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Dois dias depois

Foi difícil, hoje eu recebi alta com o Matteo e não estava nada feliz por ir para casa com apenas um de meus meninos.

Hoje também o corpo de meu filho seria liberado para ser velado.

Chegamos em casa logo depois, tomei um banho gelado enquanto pensava o porque disso tudo ter acontecido, porque eu tinha que ter perdido meu menino.

As lágrimas se misturavam junto com a água que caia do chuveiro.

Me vesti e deitei na cama, nesses dois dias não comi nada. Pouca coisa, a fome não vinha e nem a vontade.

(...)

Não.. eu não sabia como eu estava conseguindo ficar de pé. A dor era tão grande no meu peito, que tinha dificuldade de respirar.

— Tá na hora.. — Adam chegou na porta falando.

Assenti olhando o nada..

Beijei a cabeça do meu pequeno Matteo que dormia tranquilamente no pequeno berço.

Porque isso foi acontecer?

Saí do quarto dele me escorando nas paredes, era claro que eu não estava me alimentando bem. Mas não tinha vontade alguma de comer, nada mais fazia sentido como antes.

Desci as escadas e encontrei com Adam e Yan a minha espera.

Me segurei ao braço de Adam e fomos andando até o carro. Não consegui arrumar nada direito, mas Cris me ajudou com as coisas do enterro.

Só de falar isso já dava um aperto no coração.. mais do que já estava apertado. 

Entramos no carro e fomos direto para o cemitério.

Não tinha muita gente ali, e eu agradeci por isso. Não queria falar com ninguém.

Não tava conseguindo nem sentir as coisas direito.
A cerimônia começou e minhas lágrimas tornaram a se fazer presentes em meu rosto.

— Para tudo a um propósito, hoje estamos aqui reunidos para dizer adeus a uma vida que não teve tempo de dizer olá. Não teve tempo se quer de abrir os olhos.. vidas são tiradas o tempo todo de nós, e nem assim somos capazes de aceitar quando alguém é levado. Principalmente alguém tão pequeno quanto o Miguel. Jamais esquecido no coração dos presentes, mas sim amado mesmo que não em vida.— o pastor ia dizendo e eu chorava mais a cada palavra.

Agarrada a Adam que também chorava. A cerimônia terminou logo depois e com isso veio a hora de enterrar, eu não estava pronta. Ainda não.

— Não.. não, não, não. — eu disse tentando me soltar dos braços do Adam.

— Joe.. calma. Joe, vai ficar tudo bem.

— Não.. me da meu filho... Meu filho.

— Joe.. ele se foi meu amor.. você precisa, entender.

— Eu não quero entender nada... Me da meu filho. MIGUEEEL.— gritei chamando ele. — Miguel... Vem com a mamãe amor.. não me deixa aqui. Miguel... Por favor. — gritei e acabei caindo no chão.

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