61§ Largar a bomba atómica

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O padrinho parece ter encontrado uma pista que pode ser determinante para se aproximarem do paradeiro da menina...

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- MÃE -

Há muito que se tinha esquecido daquela sensação de inverno na capital. Saiu de casa bem agasalhada, com barrete, luvas e cachecol. 

Mesmo assim, sentia a necessidade de aconchegar, com as mãos, o sobretudo ao seu pescoço. 

Aquele frio que poderia ser desagradável para a maior parte das pessoas, a ela avivava os seus sentidos.

Já era noite escura, apesar do seu relógio de pulso marcar poucos minutos depois das seis. O trânsito era caótico, ou não fosse hora de ponta. 

O civismo dos automobilistas em relação aos peões e outros condutores era deixado para segundo plano. 

As buzinadelas impacientes ecoavam, causando aquele desconforto e irritação aos seus ouvidos. 

Já há muito que aprendera a não confiar no semáforo verde para peões, que raramente era respeitado pelas scooters ou automóveis.

Toda esta agitação de final de dia quase ofuscava a maneira especial com que a cidade estava vestida por aqueles dias. Era algo muito intrínseco à época do ano em que se encontrava. 

Aproximava-se a grande celebração pela qual as pessoas aguardavam doze meses, fossem elas religiosas ou não. 

A ocasião em que as famílias optavam por se reunir à mesa, num momento intimista, em que dedicavam inteira atenção aos seus. 

Com todo o reboliço em torno do desaparecimento da filha, mal se apercebera da aproximação da festividade, que ocorreria dentro de alguns dias.

A capital ganhava uma nova vida, um espírito harmonioso que lhe encantava. 

Deliciavam-lhe todas aquelas luzinhas que acendiam e apagavam a cada esquina, mescladas com a já pacificadora iluminação dourada dos candeeiros tradicionais, os quais adornavam cada beco e ruela.

Os primeiros flocos de neve tinham ensaiado o seu desfile de estreia naquela manhã. 

A calçada tradicional dos passeios era agora mais escorregadia, oferecendo algum perigo. 

No entanto, isso não a demovia, crescera no meio de todo aquele cenário pitoresco e sabia perfeitamente como contornar cada vicissitude do clima na capital.

Todo o frenesim que vivera aquando da adolescência, percorrendo, juntamente com as amigas, inúmeras lojas, ressurgiam-lhe agora como que ardendo a pele. 

Era a busca daquele presente especial para o pai, para a mãe, talvez um irmão ou mesmo para um primeiro amor, que movia todas aquelas pessoas a enfrentarem as condições climatéricas adversas.

Os últimos dias tinham sido precisamente a antítese de tudo isso. Não tinha estado para ninguém! 

Desligara o telemóvel, só o conectando um par de vezes durante o dia, para ligar ao inspetor, na esperança de alguma novidade.

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora