Boa Leitura 📚🤳
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Inglaterra Vitoriana - 1880
Por mais que nosso destino na maior parte das vezes estejam ligados a nossas próprias escolhas, as pessoas ao nosso redor influenciam em muito. Isso se torna ainda mais grave quando se trata de uma pequena e ingênua criança, ainda incapaz de distinguir as diferenças do bem e do mal, do certo e do errado, conhecendo apenas aquilo que lhe e ensinado. Sendo que sua ingenuidade pode ser facilmente manipulada. Assim o destino de Arina desde de cedo não pode ser escrito por ela, a pena e a tinta foram arrancadas de suas pequenas mãos e entregues ao Acaso.
Como uma criança meu irmão não sabe distinguir a maldade da bondade, para ele são apenas lados de uma única moeda, resta apenas saber qual dos dois lados irá cair, decidindo assim o destino daqueles em suas mãos. Sua aleatóriedade é assombrosa, algo que nem mesmo eu sou capaz de intervir, sempre se aproveitando dos meus furos de enredo para agir. Sendo que seus principais alvos são crianças, talvez por se identificar com elas, ou simplesmente porque histórias no início possuem mais páginas em branco.
E foi dessa forma que s história de Arina começou, com um choro seco e assustado, tentando ainda entender o turbilhão de luzes e sons que se abriam diante dela. Tudo antes era tão calmo e quentinho, agora estava frio e turbulento, queria voltar para dentro; talvez ali já tivesse percebido o quão cruel o mundo podia ser.
Sua mãe a havia tido sozinha em uma banheira com água quente, cortado o cordão umbilical que unia as duas com a mesma tesoura suja de terra que ela usava para podar as roseiras que cresciam no jardim. Lavou-se rapidamente de todo o sangue fazendo o mesmo com sua pequena filha, por fim beijando testa rosada e enrugada. Cobriu o bebê com uma manta que ela mesma havia costurado e a colocou em uma cesta feita de galhos retorcidos, coberta por pétalas macias de rosas vermelhas, para que sua filha pudesse descansar de forma confortável.
-Durma minha bebê e leve está rosa consigo. Infelizmente o destino veio a nos separar, porém por mais longe que estivermos e que nesta vida eu não mais me encontre, sempre irei lhe proteger. Essa rosa será a prova da minha promessa, jamais irá murchar ou morrer, pois com você eu estarei.
A mulher colocou na cesta uma intensa rosa vermelha sem espinhos, que a bebê tranquilamente abraçou. Segurando logo em seguida o dedo indicador de sua mãe com sua mãozinha inchada, impedindo que ela se afastasse. Aquilo apenas tornou a despedida ainda mais dolorosa, no entanto nem mesmo tempo para chorar a mulher teve, pois sabia pelas luzes intensas que se aproximavam pela floresta iluminando a escuridão da noite, que eles estavam chegando.
Como já devem saber a essa altura, o que acontecia não era exatamente minha culpa, muitos outros fatores levariam as acontecimentos que se seguiriam. Porém se não tivesse escrito aquela triste cena de despedida, a história de Arina teria terminado tão rápido quanto havia começado.
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Contos - O Corvo e o Lobo
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