezes em que o marido atendera acidentalmente o telefone.

– Por que me perguntas algo para o qual já sabes a resposta? – retorquiu ela. – Desde quando o meu marido faz parte das tuas preocupações? O que sabes dele?

– A mim sempre me bastou a parte de que ele é um emigrante sem eira nem beira. – referiu a mãe. – Mas não me interpretes mal! Não tenho nada contra os emigrantes que buscam melhores condições de vida. Acho que estão plenamente no seu direito e este país precisa de gente com vontade de trabalhar. No entanto, tenho a certeza de que ele não é o homem certo para ser o teu marido ou o meu genro!

– Como podes intitular-te com esse direito? – contestou veemente à sua mãe. – O que sabes tu acerca do homem que é certo para mim?

– Ora! Olha para educação que te dei! Observa os círculos onde nos movimentamos! Achas que o teu marido tem a capacidade de manter uma conversa minimamente inteligente com os nossos amigos e conhecidos? – completou a avó da criança, dando um sorriso desdenhoso. – Seria simplesmente embaraçoso tê-lo por perto num qualquer jantar nosso!

Era verdade que tinha tido acesso às melhores escolas e frequentado as aulas dos professores mais conceituados. 

Não podia negar que fora preparada para ser uma mulher emancipada, capaz de triunfar no mundo laboral. 

Mas do que lhe valia tudo isso, se no final continuaria aprisionada à cartilha ditada pela mãe?

– Eu escolhi o amor! – justificou-se ela, explicando novamente as suas motivações. – Ele foi o homem por quem me apaixonei!

– E qual foi o preço que tiveste de pagar por esse amor? Diz-me? O que tiveste de abdicar, o quão foste obrigada a esvaziar-te em prol dessa paixão?

Sabia que a mãe se referia às suas aspirações em termos de carreira profissional. Obviamente que ela não se sentia realizada com o trabalho repetitivo que tinha. 

Cada dia que passava, tinha a sensação de emburrecer e perder faculdades. Era uma frustração que acumulara continuamente, desde que chegara àquele bairro. Contudo, a sua vida era muito mais do que isso! 

Estava casada com o homem que conseguia, com apenas um toque, despoletar nela uma montanha russa de emoções, que nenhum outro se atrevera a chegar perto. 

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora