26§ A bela adormecida

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A mulher iniciou a sua nova vida de mãe. No entanto, uma atitude inesperada da criança converte subitamente o seu sonho num pesadelo...

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- MÃE -

A mãe viu o inspetor finalmente pegar a pasta, sem esboçar uma palavra em resposta aos insultos que tinha recebido.

A cada linha que lia, a cada página que virava, o homem era incapaz de disfarçar o incómodo com o que descobria agora.

Se para ele tudo era novidade, para ela aquela fora a sua realidade diária. Certamente não era a vida de mãe que idealizara para si, no entanto era com ela que tinha de conviver.

No final do dia, eram pais como outros quaisquer, cuja principal preocupação era a felicidade e a proteção da filha.

Aqueles relatórios médicos apenas contavam uma fração do que ela e o marido tinham sofrido durante os últimos anos.

A ansiedade em que viviam a cada instante que se viam obrigados a deixar a filha sozinha em casa.

Eram experiências que não eram tangíveis por aqueles especialistas, cujos pareceres estavam compilados naquela pasta.


Os primeiros sinais tinham sido praticamente impercetíveis. A sua filha era apenas mais uma bebé com sonhos agitados e muito irrequieta durante o sono.

Alguns diriam que era uma criança que demandava bastante atenção dos pais. Mas o que isso tinha de mais? Quantos pais não sofriam problemas semelhantes?

No entanto, com o passar do tempo, vieram as primeiras quedas da cama.

Ocasionalmente acordava sobressaltada com o som da queda da filha no chão. Acudia-a de imediato, receosa de que ela se tivesse magoado seriamente.

Acalmava o choro assustado da sua menina e terminava sempre a pensar para si mesma:

– Não foi nada! Apenas uma queda! Pode acontecer a qualquer um, até mesmo a mim própria que já sou uma mulher!

Assim tinham ido, de queda em queda, de susto em susto por mais alguns meses.

Os episódios sucediam-se de uma forma irregular, podiam se passar semanas sem qualquer incidente e depois, do nada, voltava a acontecer.

A pele sensível da menina teimava em preservar o testemunho dessas quedas durante dias a fio, apesar de a socorrerem prontamente e aplicarem gelo ou o que mais fosse necessário.

– Vou precisar dos contactos destes médicos e especialistas. - disse o investigador. - Conseguem-mos?

– Com certeza! - respondeu-lhe, ficando na incerteza se o polícia a tinha ouvido, já que mergulhara de novo a cabeça na pasta.

Talvez tivessem hesitado demasiado tempo em levar a menina a um médico. Quando ela pensara que era a altura de consultar um especialista, o marido desvalorizara a situação.

Ele acreditava que tudo se resolveria com uma cama um pouco maior, onde a criança se pudesse mexer mais à vontade.

Mas com a transição da filha para o seu próprio quarto, vieram mais incidentes e estes com maior gravidade.

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora