93§ A mesma história, um guião diferente

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A filha não poupou verdades há muito enterradas no passado e pôs todos os segredos a descoberto, num discurso que não deixará a vida de ninguém indiferente...

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– Mãe -

Conduz mecanicamente o carro pela autoestrada. Naquele momento, não quer pensar em mais nada para além do trânsito que tem diante de si.  

Basta-lhe com cumprir quilómetros a fio, sem um destino definido. 

Necessita de algo que lhe desvie a atenção da dor, da revolta e principalmente do desgosto de ter vivido numa mentira infindável todos aqueles anos.


O discurso da filha fora dilacerante para si, a cada linha dele. Recebera a primeira bofetada com a presença da ama no palco, no apoio à rapariga. 

Sabia que, em primeira instância, a culpa podia ser dela, por ter-se escusado a comparecer. Porém, não se sentia confortável com as ideologias que a filha tinha adotado. 

Embora não fosse grande entusiasta de assuntos políticos, olhava com reservas toda aquela oposição a pessoas de outras nacionalidades. 

Ainda assim, por respeito à filha, preferira ser comedida no seu descontentamento, ao contrário do resto da família.

Não conseguia aceitar que tivesse sido substituída prontamente pela babá, no palco! 

Por fim, quando a filha assumira publicamente que via a ama como uma mãe, pensara que a sua humilhação estava completa. Contudo não podia estar mais enganada!

Com a revelação de que aquela mulher fora a sequestradora, ela levantara-se para abandonar a sala. Não queria mais explicações, não as necessitava.

– Sabias disto, pai? – questionara a filha mais nova.

A culpa estampada no rosto do marido, fora por demais evidente. Afinal, o juramento feito há mais de trinta anos, não passara de um ato em vão. 

Onde estava aquela promessa de nunca mais existirem segredos entre eles? A filha abraçara-a e convencera-a a ficar na sala.

– Mãe, agora assistimos até ao fim! – disse-lhe com determinação. – Temos de ver até onde a mana vai levar este discurso.

O desespero do marido, cobrindo o próprio rosto com as mãos, deixou-lhe claro que as revelações estavam longe de ter terminado. 

Sentou-se com a filha, completamente trémula. Ele sequer se atreveu a olhá-la novamente.

Nem nos seus maiores pesadelos poderia ter imaginado a hecatombe que a sua primogénita ainda tinha guardada para si. Como podia ter estado tão cega durante toda uma vida? 

Seria possível ter-se casado com um homicida, um cobarde? O que tinha na cabeça quando escolhera aquele homem para ser o pai das suas filhas?

Afinal, o espancamento a que este submetera o indivíduo que a tentara violar, décadas atrás, não fora a sua primeira incursão pelo mundo do crime. 

Se naquela altura, o criminoso ficara entre a vida e a morte, o garoto atropelado por ele acabara mesmo por falecer.


A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora