A Escuridão Pertence a Nós - Contos Charlotte e Serafim

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Boa Leitura

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—Toma coloque isso. —Disse Charlotte sob a moto prateada que havia pegado emprestada de seu tutor sem que ele soubesse, não era a primeira vez que ela fazia isso sem seu consentimento.

Em um fim de tarde de um sábado, onde os últimos raios de sol pouco a pouco eram devorados pela escuridão faminta da noite. Charlotte e Serafim escondidas de todos se encontravam em uma praça próxima da escola, para assim escreverem outro capítulo de seu conturbado destino.

—Seu pai não vai achar ruim você ter pegado a moto dele escondida? —Perguntou Serafim recosa

—Ele não é meu pai, então não precisa se preocupar com isso. E pelo o que eu saiba, eu não sou a única fazendo algo que não deve por aqui. —Charlotte sorriu maliciosamente, constrangendo Serafim e a fazendo se lembrar dos riscos que estava correndo, mas ainda assim não sentia arrependimento nenhum. —Pensa rápido.

Charlotte jogou o capacete para Serafim que quase o deixou cair por conta do nervosismo, afinal nunca havia andado de moto, pois havia passado a vida na mansão estudando magia, saindo poucas vezes junto com o clã para que pudesse estudar mais e treinar seu poder, para que um dia não envergonhasse mais seu pai. Contudo sempre achou a tecnologia humana fascinante, eram inteligentes e criativos ao ponto de criarem qualquer coisa que quisessem juntando vários pedaços de plástico ou metal com alguns fios de cobre e baterias. Para Serafim a tecnologia humana era quase como se fosse algum tipo de magia, era uma pena que seu pai não visse da mesma forma, para ele a tecnologia humana matava a magia pouco a pouco, e que assim um dia não restaria mais nenhuma gota, acabando tanto com os feiticeiros quanto com os outros filhos da magia; algo que seu pai Adonis se preparava para impedir.

Serafim agarrou com força a cintura de Charlotte, deixando seus corpos bem próximos, ficando mais calma assim conforme sentia o cheiro daquela que amava. Porém isso acabou quando a moto ligou e passaram a correr bem próximos dos carros, por onde Charlotte ia cortando aqueles à sua frente, recebendo várias buzinas de repreensão daqueles que ficavam para trás, fazendo Serafim achar que iriam bater a qualquer momento, mas a motorista sabia o que estava fazendo, deslizando com maestria sob o asfalto a cada curva ou reta fechada. Logo não estavam mais na avenida principal, deixando o conturbado centro urbano em pleno a hora do rush para trás, agora tinham a rua emoldurada por grandes arvores apenas para elas, vez ou outra algum carro ou moto passava por elas, fazendo Serafim voltar a se acalmar, deixando a sensação de perigo para trás, aos poucos ia se acostumando com a moto e sua exposição.

Não haviam mais rastros da luz do sol, derrotados pela escuridão da noite, no entanto mesmo que tivesse vencido essa batalha árdua, a escuridão não reinava em absoluto, pois a luz dos postes e dos faróis da moto iluminavam o caminho, passando rapidamente por elas como clarões embaçados.

Aos poucos conforme se sentia mais confortável sob a tecnologia criada pelos humanos, Serafim não sentia mais medo da moto, muito pelo contrário, sentir o vento forte chicoteando suas roupas e pele, lhe passava uma sensação de liberdade, quase como se estivesse voando. Já havia sentido algo parecido uma vez, quando seu pai a lançara de um portal a vários metros de altura, mas se lembrava apenas da sensação de cair e da adrenalina criada pelo medo da morte, mas agora era diferente, não estava caindo e tinha Charlotte consigo e por isso outra vez sentia que podia fazer qualquer coisa, inclusive voar.

Contos - O Corvo e o LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora