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Adam 🍻

Meu filho.. ali, no caixão. Meu pai... Logo ele, tão pequeno e inofensivo, incapaz.

Metade de mim foi praticamente pisoteada, massacrada. Eu não era mais ninguém, estava me sentindo um lixo um babaca por não ter feito nada para impedir a morte do meu próprio filho.

— Tô aqui para o que der e vier irmão. — Yan falou enquanto eu passava a mão na cabeça desnorteado.

Joe tava no chão gritando, seu corpo estava vermelho por conta da agitação.

E eu só conseguia pensar o quão forte era a dor que eu estava sentindo.

Como se eu estivesse caindo de um penhasco e não tivesse chão a baixo de mim. A pior sensação que alguém poderia ter, é perder um filho.

— Joe.. —  caí ao lado dela de joelhos segurando seu braço.

— Meu filho... — ela disse chorando.

Puxei ela nos meus braços e choramos juntos caídos no chão. Não tinha como ser diferente, a vida que eu nem havia conhecido mas amava mais do que a mim mesmo tinha se ido.

— Meu filho.. meu pequeno. — eu disse entre soluços abraçado a Joe...

— Meu filho... Porque? — Joe disse com a cabeça enterrada em meu pescoço.

A favela tava triste, o luto foi geral. Um dos meus Herdeiros se foi, por causa natural. Não havia felicidade, mas a paz era constante, interrompida apenas pelo choro dos presentes.

— Precisamos.. — o coveiro disse olhando Yan.

Meu peito rasgou e as lágrimas que banhavam meu rosto pegaram fogo.

— Não.. meu filho...— joe disse e eu apertei ela a mim chorando tão alto quanto ela.

Assenti para o coveiro depois de longos minutos e mesmo assim contra gosto e começou a tortura.

Não queria dizer adeus, ele era a minha vida e estava indo embora. Nunca se quer pude dizer que amava ele, nunca se quer tive a oportunidade de dizer o quanto ele era importante pra mim, o quanto eu queria estar com ele em todos os momentos da vida dele.

Miguel levou com ele parte do meu coração, ele se foi e mesmo que eu não quisesse não havia mais o que fazer, eu perdi meu filho e foi a pior coisa que já vi acontecer e já senti.

Cada pá de terra que ele jogava sobre o caixão, era uma faca enterrada no nosso peito.

— Vai com Deus meu menininho. — eu disse tentando segurar Joe que se debatia.

— Migueeel. — ela gritou antes de desfalecer em meu braço.

— Joe? Joene? Acorda por favor. — eu pedi chorando. — acorda.— solucei.— me ajuda aqui.— gritei..

— Me dá ela. — Yan falou e André ajudou a levantar ela a colocaram num carro.

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