64§ A transviada

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A mulher levou a menina à ópera, mas tudo se complicou quando surgiu uma amiga de família de longa data que parece reconhecer a criança de algum lado...

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- MÃE -

Visitara mais dois locais de culto religioso, ao circular pelas ruas da cidade. Era algo novo para ela, esta súbita atração por casas deste tipo. 

No entanto, desde que regressara à capital, aproveitara as raras vezes em que se dispusera a sair à rua para entrar nestes edifícios sagrados. 

Quando estava lá dentro parecia absorver um pouco da paz e da harmonia que estes lhe transmitiam.

As imponentes naves forradas num mármore gélido contrastavam com as centenas de velas que iam sendo consumidas lentamente pela chama que iluminava cada uma das pequenas capelas inseridas no interior da catedral. 

As histórias brevemente escritas ao pé de cada mártir davam-lhe alento para continuar e persistir na procura da sua filha.

Acabava sempre por se sentar num dos bancos da casa de adoração e fazer preces de coração aberto a essa entidade superior, com a qual nunca se preocupara muito ao longo da vida. 

De certa forma, sentia-se acompanhada pela meia dúzia de fiéis que encontrava lá, diante do altar, a rezar. 

Ela fazia os pedidos com as suas próprias palavras, pois não se recordava de nenhuma daquelas orações que costumavam ser repetidas pelos crentes.

Claro que implorava para que a sua filha fosse encontrada e a voltasse a ter nos seus braços. 

Solicitava o perdão por não ter sido a melhor mãe para criança, pela pouca paciência que demonstrara para entender as limitações e os distúrbios da sua menina. 

Por vezes, abdicava até mesmo do direito de voltar a ver a filha, conquanto ela estivesse bem. 

Não esquecia a nova vida que se formava dentro dela, indagando por orientação divina na educação dessa criança.


Ao caminhar mais umas centenas de metros sem destino, apercebeu-se daquele teatro tão discreto, quanto icónico, para a capital. 

O edifício encontrava-se embutido na correnteza de tantos outros, que atualmente podiam ser cafés, hotéis ou apartamentos de residência permanente. 

Viu um casal de meia idade, aperaltado a preceito, subir apressadamente as escadas degastadas do teatro. 

Todo aquele cenário corroborava, mais uma vez, a sua tese de que aquela cidade, bem como os habitantes dela, ainda vivia emergida nas velhas glórias do que ela representara num passado remoto.

O nome da ópera em cartaz não lhe era estranho e resultava-lhe de alguma forma apelativo ou familiar. 

Nunca assistira a uma ópera anteriormente, apesar da insistência da sua mãe em diversas ocasiões. 

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora