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Yan

Por mais que eu tentasse abrir os olhos, por mais que eu tentasse me mexer e não conseguia.. nada em meu corpo respondia as minhas vontades.

— Oi... — Ouvi a voz doce que me fez querer sorrir.

Me senti um lixo por simplesmente não poder dizer o mesmo a ela.

— Não sabe o quanto está doendo... Ver você aí, deitado.. onde está seu sorriso Yan... —ouvi sua voz falhar.

Um soluço saiu involuntário dela.

— Não sabe o quanto eu sinto sua falta... Por favor, por.. favor. Você precisa acordar. Eu já não aguento mais, te ver e não poder sentir a emoção que seus olhos me passam.

Por favor.. não deixa de falar nunca.

— Yan... Eu amo tanto você... — sua voz faltou e ouvi seus soluços...

Eu amo você... Respondi quase gritando, em meus pensamentos.

— Por favor Yan... Você tem que voltar. Não me deixa aqui... Não me deixa aqui sozinha, eu só... Preciso de você ao meu lado.. eu... Eu não quero te perder... — ela disse entre soluços.

Senti sua mão tocar a minha.. tão suave e fininha..

— Patrick precisa de você... Você tem que voltar pela gente. Não nos deixa por favor. — senti ela soltar a mão de leve.. — eu.. preciso ir agora, fica bem amor.. fica bem logo... Eu volto amanhã... Te amo... - ela disse por fim.

Senti meus lábios formigando​.. ela me beijou...

Senti seu cheiro doce e delicado.. ela estava indo..

Não volta.. por favor.. só preciso ouvir tua voz.

Minha mão começou a formigar.. senti uma pressão na minha mão...

Não era um toque.. eu.. consegui mexer minha mão. De leve mas consegui, juntei todas as minhas forças e tentei mexer os pés...

Eu consegui..

Joe 🌻

— Você? — perguntei chocada, como era possível? O que ela estava fazendo aqui?

— Eu? Eu... Preciso ir. — ela passou por mim quase como um furacão.

— Espera. — eu disse mas já era tarde ela saiu da sala apressada com passos rápidos e o rosto molhado.

Entrei no quarto e me choquei com a cena. Eu estava ali por todos, pelo Adam que não podia se quer entrar no hospital, e pelo Patrick que ainda era muito pequeno para tudo isso.

— Yan? — olhei estranho.

Ou ele estava tendo algum tipo de espasmos​ ou ele estava se mexendo.

Seu pé estava balançando assim como a sua mão. Estranhei mas continuei ali olhando.

Dei um passo a frente e passei a mão na sua testa para checar a temperatura. Ele estava suando.

— Yan... O que tá acontecendo? — me perguntei olhando para ele.

Seus braços começaram a tremer e o monitor que mostrava os batimentos cardíacos começaram a apitar..

— O que? Yan.. — toquei seu braço e estava gelado. — Meu Deus.. Yan...

Chamei mesmo sabendo que ele não podia responder..

Ele começou a tremer mais ainda e o Bip ficou ainda mais forte.. os números estavam caindo.

— Socorro.. — gritei... — me ajuda.. alguém me ajuda. Por favor. — sai do quarto com lágrimas nos meus olhos.

Meu corpo estava tremendo também, eu estava ficando muito nervosa.

— Alguém me ajuda.. alguma coisa está acontecendo com ele. — As enfermeiras entraram no quarto.

— Chama o médico... Doutor Martin. — uma delas falaram e eu me desesperei.

— Você precisa sair daqui. — a outra enfermeira disse..

— Rápido estamos perdendo ele. — gritou.

Ouvi ele dar um salto da cama e cair com os olhos abertos ainda deitado nela.

— Letícia...—  a última coisa que ouvi de sua boca antes que me tirassem a força de dentro do quarto.

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