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A mulher levou a menina ao médico e a situação descontrolou-se. Para agitar mais as coisas, no regresso, a mulher teve uma visita inesperada à sua espera, disposta a mudar o rumo dos acontecimentos...
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- MULHER -
Pediu gentilmente à amiga que subisse com ela até ao apartamento. Podia ver o quanto a assistente social estava perturbada.
Contudo, não podia permitir aquele tipo de abordagem, em plena rua, mesmo à frente da entrada do seu prédio e perante a criança.
Após entrarem em casa, ligou a televisão num canal de desenhos animados, para alegria da menina.
De seguida, foi buscar algo para ela comer. Certamente já deveria estar com fome, uma vez que tinham tomado o pequeno-almoço muito cedo, por causa daquela consulta inútil.
– Querida, está aqui um dos iogurtes que tu tanto adoras! – disse à criança, que já se recostara no sofá, com todo o entusiasmo e os olhos vidrados no ecrã.
Ela ficara por alguns segundos a apreciar a satisfação da menina, a qual ia dando umas colheradas no iogurte, sem se desprender de cada cena da bonecada.
A criança tinha aquele poder sobre ela: o de a fazer perder a noção do tempo e ficar parada, com aquela cara de boba, a desfrutar de cada pequeno gesto, por mais banal, da miúda.
Notou que a cena não passara despercebida à assistente social, a qual, certamente por força do hábito do seu trabalho, prestava atenção a cada detalhe.
– Vamos até ali à cozinha, lá poderemos falar mais tranquilamente! – sugeriu ela à amiga, a qual anuiu com a cabeça.
Começou a passar um chá para ambas, incerta da posição que a assistente social estava a adotar.
Ter-lhe-ia a amiga virado as costas ou era apenas um pavor momentâneo?
– Açúcar? – perguntou à assistente social, enquanto pousava ambas as chávenas de chá na mesa. Perante o acenar negativo dela, decidiu prosseguir com a conversa. – Agradeço que nunca mais tenhas uma abordagem destas na rua e, ainda por cima, com a menina ao pé!
Medira o tom das suas palavras, procurando ser firme, mas sem se tornar agressiva.
Esse fora mais um dos legados que a sua avó deixara-lhe: quando temos de proteger o que é nosso, não podemos demonstrar medo.
– Se tivesses atendido as diversas chamadas que te fiz, isto poderia ter sido evitado. – respondeu-lhe à letra a assistente social. – Recebeste os meus e-mails?
Sabia que a amiga tinha razão.
Desde a última chamada, em que esta revelara-lhe o problema da criança, não tinha voltado a atender os seus telefonemas e, muito menos, devolver qualquer um deles.
Pressentira, nessa altura, a insegurança da amiga acerca do destino da menina ser ao seu lado.
Podia entender a posição da assistente social, mas, naquele momento tão delicado, precisava de estar concentrada na criança.
Ela própria tinha os seus momentos de hesitação, nos quais questionava-se se estava a fazer o correto.
Portanto, não quisera somar às suas inseguranças, os temores da assistente social.
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A Filha Roubada - Completo - ✔
General FictionTodos achavam que a vida duma criança deveria ser um livro aberto, mas agora ela está desaparecida! Uma mãe desesperada que luta contra o remorso, um pai com muito a esconder, uma mulher que enfrenta o dilema da sua vida e uma assistente social pouc...