51§ O homem do leme

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A mãe recobrou os sentidos com o barman ao seu lado. Nem tudo parece estar bem com a saúde dela, pelo que o barman toma as suas próprias providências...

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- PAI -

Apreciava agora aquele calor suave que emanava do café que a esposa do padrinho tinha acabado de passar. 

A mulher trouxera as três chávenas de café numa bandeja e pousara-a na mesa, sentando-se para lhes fazer um pouco de companhia. 

Não era frequente ele a ver! Ela era uma mulher reservada, pouco dada a sair de casa.

– Muito obrigado. – agradeceu ele à senhora, após pegar a sua chávena.

Claro que não obteve qualquer resposta, também não estava à espera dela. 

Estava ciente da peculiaridade da senhora, do facto de que ela era muda. 

Esse detalhe sempre lhe suscitara alguma curiosidade. 

Como podia um casamento funcionar, sem que uma das partes conseguisse se expressar? 

Afinal, qualquer revista, blogue ou psicólogo diriam que a chave para um matrimónio duradouro é a boa comunicação. 

Muitos atrever-se-iam a dizer que o falar abertamente entre o casal, poderia ser mais determinante do que até mesmo o amor, no sucesso da relação.

– Há quantos anos são casados? – perguntou ele ao padrinho.

– Celebrámos as bodas de prata o ano passado! – contestou o homem, sem esconder o orgulho estampado na cara.

– Muitos parabéns!

– Vinte e seis anos sem uma briga sequer! – referiu o padrinho, com a ironia que lhe era característica, granjeando o sorriso tímido da esposa. – Não é assim querida?

O padrinho pegou na mão da esposa e acariciou-a. Ele pode ver o olhar de ternura que o casal trocou entre si. 

Aquela cumplicidade tocara-lhe no íntimo, de um modo inconsciente. 

Se tão somente tivesse conseguido o mesmo comprometimento no seu casamento, certamente não estaria ali na casa do padrinho, com as malas aos pés.

– Fico contente... perdoa-me a expressão, que tenhas vindo ter comigo. – começou por abordar o tema, o padrinho. – És sempre bem-vindo nesta humilde casa.

A avaliar pela sala, a casa era modesta, mas bastante acolhedora. 

A divisão era pequena, com um teto relativamente baixo e com um mobiliário simples e antigo. 

No entanto, tudo estava impecavelmente limpo e a decoração refletia um apurado bom gosto. 

Os tons quentes que permeavam a sala, desde as paredes aos objetos expostos, faziam-no sentir-se em família. 

Parecia haver um toque intimista em cada coisa à sua volta. 

No meio da dor que sentia, aquela singela sala dava-lhe um pouco de alento, após aquela separação drástica.


Antes de ter chegado ali, deambulara sem rumo por algum tempo. 

Conduzira até à beira-mar, numa tentativa de pôr os pensamentos em ordem e ponderar no caminho a seguir. 

O clima perto da orla marítima já era desagradável. O vento soprava com alguma intensidade e era gélido. 

Quanto ao mar, esse varria toda a praia, encarregando-se de a despir do seu manto de areia. 

Aquela era a turbulência que tinha assolado a sua vida, levando-lhe tudo, sem piedade.

Obrigara-se a afugentar a enxurrada de pensamentos negativos que o tinham invadido de súbito. 

Não queria dar-se por vencido, recusava-se a acreditar que jamais voltaria a estar com a esposa e com a menina. 

Rejeitaria, até ao fim, aceitar que o seu casamento era algo perdido e irremediável.

Voltara a entrar no carro, ligando o rádio no volume máximo, para que a música ensurdecesse esses raciocínios demolidores que lhe surgiam. 

Iria se focar num passo de cada vez, e o primeiro da lista era arranjar um sitio onde poder ficar. Ir para a capital estava fora de questão! 

Ainda havia ali muito que fazer no bairro, no que dizia respeito a encontrar a filha. 

A pista da assistente social ainda estava quente e a intuição dele gritava-lhe para se aferrar a essa linha de investigação. 

A intuição dele? Bom, talvez estivesse a ser pretensioso! 

O faro do padrinho era, na verdade, a sonda que guiara todas as diligências deles em encontrar a criança. 

Por isso, por mais magoado que ainda se sentisse com toda aquela situação em que o homem o pusera, não via um melhor local onde ir pedir abrigo. 

Fora assim que se dirigira à casa do padrinho e este o recebera de braços abertos, levando prontamente as suas malas para dentro de casa.

***

Viu a mulher do padrinho levantar-se e pegar nas malas para levar para o quarto. 

Ele ainda se prontificou a ajudá-la, mas ela afastou-o, dando-lhe a entender que se ocuparia daquilo sozinha.

– Ficas cá o tempo que precisares! – referiu-lhe o padrinho. – Finalmente, vamos poder dar uso àquele quarto de hóspedes!

Os dois beberam mais um pouco do café que lhes restava nas chávenas. 

Embora o padrinho não tocara no assunto, podia ver na forma de estar do homem, que este se arrependia de todo o dano que lhe tinha causado.

– Agora vamos! – disse o padrinho, pousando a chávena vazia e levantando-se de rompante para irem embora.

– Vamos onde?

– Procurar essa assistente social! Faremos-lhe uma espera no local de trabalho.

Era aquela determinação que ele apreciava no padrinho. 

Ao lado dele, sentia-se com um rumo definido e confiante de que tudo iria chegar a bom porto. 

Levantou-se prontamente, pegou no casaco e seguiu o "homem do leme"!


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Olá a todos,

espero que tenham desfrutado de mais este capítulo!

Estamos a entrar em períodos festivos! Contudo, "A Filha Roubada" vai continuar a contar com atualizações regulares, embora com uma intensidade mais moderada.

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