31§ Um exército de White Russians

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O inspetor conduziu-nos por todas as teorias que tinha acerca do caso e aportou detalhes sobre futuras linhas de atuação da polícia...

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- MÃE -

– Um White Russian por favor! – pediu com determinação ao barman, enquanto se sentava ao balcão do bar.

O rapaz ainda a olhou duas vezes, antes de se decidir a preparar a bebida que pedira. 

Pegou num copo gelado e colocou gelo para o arrefecer ainda mais. 

Noutro copo, misturou vigorosamente, com os seus músculos definidos, as duas doses de vodka, a colher de creme de leite e o gelo. 

Ela tomava atenção a cada momento daquela simbiose, deixando-se absorver por uma música comercial que tocava no bar. 

Finalmente, o rapaz colocou duas doses de licor de café no copo baixo e, com um coador, foi derramando delicadamente por cima, a mistura de vodka com creme de leite.

Ela sempre achara sensual a forma como aquela bebida era preparada e o rapaz dominava com maestria toda a coreografia da sua confeção. 

Também ela precisava daquele gosto forte e suave no final, que só a vodka lhe proporcionava. 

Depois daquele dia infernal, ansiava por algo que a consolasse com vigor, mas simultaneamente com ternura. 

Queria, por minutos, voltar a ser a menina rica de outrora, em que para cada problema existia uma solução com nome de bebida. 

Necessitava de afogar a culpa, o remorso, a ansiedade e o medo que sentia com o desaparecimento da filha.

Estava completamente só, numa batalha contra o mundo. Naquele momento, nem podia sequer ligar ao marido, para o acusar de tudo, pois este covardemente ficara preso. 

Ele tinha o álibi perfeito para não estar ao seu lado em mais um momento difícil.

Uma nova música começou a tocar no bar, com uma toada melancólica. A cantora falava dum relacionamento que se convertera numa simples fachada. 

Nele ambas as partes trocavam mentiras piedosas entre si, alimentando um amor há muito inexistente. Contudo ambos sabiam que um dia essa situação teria de chegar a um fim. 

Por mais dolorosa e traumática que fosse a separação ambos teriam de sobreviver e seguir adiante.

Ela não podia evitar de pensar no paralelismo entre aquela canção e o seu casamento. 

Em que se tinha convertido aquela paixão desenfreada de anos atrás? Ainda havia chama entre ambos? 

O seu matrimónio parecia um barco à deriva que, com o passar do tempo e embalado pelas correntes marítimas, fora arrastado para longe da zona costeira. 

Agora a verdadeira tempestade tinha se abatido, e era tempo de verificar se a embarcação era robusta o suficiente para sobreviver ao mar revolto do oceano.

Quando deu por si, a música terminara e também o baile com o seu White Russian, o qual tinha desaparecido do copo.

– Outro por favor! – disse para o barman sem hesitar.

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora