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A versão dos acontecimentos contada pela mãe foi posta em causa pelo inspetor. A polícia apresentou resultados surpreendentes decorrentes da investigação levada a cabo na casa da criança...
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- MULHER -
Felizmente a viagem de autocarro até à cidade decorrera sem sobressaltos, para além do maçadora e cansativa que já esperava que fosse.
A menina tinha se comportado lindamente, sempre muito curiosa a observar tudo pela janela.
Volta e meia perguntava acerca de onde estavam ou questionava o porquê de algum edifício com uma arquitetura mais peculiar.
A serenidade e sossego com que a menina observara as paisagens mais rurais e montanhosas, contrastara com a empolgação que despoletara nela o urbanismo e o frenesim da capital.
Embora sempre tivesse sido uma mulher citadina, com o passar dos anos e as desilusões da vida, apreciava cada vez mais as paisagens verdejantes que cobriam parte do percurso entre o bairro onde vivia e a capital.
Deliciava-se com as singulares casas de madeira, isoladas na encosta de alguma montanha. Por perto havia sempre um estábulo e uma dezena de vacas que pastavam pacificamente no imenso prado.
Geralmente, era possível ver neve nos pontos mais altos até ao final de cada primavera.
Preenchia-lhe a alma aquele harmonioso contraste entre o céu azul cristalino, o branco imaculado da neve nos picos das serras e o verde refrescante daquele capim, que culminava com o castanho da madeira, dando forma às casas, aos estábulos e às vedações.
Deviam ter se passado uns quantos meses desde a última vez que utilizara o seu apartamento na cidade.
Quando entrou com a criança constatou, sem surpresa, que este precisava de uma limpeza.
Algum pó tinha se acumulado sobre os móveis e já haviam teias de aranha num par de cantos. Era algo que já estava acostumada a fazer, sempre que regressava à cidade.
Precisava apenas de algumas horas para tratar disso e aproveitaria para o fazer enquanto a criança descansasse.
Podia notar que a menina já batalhava contra o sono, o que era perfeitamente natural, levando em conta que ela não tivera ainda um período de qualidade para poder dormir tranquilamente.
Cozinhou uma refeição bastante leve para a criança.
Para a sua confeção, utilizou algumas mercearias que tinha comprado num supermercado no caminho de casa.
De seguida, preparou o quarto para a menina poder dormir uma boa sesta e ficou ao lado dela até adormecer.
Mais uma vez teve de a ajudar a vencer o dogma de que não podia dormir sem que a mãe estivesse por perto.
Continuava a achar aquele temor era desproporcionado e completamente fora de contexto.
A etapa seguinte foi então a faxina. Abriu as cortinas e deixou a claridade iluminar todas as divisões da casa e foi limpando as mobílias uma por uma.
Sacudiu tapetes e carpetes, ao mesmo tempo que punha de lado alguma roupa para ser lavada, mais tarde, na máquina.
Percorria-a uma energia e vitalidade que já não experienciava há muito, apesar de não ter descansado praticamente nada no último dia. Sentia-se mãe e não trocava essa doce sensação por nada.
Retirou da parede alguns quadros que ela própria pintara. Limpou-os com detalhe e delicadeza.
A pintura tinha sido para ela um refúgio e uma terapia que a ajudara a vencer as depressões severas que sofrera no passado. Fora nos pincéis e nas telas em branco que expurgara do seu íntimo as angústias e penas.
Nos meses em que o seu trabalho escasseara, tinham sido aqueles quadros a dar cor aos seus dias e a manter acesa a ténue chama de esperança num futuro melhor.
Por um breve instante sentiu o pânico da ausência de todos esses utensílios que usava no seu hobby e que deixara no bairro, a centenas de quilómetros de distância.
No entanto, logo se acalmou, ao reconhecer que agora possuía um objetivo mais significativo, o de cuidar e educar aquela menina que descansava no quarto do lado.
Deixou escancaradas as grandes portadas que davam para a varanda ensolarada do seu apartamento.
Talvez aquela varanda fosse o que mais apreciava na cidade. Ao contrário da maior parte dos vizinhos, não a enchera de tralhas ou de estendais para a roupa.
Aquele era o seu local zen em plena cidade, onde tinha apenas uma mesa e uma cadeira.
Era ali que aproveitava para ler um livro, quando tinha disposição para isso, ou simplesmente sentir o sol aquecer a sua pele enquanto meditava.
Agradou-lhe aquela brisa que agora percorria a casa e sentiu-se realizada com o trabalho que fizera.
Após verificar que a menina dormia profundamente com satisfação, decidiu ela própria também se recostar no seu quarto.
Afinal bem merecia algum descanso, depois de toda a agitação e adrenalina que sofrera ao longo daquela fuga.
Despertou umas horas depois. Tinha apagado completamente e deixado se dormir muito mais do que inicialmente previra.
Não podia negar o prazer que lhe dera aquele sono revigorante. Deu uma ajeitadela à roupa da cama e saiu do quarto para ir espreitar a menina.
Ao chegar à sala e olhar para a varanda o coração caiu-lhe aos pés de imediato. A menina estava debruçada sobre o varandim da mesma e podia se precipitar dele a qualquer momento.
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Estimados,
(?) O que contém a pasta?
(?) O que irá acontecer à menina?
Capítulo-chave a seguir, com bastantes revelações.
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A Filha Roubada - Completo - ✔
General FictionTodos achavam que a vida duma criança deveria ser um livro aberto, mas agora ela está desaparecida! Uma mãe desesperada que luta contra o remorso, um pai com muito a esconder, uma mulher que enfrenta o dilema da sua vida e uma assistente social pouc...