Patricida - Contos Serafim

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O que são anchovas no céu? (Vamos ver quem tá manjando das referências)

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O mundo de Serafim perdia a cor conforme ela observava em câmera lenta Charlotte ir embora, deixando-a para trás em meio a todo aquele sangue seco. Seu coração sangrava dentro de seu peito, porém nem uma lágrima saia mais de seus olhos esmeraldas, talvez já tivessem secado depois de todo o horror do qual ao qual foi submetida.

Ela permaneceu ali em estado de choque por um longo tempo, sendo que para ela parecia ser muito mais do que realmente era; se recusando a aceitar sua própria realidade, tremendo em meio ao desespero e a ansiedade silenciosas.

O cheiro do sangue e dos corpos secos em meio da floresta, começava a atrair a atenção de insetos que invadiam a casa de madeira, sendo eles agora a sugarem o sangue de Serafim em meio a picadas das quais ela não se importava.

Conforme voltava a si, concentrando-se em sua própria respiração, ela passou a observar a exposição artística que ela mesma criará sem ter consciência disso, por mais que soubesse o quanto abominável era tudo aquilo, não deixava de achar belo a forma com que os cadáveres haviam sido pendurados pelos espinhos, se tornando parte da natureza, conforme rosas saiam de seus olhos e boca. Que infeliz ironia, ela pensou, ao constatar que pessoas tão cruéis geravam rosas tão belas.

Na mesma hora uma lembrança recente e cruel ecoou em sua mente, na voz enraivecida daquela que ainda amava, o que tornava tudo ainda mais doloroso.

"MONSTRO! BRUXA!"

Com essas palavras ecoando em sua mente ela passou a olhar toda a arte a sua volta com outros olhos. Sem dúvidas apenas um monstro série capaz de fazer tamanha monstruosidade, ela era esse monstro e passava a aceitar a forma que foi nomeada.

Havia matado cinco humanos, era uma assassina, seu pai com certeza ficaria orgulhoso dela como nunca antes havia ficado, porém ela não se orgulhava disso, sentia vergonha, com um embrulho no estômago. Naquele momento seus sentimentos eram tão confusos quanto seus pensamentos, estava perdida em sua própria confusão. Com apenas um toque em falso o dia que considerava que seria o melhor da sua vida, foi transformado no pior de todos, sendo que já havia passado por muitos outros dias ruins, em qual seu pai estava em todos.

Tais lembranças fizeram com que ela se recorda-se de algo muito importante que havia esquecido em meio de todo aquele caos. Seu pai, com certeza já havia passado da uma hora de tempo limite que seu irmão a tinha alertado, nem mesmo Sebastian o filho favorita e cão de guarda de Adonis, seria capaz de enrolar seu pai por tanto tempo para proteger sua querida irmã. Era o que pensava erroneamente.

Um longo pesadelo parecia ter acabado, apenas para que outro viesse e tomasse seu lugar.

-Sebastian...... -Susurrou Serafim para si mesma enquanto se levantava com o corpo ainda mole e enfraquecido.

Precisava pensar em Sebastian agora, seu irmão gentil que fizera o máximo que podia para ajudá-la a rever sua amada, provavelmente estava agora sozinho enfrentando as consequências por tê-la ajudado; sabia que seu pai não permitiria que outra traição fosse ignorada, sabia também o quão cruel ele podia ser.

Serafim conjurou um feitiço de teletransporte, onde uma grande rosa esmeralda cintilava dentro de um círculo mágico, atravessando logo em seguida enquanto deixava para trás a tenebrosa cena de crime que seria abafada pela Ordem e suas vítimas simplesmente dadas como desaparecidas.

Como o feitiço de seu pai Adonis ainda estava ativo ao redor da mansão, Serafim foi impossibilitada de se teleportar diretamente para sua casa, aparecendo a alguns metros de distância em meio a floresta de mata fechada que ocultava a mansão dos feiticeiros.

Contos - O Corvo e o LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora