66§ O outro lado da ópera

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Numa batalha para apanhar a sequestradora e a filha, a mãe acabou por se meter numa situação de imenso risco que poderá a marcar para o resto da vida...

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- MULHER -

A menina tinha-se portado de uma forma exemplar durante toda a ópera. 

Ela vira como a criança estivera atenta ao que se passava no palco, interpolando-a ocasionalmente com alguma questão inteligente, levando em conta a sua tenra idade. 

Ela não tinha dúvida de que a menina estava talhada para ser algo mais do que uma simples criança rebelde, menosprezada pelos pais e condenada a crescer num bairro problemático.

Também para ela, aquela ópera tivera um sabor singular, ao assisti-la ao lado da criança. Tivera a oportunidade de transmitir-lhe a sua interpretação pessoal de cada ato.


Quando o pano caiu, dando por encerrado o espetáculo, ela não se atreveu a dirigir-se para a saída. 

Sabia perfeitamente que durante os minutos seguintes seria um teste heroico à paciência tentar abandonar as instalações. 

Afinal, conhecia perfeitamente aquele teatro, que era como uma segunda casa para si. 

Ao invés disso, aproveitou para levar a criança aos bastidores e apresentar-lhe os colegas de profissão.

Depois da prova de fogo que tivera minutos antes do início da peça, com as perguntas impertinentes da amiga da sua avó, sentia-se agora mais capaz de driblar alguma questão dum colega. 

Susteria o mesmo argumento que dera à velha senhora, o de que tinha adotado a criança.

Já trabalhava ali naquele teatro, como atriz, há anos. O seu sonho de representação viera desde a juventude e contara com o apoio da avó, desde que se destinasse a algo virtuoso. 

A sua caminhada na área de atuação tinha sido sinuosa, experienciando grandes dificuldades para se impor no teatro. 

A televisão e o cinema nunca tinham-lhe dado a menor chance. Finalmente, encontrara na ópera o seu lugar. 

Pelo meio, sofrera a sua primeira grande depressão, derivada daquela fulgurante paixão de juventude que a destroçara.

Valera-lhe as frequentes participações nos coros religiosos, desde criança, para catapultar a sua voz afinada nas audições para uma companhia de ópera. 

As suas capacidades de mezzo-soprano evidenciaram-se desde logo e não tardaram a traduzir-se em inúmeros papéis secundários. 

Embora tivesse sido distinguida inúmeras vezes como uma excelente atriz coadjuvante, cedo aceitara a ideia de que nunca seria a protagonista de uma ópera. 

A sua beleza e a sua amplitude vocal tinham sido consideradas insuficientes para aspirar a voos mais altos. 

Esse facto não a impedira de desfrutar dos papéis que recebia para interpretar. 

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora