30§ Ponderando todos os cenários

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O Wattpad por vezes tem comportamentos estranhos. Assim, antes de continuar, certifique-se sempre de que leu o capítulo anterior.

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O questionário do inspetor tomou proporções insuportáveis para o pai, que não mediu as suas ações... Uma testemunha, com que ninguém contava, foi chamada e o que ela relatou veio ainda levantar mais suspeitas... 

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- INSPETOR -

Haviam dias assim! Dias difíceis desde o início até ao fim! Dias em que só desejava chegar a casa, encostar a cabeça na almofada e esquecer-se do mundo durante aquelas oito horas.

No entanto, aquele Sábado ainda estava para durar. Ali continuava ele, agora na sua sala, rodeado de papelada, a inteirar-se de toda a informação que lhe chegara e não tivera tempo para a dissecar na delegacia. 

Ainda havia quem tivesse a lata de dizer que a vida de inspetor de polícia era fácil.

A mulher dele já nem se dava ao trabalho de o esperar levantada. 

Há muito que deixara de contar com ele para o que quer que fosse: buscar os filhos na escola, ir a um jantar de família ou ajudá-la nas compras. 

No início de casados tudo fora tão diferente! 

Sempre que chegava a casa, lá estava ela radiante e cheia de expectativa para saber como tinha sido o dia dele e tentar aproveitar um pouco da sua fugaz companhia. 

Com o tempo, passara a exigir que ele fosse mais marido e pai do que polícia, contudo ele nunca fora capaz de corrigir essa situação. 

Os conselhos dela converteram-se em debates, os quais não tardaram a transformar-se em discussões. 

Por fim, ela optara por se conformar com a situação e brindar-lhe com toda a indiferença que advém de um casamento longo em que não existe tempo para namoros e passeios em família.

Agora, quando chegava a casa, tinha o jantar num tacho, que a maior parte das vezes tinha de voltar a aquecer. 

Era pai de dois filhos, ela uma adolescente e ele um miúdo que devia andar na quarta classe, se não estava enganado. 

Via a rapariga mais vezes, especialmente quando ela regressava de madrugada a casa, vinda de uma discoteca qualquer. 

Geralmente despertava do seu sono no sofá com o por das chaves dela à porta. Podia ver a frustração da rapariga ao ser flagrada pelo pai ali na sala. 

Ela acelerava de imediato o passo em direção ao seu quarto evitando qualquer sermão que o pai-polícia lhe fosse dar. 

Não entendia como a mulher permitia que a filha fizesse aquela vida, mas já desistira de a confrontar com isso, pois era mais uma briga certa. 

O rapaz ainda não chegara a essa idade, mas não devia tardar muito.

Antes de sair da delegacia, imprimira toda a documentação que a assistente social lhe enviara acerca daquela família. 

Reunira tudo num dossier, juntamente com a pasta que a mãe da menina lhe trouxera e com alguns detalhes sobre sonambulismo, que pedira a uma colega que pesquisasse na internet.

Tinha sido um Sábado duro para toda a equipa que, como sempre, dera tudo de si, não olhando a se era fim de semana. 

Os seus homens tinham varrido o apartamento da criança de cima abaixo, analisado detalhadamente qualquer evidência que pudesse conduzir à criança. 

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora