29§ Fora de controlo

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A mãe prosseguiu com o seu depoimento, descrevendo um dos episódios mais trágicos vividos com a menina. Uma pergunta mais ousada do inspetor deixa os pais incomodados...

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- PAI -

Inesperada e repentina! Se tivesse que descrever a sua detenção sumariamente, seriam essas as palavras que usaria. 

Tudo se descontrolara a partir do momento em que o inspetor fizera aquela questão tão pessoal. 

Para ele era inadmissível o cruzar de certas fronteiras e aquele homem já pisara demasiadas num só dia. 

Ele achava que tinha tolerado mesmo assim demasiado... tudo pela sua filha.


No momento que a esposa se preparava para falar acerca do relacionamento dos dois, ele insurgira-se contra o inspetor, levantando-se da cadeira.

– Basta! Onde você quer chegar com tudo isto? – contestou furioso. – Estamos há horas neste interrogatório inútil! Já nos acusou de maltratar a nossa filha e até insinuou que fomos nós os sequestradores! Não lhe admito isto! Você está a abusar do seu poder! – parara por uns segundos para recuperar o fôlego, mas quando vira o inspetor preparar-se para contra-atacar ripostara de novo, - Por acaso vai querer saber quantas quecas dou à minha mulher?

Fora grosseiro e vulgar? Sim, tinha plena noção disso! Mas caramba! Desde manhã que ele e a mulher estavam a ser constantemente enxovalhados por aquele homem. 

Ele calara-se demasiado, receando que o inspetor pusesse a descoberto o seu paradeiro na noite anterior. 

Contudo, o agente estava disposto a explorar todos os meandros da sua vida intima, sob o pretexto do desaparecimento da filha dele.

A mulher implorara-lhe que se acalmasse e o inspetor com a sua costumeira altivez e indiferença ordenara-lhe que se sentasse. O pior estava para vir e ele nem sequer tinha imaginado!

– Quer contar-me a mim e à sua mulher o que fez ontem? – sugeriu o inspetor.

Ele ainda mal tinha se tinha sentado quando o inspetor lançara aquela questão insidiosa. Não o toleraria mais! Levantara-se de novo e arremetera o seu punho fechado contra a cara do agente. 

Numa questão de segundos estava rodeado de dois policias a segurá-lo, mas no intimo ele sentira-se satisfeito de ter dado um par de murros naquele indivíduo.

O inspetor sinalizara aos seus colegas que estava bem e tinha-o olhado com o que lhe pareceu um sorriso cínico, ainda que muito pouco pronunciado.

– Acho que não fui suficientemente claro na minha questão! – retomara o inspetor. – Não me referia à sua noite, mas sim à sua tarde!

Já devia saber que aquele homem tinha sempre um trunfo na manga, à espera do momento-chave para o usar. 

O grande problema era que nunca conseguia perceber onde ele queria chegar. Deixava-o furioso aquela comunicação por enigmas.

– Nada fora do costume! Uma tarde como tantas outras. – referira honestamente, não se lembrando de nenhum evento em especial.

– Podem pedir-lhe que entre? – dissera o inspetor a um dos colegas. – Vou ajudá-lo a refrescar a memória!

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora