20§ Banida pelo amor

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A assistente social deu a conhecer que o seu código ético profissional poderá ser bastante questionável. A sua chamada de urgência à delegacia para falar com o inspetor poderá significar que está em apuros...

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- ASSISTENTE SOCIAL -

Procurara ser muito cautelosa nas respostas às questões do inspetor. 

O homem precisava de toda a informação que ela, a assistente social que abrira o processo, tivesse acerca da menina. 

Embora o tempo fosse escasso, o inspetor queria reunir todos os factos a que tivesse acesso, para posteriormente os cruzar com as declarações que pretendia recolher dos pais.

Ela colara-se ao guião que já tinha memorizado, antecipando uma situação destas.

– O caso foi aberto na sequência de uma denúncia anónima que recebi. – explicara ao inspetor. – Como assistente social, segui todos os procedimentos a que somos obrigadas. Fiz todas as diligências ao meu alcance para averiguar o sucedido.

– Que providências tomou na sequência dessa queixa?

Referiu-lhe as visitas a casa da família da menina. Estava segura de que os pais acabariam por as relatar nas suas declarações mais tarde. 

Mencionou também que aparecera no jardim-escola, onde a menina estava inscrita, e reunira-se com a educadora de infância dela.

– Ela confessou-me desde logo os receios que tinha face ao ambiente familiar da menina! – enfatizara assertivamente ao inspetor. – Achava muito estranho o isolamento da criança em relação aos colegas. Daí, a encontrar sinais de maus tratos no corpo da criança, foi um passo.

Se queria livrar-se da atenção do inspetor, este era o caminho a seguir. Insistir na vilania dos pais, reforçando o cenário que, quer ela quer o inspetor, tinham visto algumas horas atrás no apartamento. 

Aprendera algumas destas dicas com as cadeiras de psicologia que frequentara na universidade. 

Os seus professores tinham referido que uma maneira eficaz de atenuar situações de opressão era ganhar a empatia da pessoa ao comando. 

Neste momento, o inspetor era essa pessoa e ela era o alvo da pressão. Por isso vitimizara-se, demonstrando que tinha sido profissional em todos os seus atos. 

De seguida esforçara-se por nadar para águas seguras, desviando a atenção do inspetor para outros focos: os pais perversos, a educadora do jardim-escola que não tinha cumprido com o seu dever cívico e assim por diante.

– Podia me dar os dados dessa educadora e do jardim-escola? – pedira num tom de ordem o inspetor.

Disponibilizara-se prontamente para o fazer. Logo que chegasse ao escritório, consultaria a pasta do processo e enviar-lhe-ia esses dados.

– Faça isso e mande-me toda a informação que tenha acerca deste caso. Além disso, preciso de uma relação de todas as pessoas que tenha notado que mantinham contacto com a criança. – enumerara o inspetor. – Sabemos que outros familiares a menina tem e onde moram?

– Ao que apurei, o pai é emigrante e não tem cá nenhuma família! – respondera ela à questão, ignorando deliberadamente o inventário dos conhecidos da menina que ele pedira. – Já a mãe, parece que vem da capital e que a família dela continua toda lá para essas bandas.

A Filha Roubada - Completo - ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora