74§ Um sol de inverno

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Enquanto a mãe ainda se tenta recuperar do choque dos últimos acontecimentos, recebe a visita do barman que traz notícias inquietantes...

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- MULHER -

Ali estava, encoberta parcialmente por um dos arbustos que contornavam o perímetro do parque exterior da delegacia. 

Conseguia ver claramente toda a gente que entrava e saía do edifício, ao mesmo tempo que ela esforçava-se por passar despercebida.

A viagem de táxi até ao local tinha sido uma das piores que tivesse memória. Sentira-se observada a cada metro do percurso. 

Embora, como de costume, se tivesse sentado no banco traseiro, para não alimentar qualquer conversa com o condutor, este passara o tempo todo a olhá-la pelo espelho retrovisor.

Para variar, a tês do homem não deixava margem para dúvidas, de que era mais um estrangeiro no país. 

Por que não conseguia ter uma única experiência positiva com eles? 

Será que continuava a descontar a primeira grande ferida do seu passado em cada um dos emigrantes com quem se cruzava? 

Mas que mulher se sentiria segura a ser mirada, a cada instante, por um desconhecido, fechada com ele num táxi?

Para piorar as coisas, ao pararem num dos sinais luminosos, o indivíduo tivera a coragem de pôr-se a escrever uma mensagem no telemóvel. 

Ela mantivera-se calada, evitando qualquer comunicação. 

Mesmo assim, fora toda a viagem ansiosa, temendo que a qualquer momento o homem se desviasse do trajeto indicado e algo de muito terrível acontecesse.

Numa tentativa infantil de se sentir mais segura, pegou também no seu telemóvel e ligou para casa. 

Com todo o frenesim ainda não contactara a babysitter para saber da menina. 

Contudo, o telemóvel chamou e chamou sem obter qualquer resposta. Começava a ficar preocupada com aquele silêncio. 

No entanto, não queria dramatizar ainda mais a situação. Já lhe chegava o medo que estava a sentir dentro daquele táxi. 

Quanto à babysitter, o mais provável era que tivesse saído com a criança à rua, para algum passeio.

Suspirara de alívio, quando o taxista finalmente estacionara ao lado da delegacia. Apressara-se a pagar e a sair da viatura. 

O motorista, mesmo assim, teimara em não arrancar, ficando ali parado sem qualquer motivo aparente. 

Tinha sido preciso ela encará-lo com má cara, à entrada do parque da delegacia, para que o indivíduo finalmente seguisse o seu caminho.

Fora então que buscara um lugar estratégico, que lhe garantisse uma visão privilegiada do ex-marido, caso ele aparecesse. 

Não se podia dizer que fosse uma delegacia muito movimentada. 

Volta e meia vinha algum polícia ao exterior, para fumar um cigarro e desfrutar um pouco do sol de inverno, que raiava naquele dia, sem contudo, aquecer o que fosse. 

Vez por outra, lá entrava um civil na delegacia. Poderia ser alguém em busca dos serviços da polícia ou, simplesmente, algum administrativo que não tivesse que respeitar aquela indumentária. 

Uns vinte minutos depois de estar ali, passara o carteiro, para entregar a correspondência dentro do edifício.

Com o passar do tempo, por diversas vezes pensara em desistir daquela palermice e ir embora. 

Sim, o que queria ela ganhar com aquilo? O que iria mudar ela rever o ex-marido? 

No entanto, por mais que a sua mente a aconselhasse a sair daquela situação incómoda, o seu coração acabava por insistir em que ela ficasse só mais cinco minutos. 

E assim foi ficando cinco, mais outros cinco, seguidos de outros cinco minutos.

Ao fim de quase uma hora de estar ali, ridiculamente ao pé duma árvore, a fingir que enviava alguma mensagem com o telemóvel, caso alguém passasse, viu-o finalmente. 

No primeiro momento em que ele pôs os pés fora da delegacia, reconheceu-o de imediato. Aquela linguagem corporal era-lhe inconfundível. 

Ele saíra com outro agente e tinham ficado alguns momentos a acabarem alguma conversa na escadaria do edifício. 

Ela desfrutava secretamente de cada detalhe que conseguia visualizar do ex-marido. 

Vibrara com o sorriso elegante que ele continuava a ter. Sentira-se tocada por cada gesto explicativo que ele ia articulando na conversa.

Ao vê-lo, naquele momento, só então se apercebera da real falta que ele lhe fizera todos aqueles anos. 

Ele era o homem que tinha entrado delicadamente na sua vida, depois duma primeira paixão que a deixara desfeita, e a quem nunca acreditara vir a amar tão genuinamente. 

Mesmo depois de ter tido um filho com ele e dos anos partilhados em conjunto, acabara por encarar aquele relacionamento mais como uma amizade que lhe sabia bem desfrutar cada dia. 

Quando ele a abandonara, ela obrigara-se a crer que o casamento deles fora para ela apenas um porto seguro, uma espécie de amor fraternal que lhe dera alguma estabilidade emocional.

Contudo, a forma como o seu corpo se rendia agora só ao facto de o voltar a observar, viera-lhe confirmar que aquele homem fora muito mais especial na sua vida do que inicialmente previra. 

Tinha uma vontade incessante de se lançar nos braços dele e de o voltar a beijar.

Finalmente, os homens apertaram as mãos, e o agente voltou para o interior da delegacia. O ex-marido, também fardado, caminhou em direção ao parque. 

Os raios de sol que iluminavam a sua cara, davam-lhe um tom áureo que quase parecia saído dum filme romântico, daqueles que passavam nas tardes de Domingo, na televisão.

Sorrateiramente, e sem lhe pedir autorização, o coração dela arrastou-a para fora da penumbra do arbusto. 

Lentamente ela expôs-se, dando-se a conhecer ao ex-marido, ainda a umas dezenas de metros de distância.

Por fim, ele viu-a! No momento em que os olhos de ambos cruzaram-se, foi como que o corpo dela levitasse. Só conseguia ouvir o barulho ensurdecedor das batidas do seu coração. 

Permaneceram ambos imóveis, fitando o rosto um do outro fixamente, mas sem que qualquer um deles desse mais um passo para encurtar os ditos metros que os separavam.

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Olá a todos,

estamos de volta! Espero que estejam preparados para tudo o que aí vem!

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A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora