A Filha Roubada - Completo - ✔

55§ As mães também fogem

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O pai e o padrinho obtiveram o endereço da assistente social e foram até lá para obter explicações... O pai recordou uma noite tão de especial quanto de trágica...

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- MÃE -

Entrou em casa ainda atordoada com o tanto que mudara na sua vida em tão poucos dias. 

A sua história sofrera uma revolução, a qual jamais pudera antecipar. 

Tudo se despoletara a grande velocidade a partir daquela noite, a madrugada em que lhe tinham roubado a filha. 

Desde ser indicada como principal suspeita do presumível homicídio da filha, a descobrir que era a esposa de um gigolô, as emoções tinham invadido o seu quotidiano igual a um tsunami. 

No meio de toda esta devastação, descobrira que estava novamente grávida. 

Acariciou o seu ventre, pensando para si própria: "Que tempo tão oportuno para apareceres!".

De uma forma instintiva, quase como por sobrevivência, dirigiu-se ao pequeno móvel na sala, que servia de mini-bar. 

Pegou na primeira garrafa que lhe veio à mão e foi à procura dum copo.

Mas o que estava a fazer? Estava grávida! Estava grávida! Tinha de repetir isso a si mesma, uma e outra vez. 

Ponderou fazer como nos filmes dramáticos e despejar todas as garrafas de licor, whisky e qualquer outra bebida alcoólica pelo ralo do lava louça ou da sanita. 

No entanto, já lhe tinha chegado as atuações do marido, para representações dignas de uma premiação da academia, reconhecida ao nível internacional. 

Optou por devolver simplesmente a garrafa à sua origem e subir ao andar superior.

No topo das escadas deparou-se com a bifurcação, a necessidade de decidir. 

Para a esquerda tinha o seu quarto, ao passo que na a direção inversa tinha o quarto da sua filha desaparecida. 

Por mais guinadas inesperadas que a sua vida tivesse dado, naquele momento estava novamente à espera de um bebé. 

Tinha a opção de passar uma borracha em tudo e aceitar o marido de volta. 

Seria como um regresso ao passado, apagando os últimos cinco anos da sua vida e, ao lado do esposo, receber de novo um bebé nas suas vidas, como se fosse o primeiro. 

Claro que nada seria como antes! Haviam feridas profundas que levariam muito tempo a sanar, mas por outro lado, poderiam finalmente viver livres do espectro das mentiras e falsidades! 

Conseguiria o marido resistir à tentação de ocultar-lhe um facto aqui e um detalhe ali?

Dirigiu-se ao quarto da filha, rejeitando o regresso à divisão que testemunhara as noites de profunda entrega ao esposo, as horas de solidão a braços com uma menina singular e os sonhos tão mais auspiciosos do que a realidade que conseguira alcançar.