9§ Uma angústia insuportável

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< Capítulo anterior: 8§ Momentos de terror

Um evento dramático que pôs em causa a vida da menina e dela foi apresentado como o catalizador da atitude drástica da mulher de fugir com a menina... Quando a fuga parecia estar condenada ao fracasso outra tragédia veio mudar o rumo dos acontecimentos... No entanto, a mulher e a criança continuam na iminência de serem apanhadas...

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- MÃE -

Como tinham deixado escapar a menina mesmo à frente dos olhos deles? 

Negava-se a aceitar como a polícia tinha perdido o rasto à sequestradora e à sua filha. 

A cada minuto que passava, ia aumentando o seu receio de nunca mais a voltar a recuperar. 

Tinha facultado os seus dados pessoais e explicado toda a situação com a clareza que lhe era possível. 

Os polícias ali presentes com ela, na estação de onde a mulher tinha partido com a criança, pareciam confusos com os procedimentos a tomar. 

Um deles, o novato, tinha sido incumbido de a levar para casa.


Sentia uma angústia no seu peito só comparável à que a assolara semanas antes aquando do atentado no seu bairro. 

Nessa tarde, estava concentrada a despachar o seu trabalho para sair a horas, quando um dos colegas a alarmara com aquela questão.

– Isto não é o teu bairro? – perguntara-lhe mostrando a notícia de última hora no telemóvel. – Parece que houve alguém que se fez explodir em plena praça.

Não era uma praça, mas sim um parque. Era o parque que via todos os dias a partir da marquise do seu apartamento. 

O seu coração soluçara repentinamente, como que a avisando de que a filha podia não estar em casa, mas sim naquele maldito parque. 

Deixara tudo de imediato e o seu colega apressara-se a dar-lhe boleia até ao sítio da tragédia. 

Quando chegou, havia uma enorme agitação em redor do seu prédio: imensas pessoas, várias ambulâncias e uns quantos polícias. 

Carregou insistentemente no botão do elevador, o qual a podia levar rapidamente até ao último andar, onde morava. 

Tal como suspeitara, a criança não estava em casa. No entanto, daquela vez tinha claro onde a devia procurar, só não sabia se a encontraria viva ou morta.

Com a ajuda do colega, que a tinha esperado gentilmente na porta do prédio, ainda conseguira furar o perímetro de segurança montado pela polícia em torno da cena do crime. 

Correra desesperadamente de ambulância em ambulância em busca da sua filha, mas não a encontrara. 

Tivera que penar até descobrir a menina, em prantos, ao lado de um agente da polícia e claro, da dita assistente social que teimava em rondar o bairro.

– Esta menina é a sua filha? – perguntara o agente policial, perante o abraço desesperado da mãe à menina. – Encontrámo-la aqui perdida no meio da confusão, tal como algumas outras crianças.

Ainda mal conseguia respirar. Só queria abraçar o seu tesouro mais querido.

– Sim! Tinha-a deixado aqui no parque, só por uns minutos, para ir fazer umas compras ao supermercado. – improvisara, perante o olhar clínico da assistente social. Focara-se logo de seguida na filha. – Está tudo bem contigo amor? Magoaste-te em algum sítio?

– Já veio um enfermeiro analisá-la e está tudo bem com ela. – dissera secamente a assistente social. – A criança está em choque, o que é compreensível, especialmente quando não tinha sequer a mãe por perto.

Não conseguia entender a implicância daquela mulher consigo e muito menos como ela se materializara ali.

– Leve a sua filha daqui então! – ordenara em seguida o polícia. – Isto não é um lugar adequado para crianças da idade dela.

Acatara de imediato as ordens do polícia para abandonar o local. 

Contudo a assistente social ainda a seguira uns passos, advertindo-a de que a visitaria em breve, para saber do estado da criança. 

Optara por ignorá-la e levar a sua filha daquele cenário desolador, testemunha duma tragédia desumana a todos os níveis.

***

Estava de volta ao bairro onde tudo acontecera, agora dentro de uma viatura da polícia. 

Sentia-se angustiada ao pensar em tantas semelhanças que ambas situações comungavam ao nível do medo e do terror que provocavam dentro de si. 

Interrogava-se como tinha sido capaz de deixar novamente a menina sozinha depois do atentado. 

A resposta era simples: não tinha tido outra alternativa senão confiar que uma criança de cinco anos se ia comportar bem e que não voltaria a desobedecer às instruções da mãe.

– Os colegas da perícia devem estar a chegar a qualquer momento. – comentara o polícia. – Até lá vou-lhe pedir que não entre em casa. A cena do crime deve estar contaminada o menos possível, para que os meus colegas possam ter sucesso no seu trabalho de encontrar alguma pista de quem fez isto.

"Tarde demais" - pensara ela. 

Tinha revolvido a casa várias vezes naquela noite, em busca das tão almejadas pistas, que indicassem o paradeiro da menina ou revelassem algo acerca da sequestradora. 

Tocara, arrastara, remexera tudo! No entanto preferiu guardar silêncio perante o polícia, apenas anuindo com a cabeça.

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora