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Agora de frente a ela, eu conseguia ver claramente grande parte dos traços do Théo em seu rosto.

Ajeito minha postura balançando a perna meio impaciente.

— Acho que você está ciente sobre o Filipe querer levar o Théo nessa viagem para fora... — Confirmo com a cabeça prestando atenção. — Então... — Respira fundo me olhando. — Vai ser a primeira vez que o Théo vai estar indo pra fora ainda mais em uma viagem tão longa sem mim, por perto. E apesar de todos os porem existentes no nosso meio, sei que você é atenciosa com ele, por isso estou vindo aqui, como mãe saber se você pode cuidar dele nesse tempo;

Engulo em seco buscando o ar.

Arqueio a sobrancelha buscando as palavras certas.

— O Théo é importante para mim, independente do meu relacionamento com o pai dele, ele sempre vai ter um espaço na minha vida. — Falo de forma sincera. — Mas infelizmente eu não consigo dar uma certeza de nada a respeito disso, por que eu ainda não conseguir resolver a minha vida a respeito dessa viagem. — Sorrio fraco sem mostrar os dentes.

— Ah... entendi! — Fala surpresa. — O Filipe não me falou que você não iria.

A reação dela não me surpreende já que essa é a mesma de todos ao me ouvir falar a respeito da incerteza sobre estar ou não nessa viagem.

A questão é que eu tenho uma vida além do fato de ser a namorada do Filipe, o que me leva a ser coerente e pontual com o meu trabalho.

— Pois é! — Mordo o lábio inferior. — Mas eu não acho que você tenha que se preocupar tanto, e falo como alguém que também se preocupa com o Théo. Acho que vocês dois como pais precisam sentar e conversar definitivamente a respeito, quem sabe, levar a babá junto já que ela daria toda assistência necessária quando o Filipe estivesse em show.

A verdade é que eu não posso me comprometer com essa responsabilidade e em cima da outra não estar presente, estamos falando de uma criança, e não um compromisso qualquer que possa ser levado de todo o jeito.

Sim, eu quero tentar achar uma brecha na minha agenda, e estar presente nesse momento importante na carreira do Filipe, mas ainda sim, não irei meter os pés pelas mãos.

— O que eu posso falar a você é que se caso eu consiga resolver tudo e acabe conseguindo ir mesmo que depois, cuidarei dele como se fosse meu filho. — Seus olhos estão atentos em mim, e eu sei que no fundo, ela sabe da minha ligação com o filho. — Prometo eu mesma entrar em contato com você a todo momento, e te passar toda a segurança.

Ela se mexe na cadeira e não precisa dizer nada para que demonstre acreditar no que eu digo.

— Obrigada, acho que é isso que eu posso te dizer... — Sorrir fraco e eu me limito a retribuir, o celular dela toca fazendo com que a mesma se levante, aproveito o meio tempo para ir até onde a dona Vanda está mexendo em uns jarros de plantas do lado de fora.

— Já vai, Manu? — Limpa as mãos se aproximando de onde estou.

Olho o relógio no meu braço me certificando de não estar atrasada para encontrar a Steff.

— Tenho compromisso, e ainda preciso passar em casa e fazer uma mala para São Paulo. — Me apoio em uma das pernas balançando a chave do carro entre os dedos.

— Como foi a conversa? — Sussurra olhando para os lados, o que me faz sorrir. — Não brigaram, né?

Dou risada negando com a cabeça.

— Foi sobre o Théo, mas a senhora já sabe que eu não posso dar certeza de nada enquanto não resolver minha agenda. — Vejo ela balançar a cabeça em confirmação.

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