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O show do Filipe já estava quase no finalzinho quando sentir tocarem meu braço o que me fez virar de imediato, dando de cara com um homem alto todo de preto com um fone no ouvido que indicava que o mesmo devia ser da produção do evento.

— Você que é a Manuella? — Falou perto me fazendo confirmar com a cabeça sem entender nada.

— O Ret quer te ver no camarim quando terminar o show. - Arqueei a sobrancelha totalmente sem reação até ver a Carol me encarando tão chocada quanto eu.

— Porra ... — Ela Sussurrou me fazendo acordar do transe.

— Agora? — Foi a única coisa que saiu da minha boca antes de ver o mesmo homem a minha frente confirmar algo no ponto me dando a resposta em seguida balançando a cabeça.

— É, ele já, já tá saindo. Vem comigo! — Sem hesitar por mais nem um segundo segurei na mão da Carol que veio junto comigo tentando passar pela confusão de gente até chegar em uma escada lateral que dava acesso a parte de trás do palco onde uma pessoa com a camisa da equipe do Filipe Ret nos esperava.


Aos poucos o caminho foi se encurtando conforme o som ia ficando cada vez mais abafado enquanto nitidamente ouvia os agradecimentos dele que estava no palco.

— Quando foi que você virou amiga do Ret, Manuella? — Me puxou pra perto falando baixo impedindo de alguém ouvir.

— E eu sei lá, Carol. Ele deve tá querendo agradecer pelo filho, só isso. — Engoli seco tentando encerrar o assunto, mas a todo momento uma interrogação se formava na minha cabeça ao mesmo tempo em que as palavras daquela noite ecoava em alto e bom som vagando pela minha linha de pensamentos.

É, ele não tinha esquecido.

Respirei fundo assim que paramos em frente a uma porta que separava uma parte do corredor do local.

— Podem ficar a vontade, ele já tá descendo pra atender alguns fãs. — A mesma moça da equipe que nós acompanhava sorriu simpática abrindo a porta do camarim nós dando total acesso a um ambiente todo branco composto por algumas mesas no canto com comidas e bebidas, enquanto do outro lado no canto da parede o ambiente era preenchido por um sofá preto de couro e alguns puffs, sem esquecer do banheiro e alguns espelhos.

— Porra, e eu precisando reagir stories no Instagram. — Sorri fraco indo me sentar no sofá enquanto a Carol observava tudo.

— Não vai inventar de postar nada, pelo amor de Deus. — Suspirei sentindo meus pés latejar.

— Eu sou fã, você que é presença vip. — Levantei o dedo do meio pra ela que sorriu. — Fala a verdade, não rolou nadinha?

Neguei com a cabeça revirando os olhos pronta para responder quando ouvimos vozes o que fez a Carol correr e se sentar do meu lado engolindo as uvas que ela insistiu em roubar de uma vez só.

A porta foi aberta enquanto algumas pessoas começaram a transitar pelo local, e logo em seguida meus olhos encontraram um Filipe sem a camisa de antes enquanto enxugava o rosto. O sorriso que ele exibia durante a conversa com os outros me fez prender a respiração no exato momento em que fui notada.

Alguém me diz quem é o personal desse homem que eu mesma vou fazer questão de comprar um lugarzinho no céu só pra ele.

Nossos olhares não se desviaram nem por um segundo, até que ele se aproximou estendendo a mão na minha frente me fazendo segurar a mesma e levantar para cumprimentá-lo.

— Porra, finalmente te achei. — Seu tom de voz mais grosso que o normal me deixou arrepiada. Sorrir de lado devolvendo o abraço sentindo bem seu toque na curva da minha cintura. — Te procurei no insta, pô. Meti lá o nome que tu falou, e advinha só? Tem Manuella Medeiros pra caralho.

— Ah, procurou foi? — Arqueei a sobrancelha assim que nos afastamos. — Parece que o destino resolveu ficar a seu favor, então.

Ele sorriu passando a língua nos lábios ganhando total minha atenção.
E sim, foi proposital.

— Pode crê, vai ver Deus quer me presentear hoje. — Arqueou a sobrancelha me fazendo piscar.

Perai, porra.

Ele tá flertando comigo na cara dura?

— Sua amiga? — Se referiu a Carol que se levantou ficando do meu lado já se apresentando ao perceber minha falta de reação.

— Amiga dela e sua fã, prazer Carol. — Apertou a mão dele que correspondeu aceitando em seguida o pedindo da foto que ela até demorou pra pedir.

Me mantive quieta observando os dois até a Carol ver o Orochi passando e resolver correr na direção dele, o que fez o Filipe que estava trocando de camisa se aproximar novamente.

— E ae, curtiu o show? — Me olhou enquanto levava a garrafa de água até a boca.

— Acredita que eu não fazia ideia de que você estaria aqui hoje? — Sorrir. — E sim, foi irado.

— Topa me acompanha em outro? — Perguntou se sentando do meu lado enquanto tirava o celular do bolso. — Tô partindo já, já. É aqui pertinho, tá ligado? Te deixo em casa na volta, sem caô nenhum.

Mordi minha bochecha tentando achar um jeito de falar sem soar de forma grosseira.

— Olha eu tô ligada que a gente se conheceu em uma ocasião bem inesperada da vida, e se reencontrou da mesma forma, mas até onde eu sei você ainda é casado, e a última coisa que eu quero é me meter em relacionamento alheio. Já tenho problemas demais pra resolver. — Cortei nosso contato visual alongando minha coluna.

Sua risada abafada me levou a voltar a encara-lo lutando contra toda a sanidade que ainda me resta.

— Marrenta e os caralho. — Revirei os olhos sentindo seu braço passar por cima do encosto do sofá perto demais da pele nua das minhas cotas. — Papo reto? Tô solteiro, Manuella. E tô ligado que tu é responsa, vou fazer tu esquentar a cabeça, não. Agora é tu quem decide qual vai ser, tudo no seu tempo morena.

Observei ele se levantar assim que alguns fãs começaram a entrar para tirar foto.

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