37§ A filha perfeita

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O Wattpad por vezes tem comportamentos estranhos. Assim, antes de continuar, certifique-se sempre de que leu o capítulo anterior.

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A assistente social revelou à mulher o que descobriu acerca da criança, tentando a demover a mulher de levar adiante aquela situação...

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- MÃE -

O dia amanhecera incerto, com uns chuviscos que iam e vinham, quando bem lhes apetecia. O céu, esse, permanecia cinzento, fazendo ameaças veladas de a qualquer momento abrir as suas comportas a sério. 

Ela apreciava o cenário da sua marquise, olhando para o parque onde tinha passeado uma vez por outra com a sua menina, geralmente aos fins de semana. 

O calor da caneca de café com leite, que segurava na mão, era o seu único consolo, naquele momento. A sua irmã ainda dormia. Agradecia o facto de ela ter passado ali a noite. 

A sua companhia tinha-a ajudado a suportar as horas de insónia, depois da mãe ter saído.


Basicamente, não trocara mais uma palavra com a mãe, após o comentário rude desta. A distinta senhora também não lhe dera margem para isso, chamando imediatamente a irmã, para regressarem à capital. 

Talvez tivesse sido melhor assim! A mãe ficara com a sua vitória na discussão e evitara-se que a situação descambasse por completo.

Ficara surpreendida com a atitude da irmã, que tivera a audácia, ainda que muito delicadamente e de forma subtil, de recusar a ordem da mãe.

– Penso que seria melhor ficar aqui esta noite com a minha irmã. – dissera-lhe, num tom de sugestão. – Talvez possa a ajudar amanhã com o advogado e agilizar todo o processo.

A mãe ainda fitara a irmã por uns segundos, mas decidira aceder à sugestão da rapariga, ainda que visivelmente contrariada.

– Não te esqueças do teu compromisso de amanhã ao final da tarde, na empresa. – advertiu-a, pegando no casaco e encaminhando-se para a porta. – O teu pai está a contar contigo para a reunião com a equipa de marketing.

Com toda a elegância, saiu do apartamento sem voltar a olhar para a cara da ovelha negra da família: ela!

A noite com a sua irmã girara inevitavelmente à volta das experiências vividas por ambas com a menina.

A irmã visitava-a ocasionalmente, num Sábado ou Domingo, sempre a correr e sem o conhecimento dos pais. 

Nunca havia tempo para grandes conversas e, geralmente, aproveitavam essas alturas para que a irmã saísse um pouco com a sobrinha. 

Ela tirava partido desse sossego para dar um avanço às tarefas domésticas mais exigentes.

– É uma menina tão dócil! – confidenciara a irmã, a dado ponto da noite. – É impossível o nosso coração não se derreter com uma criança assim.

Aqueles elogios faziam-na acreditar que não tinha falhado completamente como mãe. 

Às vezes interrogava-se até que ponto a sua mãe influenciara a mãe que ela se tornara para a menina. Afinal, não é fácil ser-se aquilo que nunca se teve. 

Esforçava-se em dar à filha o mesmo que almejara ter recebido dos seus pais, especialmente a nível emocional. Muitas vezes, isso resumia-se a ser simplesmente a antítese da mãe que tivera.

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora