A Filha Roubada - Completo - ✔

8§ Momentos de terror

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Uma viagem ao passado conturbado do pai veio esclarecer mais acerca da sua atual vida dupla e da importância da sua família para ele...

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- MULHER -

Os quatro agentes da polícia estavam perfilados do lado de fora do comboio, como que prontos para capturar uma foragida da justiça. 

Ao vê-los, a mulher equacionara a legitimidade de todos os seus atos, os quais tinham culminado com o pretenso rapto de uma criança. 

No entanto, tão repentina quanto a travagem do comboio, fora a corrida dos agentes para a parte dianteira do cais. A confusão tinha se instalado! 

Ao contrário do que se passara na estação anterior, onde ela se vira envolvida numa guerra para entrar no comboio, desta vez parecia que ninguém estava interessado em embarcar. 

Todos os olhos estavam fixos na dianteira do comboio, local onde os agentes da policia se tinham amontoado. 

Podia notar o pânico e a tristeza estampados na face das pessoas presentes no cais.

Durante longos segundos, todos os que viajavam com ela no comboio, tinham ficado na inquietação de perceber o que afinal ocorria do lado de fora das carruagens.

- Estimados clientes, informamos que devido a incidente na linha com um passageiro, a circulação encontra-se interrompida por tempo indeterminado. Gratos pela compreensão. – relatara uma voz masculina visivelmente perturbada através do sistema sonoro do comboio. – Que as nossas preces estejam com a família desta pobre adolescente!

Esta tinha sido sempre a sua motivação: evitar que a vida da criança terminasse daquela forma abrupta, como a da jovem que se precipitara para a linha do comboio. 

Muitas vezes teria bastado um gesto de consideração, estar mais alerta face aos ténues sinais que iam surgindo, e talvez muitas daquelas vidas pudessem ter sido salvas. 

Geralmente estas almas desesperadas só precisavam de alguém que ouvisse o seu grito mudo por ajuda. 

Também ela já tinha sofrido a rejeição daquele que imaginara ser o seu grande amor e com quem sonhara construir uma vida a dois. 

Quando tudo terminara, tinha pensado que não lhe restava nada e tinha mergulhado pela primeira vez nas águas turvas e incertas da depressão. 

Não sabia se esse era o caso daquela malograda jovem, mas era inevitável sentir empatia com ela e compaixão daquela vida que se tinha perdido.

Acariciou a face da menina, num gesto tranquilizador. Ela queria que a criança soubesse que sempre a teria ao seu lado, que lutaria com todas as forças para que a vida dela nunca ficasse sombria e sem cor. 

No que dependesse dela, a menina preservaria eternamente aquele brilho de curiosidade no olhar. 

De seguida, pegou na mão dela e seguiu todos os passageiros que abandonavam o comboio. 

Uns protestavam a atitude da adolescente, que deitara por terra todos os esforços que tinham despendido para contornarem aquela greve que ninguém entendia.