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— Você quer parar? — Retruco na mesma hora vendo aquele ar de provocação estampado no rosto dele. — Que porra, Filipe.

Antes que eu pudesse me afastar ele me puxa pela cintura me prendendo.

A vergonha é tanta que eu não consigo nem olhar na cara da Tia Nane.

— E eu não vou dizer que não torço por isso.... — Ela rebate e eu sinto a barriga do Filipe se mexer nas minhas costas enquanto ele dar risada em alto e bom som.

Era só o que me faltava.

— Boto fé. — Suspiro virando o rosto olhando pra ela que pisca.

Levanto a cabeça e olho pra ele que baixa o olhar me analisando.

— A gente já conversou sobre isso.... — Tiro a mão dele da minha cintura e devolvo o copo. — Não vamos brigar por coisas que já estão mais do que resolvidas.

Sua feição muda enquanto o observo suspirar e confirmar com a cabeça.

Fico na ponta dos pés levando os braços em volta do seu pescoço o forçando se abaixar e selar nossos lábios, em um pedido silencioso para não deixar nada estragar a nossa noite.

Quando me afasto ele segura meu queixo e aproveita a diferença dos nossos tamanhos depositando um beijo na minha testa, me confirmando que entre nós, ficaria tudo bem.

Dou alguns passos me afastando e parando na frente da tia Nane, aproveito para abraça-la.

É, já fazia um bom tempo que não nos víamos.

— Você tá feliz, Manu? — É a primeira coisa que ela pergunta quando se afasta passando a mão no meu rosto. — Você sabe... — A interrompo acabando logo com qualquer abertura desnecessária.

— Sim, tia. — Sorrio fraco segurando sua mão. — Estou feliz, e realizada com essa nova fase da minha vida.

Sem falar mais nada ela apenas confirma com a cabeça e beija minha mão entrelaçando nossos dedos.

— O Flávio contou... Sobre a Larah? — Confirmo com a cabeça sorrindo sem mostrar os dentes. Sei que a relação entre elas não é lá das melhores, automaticamente o procuro com os olhos me perguntando se é uma boa ideia ir até lá com esse tanto de curiosos ao nosso redor. — Dessa vez eu não vou me meter em nada. — Escuto ela dizer atraindo de volta minha atenção.

— Ae Tia, acho que eles são bem grandinhos pra se resolver entre eles. — Dou de ombros querendo não prolongar muito o assunto.

Não conheço a Larah o suficiente, prefiro não tirar conclusões pela visão dos outros, ainda mais sabendo de toda a exposição e o caos que cerca o casal.

Troco mais algumas palavras com ela e quando estou prestes a voltar para perto do Filipe e do pessoal sinto um braço passar por cima do meu ombro, e eu nem preciso me virar pra saber de quem se trata.

— Você gosta de causar, né? — Estreito os olhos virando o rosto de leve encontrando aquele sorriso que só ele sabe dar.

— Tô em paz, pretinha. — Tira o óculos de sol que ele achou por bem usar em plena madrugada. Faço careta quando ele gargalha e beija a lateral do meu rosto. — Tô feliz pra caralho por tu, mesmo sabendo que agora pra te ver vou ter marcar uma audiência.

— Falou o que só vive com a mulher, agora. — Reviro os olhos rindo junto com ele. — Você e o Filipe se acham os dono da cena, mas não assumem que levaram um chá de buceta e agora usam até focinheira.

Antes que ele possa responder meu irmão para na nossa frente metendo a mão no baseado do Flávio que olha feio pra ele.

— Papo reto... — Para de falar focando na tragada que ele dá. — Altas Patricinha da Shoope por aqui.

Reviro os olhos pela tabaquice de sempre, e as coisas só pioram quando eu vejo o Cabelinho surgir do além.

É a minha deixa pra se afastar e pela primeira vez na noite parar do lado da minha amiga.

— Tá toda, toda né dona Steff... — Murmuro atrás dela que se vira já dando risada.

— A senhora solicitada da noite lembrou das amigas? — Faço careta a puxando para um abraço. — O que rolou?

Me afasto vendo o Filipe me olhar de longe.

— Mesmo dilema de sempre... — Bufo passando o olhar pelo local. — Hoje até a tia Nane resolveu peitar o Filipe.

Nego com a cabeça enquanto ela dar risada.

— Você sabe que ela não tem papa na língua... — Dou de ombros já sem saco pra essa pauta. — Preparada pra virar a fofoca da noite?

Dou risada lembrando desse detalhe.

— Tudo calmo como uma bomba... — As escolas principais de samba começa a entrar na pista e é o que faz a gente se animar.

Os meninos se aproximam de onde estamos junto com o restante do pessoal, não demora muito para que as mãos do Filipe envolvam minha cintura e me puxem para perto do seu corpo.

Sei que ele tá emburrado e opto por ficar na minha.

Pego o copo de bebida da sua mão assim que ele me entrega, já sentindo meus pés doendo por causa do salto encosto a cabeça em seu peito.

— Cansou? — Escuto sua voz rouca ecoar perto demais da minha orelha, o que causa um arrepio por toda minha nuca.

Ergo a cabeça olhando para cima encontrando seus olhos se estreitando ao mesmo tempo em que me encara.

Confirmo com a cabeça sem falar nada.

— Quando quiser ir, só é falar. — Sorrio fraco e volto minha atenção a folia que rola a nossa frente, seus lábios encostam na curva do meu pescoço ao mesmo tempo em que seu braço envolve por completo meu corpo, me prendendo de fato a ele.

Pelo canto do olho percebo alguém do nosso lado que acaba atraindo minha atenção.

De cara a reconheço, e como é obvio que ela não tira o foco de nós dois.

— É impressão minha ou aquela ali é seu último rolo? — Comento fazendo com que ele abaixe a cabeça pra me ouvir melhor.

O silêncio surge no tempo em que ele termina de tragar o cigarro.

— Já te falei pra parar de dar palco a maluco. — Sorrio fraco me dando por vencida.

— Pra mim já deu... — Rebato me virando. — Eu tô indo se você quiser ficar ...

Sua testa enruga conforme seus olhos se apertam ao me ouvir falar.

Ele não fala nada, aproveito e começo a me despedir do pessoal percebendo que ele decide fazer o mesmo.

Sem trocar nenhuma palavra ele se aproxima e apenas entrelaça nossos dedos. Saímos com a ajuda do Tico que nos guiou até os fundos.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora