22§ Encostado às cordas

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< Capítulo anterior: 21§ A mulher do polícia

Durante a sua viagem para a capital com a menina a mulher recebeu o telefonema da assistente social que estava preocupada com o rumo que a investigação está a tomar. Contudo, a mulher pareceu saber o que está a fazer, ou não tivesse sido ela casada com um polícia...

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Caso a situação não fique corrigida, ou caso isto aconteça em outros capítulos, agradeço que continuem a informar-me.

Como sempre, todas as críticas, sugestões e correções ortográficas são muito bem-vindas por mim.

Um grande abraço e vamos ao capítulo de hoje!


- PAI -

Só o facto de estar numa delegacia, deixava-o inquieto; quanto mais ser fechado no gabinete do investigador a ser interrogado. 

O percurso desde casa até ali já tinha sido repleto de perguntas da esposa. 

Ela quisera saber como ele tinha acabado por passar a noite num hotel na capital, quando se supunha que ele estaria a fazer uma entrega com o seu camião, a largas centenas de quilómetros dali.

– Houve uma mudança de planos e o meu chefe precisou que nos encontrássemos na capital! Basicamente tivemos uma reunião chata para discutir alguns temas mais logísticos! – explicara ele, da forma mais convincente que conseguira.

Contudo ela não se dera por vencida, assim tão facilmente.

– Então, mas ele faz-te desviar do teu percurso para falar dum tema que sai da esfera das tuas competências? – indagara ela, olhando-o atentamente, como que perscrutando a veracidade das suas palavras. – Por que não me disseste nada quando conversámos ao telefone?

– Não achei que fosse relevante, perante a hipótese da nossa filha ter sido sequestrada. No momento só podia pensar em pegar no carro e vir para cá.

– A que horas foi essa reunião?

A questão, com um tom inquisitivo, fizera-o sentir-se acuado. 

Jazia qual jogador de boxe encostado às cordas, prestes a levar uma surra, sem qualquer hipótese de defesa. 


Essa era precisamente a mesma questão que o investigador lhe colocava agora. Talvez no fim de tudo, o inquérito da esposa até tivesse sido útil como ensaio para este oficial na polícia.

– A meio da tarde, por volta das quatro! – respondeu ao investigador sem precisar mais.


– Corrija-me se estou enganado... – começou o inspetor o seu raciocínio, levantando-se da cadeira e circulando no pequeno gabinete. – Às dezasseis horas estava na capital, numa reunião com o seu chefe, que diz ter durado cerca de quarenta e cinco minutos, enquanto lanchavam. Referiu também que a sua entrega foi cancelada e que dado pôr-se o fim de semana pelo meio, muito provavelmente só lhe será atribuída um novo transporte na segunda-feira. Correto?

Bolas! Estava a falar com um inspetor da polícia e não com a esposa. 

Quando eles começavam a raciocinar com o inquirido não era bom sinal! Geralmente isso significava que tinham encontrado uma lacuna na história que tinham acabado de ouvir. 

O pior de tudo era que ele ainda não tinha percebido onde o inspetor queria chegar.

– Sim, foi isso.


– Muito bem! – replicou o inspetor num tom vitorioso. – Então estando você despachado... digamos por volta das cinco da tarde, para mantermos números redondos... e atendendo a que da capital até aqui são umas quatro horas de carro, por que não pensou em vir visitar a família? Segundo as suas declarações já não estava com a sua esposa e a sua filha há umas semanas! Porque preferiu ir para um hotel?

– O meu casamento não está a atravessar os melhores dias. – justificou-se ele, procurando olhar o inspetor. - Eu e a minha esposa temos discutido frequentemente e não me apeteceu voltar para casa.

Usara uma verdade para cobrir uma mentira. Sim, era verdade que por vezes não sentia mais aquele desejo de voltar para casa. 

Chegava a estar semanas fora de casa e no regresso encontrar a esposa ainda agarrada à discussão com que se haviam despedido. 

No entanto, esse não fora o motivo da sua estadia no hotel.

– E podia-me referir o que está na origem dessas discussões?

Não suportava mais aquelas questões inúteis com que o inspetor o tentava cercar.

– Mas o que isso contribui para encontrar a minha filha? – levantou-se encolerizado. – Há horas que andamos a brincar aos detetives e às pistas, quando a minha filha pode estar não se sabe onde! Por que você não se mexe e vai para o terreno procura-la?

O inspetor admoestou-o a que se sentasse e controlasse os seus ímpetos.

– De momento estou a optar por ignorar todos os incidentes que você já teve com a polícia, há uns anos atrás. – referiu-lhe em tom de ameaça velada. – Parece que você é um perito em condução de alta velocidade e em aparecer em sítios de atividades ilegais.

Raios! Não era do seu conhecimento que a polícia tivesse sido capaz de o identificar nas fugas de cenários de contrabando que protagonizara com as suas clientes.

– Mas olhe que isto aqui não é como nos filmes dessa temática, em que no final os polícias e os criminosos terminam todos a jogar bilhar e a beber uns copos. – continuou o inspetor com os seus paralelismos brilhantes. – Assim, sugiro-lhe que responda às minhas questões e eu finjo que estes incidentes pertencem a uma vida passada sua, afinal já lá vão uns seis anos desde a última aventura que está aqui registada. Estamos na mesma página?

Optou por se remeter ao silêncio e anuir com a cabeça.

– Vamos lá então! – prosseguiu o inspetor, enquanto analisava algo no seu computador. - Diga-me o nome do seu chefe, por favor!

Estava metido de novo em sarilhos, podia senti-lo. 

Após facultar o nome do seu antigo chefe da empresa de transportes, bastaram alguns segundos e meia dúzia de cliques para o inspetor suspirar em tom condenatório.

– No hotel que me referiu não existe qualquer reserva na noite passada em seu nome ou no nome do seu chefe. – disse-lhe desviando os olhos do computador e pousando os óculos que colocara para a pesquisa. – Tem mais alguma explicação que me queira dar?

– Passei a noite com outra mulher. – soltou com muito custo. – A reserva foi feita no nome dela.

Não tivera outra alternativa senão confessar a sua infidelidade. Agora o seu casamento estava nas mãos de um inspetor de polícia. 

Rezava para que ele se desse por satisfeito com esta resposta e não vasculhasse mais em detalhe a sua vida. 

O segredo da sua verdadeira ocupação estava agora presa por arames. Irra, como detestava os polícias!


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Quando o cerco aperta...

Só existe uma saída...

A verdade!

Mas às vezes ela é muito diferente do que se possa imaginar!

Fiquem atentos aos próximos capítulos, até lá comentem e votem!

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora