Filipe°
Tava mais do que nítido que a Manuella me ignoraria o resto da noite, enquanto isso a loira tentava a todo custo me convencer de sair daqui, o foda é que eu me conheço o suficiente pra saber que meu instinto não vai me permitir ir pra lugar nenhum enquanto não conseguir ficar cara a cara com ela. Não até descobrir se ela seguiu mesmo em frente ou isso tudo é marra, o que eu tenho quase certeza que é, em uma tentativa de fugir ao máximo da conversa que ela sabe bem que uma hora vai rolar.
A posição de estar inerte tá fudendo com a minha cabeça desde que meus olhos caíram sobre ela, e porra, a sensação de ter o controle roubado das tuas mãos é foda, ver as consequências das atitudes que foram tomadas sendo postas bem diante dos teus olhos, é a mesma coisa de sentir o gosto amargo da frustação que te recobre, subindo lentamente do estômago até a garganta, te obrigando a engolir de volta o teu próprio achismo, resultado de conclusões mal precipitadas.
Inspiro fundo vendo o Orochi dando risada do lado dela que conversa com o Matheus e a Steff, quem sabe da nossa história tá igual a urubu não tira os olhos de cima pra ver qual vai ser da parada.
— E ae, paizão. — A voz do Dallas me trás de volta a consciência olhando pra ele que se senta do meu lado. Faço um toque com ele jogando a ponta do baseado fora.
—Fala tu. — Estico a coluna cruzando os braços.
—Tá de boa? — Viro a cabeça olhando diretamente no rosto dele entendo o sentido da pergunta. Passo a língua nos lábios confirmando com a cabeça.
— Sucegado, irmão. — Volto a olhar pra frente quando meus olhos cruzam com o do Matheus que me observa com a testa enrugada. — Qual foi? Tá tu e o Matheus me vasculhando, mermo?
Nego com a cabeça rindo fraco.
Ele dá risada negando com a cabeça dando dedo pro outro que dá risada pegando no pau em resposta, dois punheteiro do caralho.
— Tô tranquilão aqui, pô. Agora que o menor tá preocupado contigo e com a irmã dele, tá estampado. — Puxo o ar levando o copo até a boca bebendo o resto do whisky.
— Dá em nada essa fita ae... — Balanço a cabeça negando. — Nada pra resolver.
Inspiro fundo levantando sem muita paciência, já querendo meter o pé pra casa.
Vou no banheiro aproveitando pra dar um mijão, lavo o rosto passando a mão na barba que já tá espetando e os caralhos. Meto a mão no bolso catando mais um prensado, a mente tá a milhão por hora, parece que nada tá fazendo efeito nessa porra.
Acendo e saio fechando a porta, só basta por o pé na ponta da escada pra bater de frente com o casalzinho do ano.
Sorrio fraco ouvindo a voz do talárico, tô pouco me fudendo para o papinho que ele tá querendo passar.
Meus olhos recai diretamente sobre ela que fica nervosa sem saber como reagir. Vejo claramente o momento em que estufa o peito e ergue o queixo me desafiando.
Como falei antes, essa marra eu conheço na palma da mão e tô ligado que seder é a última coisa que ela vai fazer.
Desço o olhar por cada curva do corpo que conheço na ponta da língua.
O cheiro doce continua o mesmo, o mesmo que fode com a minha cabeça.
Sopro a fumaça sem cortar nosso contato visual enquanto ela me peita, sem perder a postura bate de frente fazendo meu maxilar travar quando saio da sua frente e vejo sua sombra passando por mim me deixando cara a cara com quem tá atrás.
— Não tô afim de ouvir teu papo, e tu já tá ciente disso. — Falo sem olhar pra cara dele que não demora pra rebater.
— Eu nem devia te dar satisfação de nada, sacou? Só que eu não sou de mandar recado e indiretinha em rede social. Comigo, essas paradas, não cola. O que eu tenho pra te falar vai ser na cara a cara, de homem pra homem e se tu não tá afim de ouvir ae é contigo, vou falar do mermo jeito.
Viro a cabeça estreitando os olhos me perguntando se essa porra vale a pena mermo.
— A Manu é só minha amiga, Sacou? A última coisa que eu sou nessa história é talárico. — Sorrio olhando pra baixo batendo a ponta do baseado. — A gente se aproximou sem intenção nenhuma, mas eu não vou negar pra tu que não tive interesse, porquê eu tive mermo como qualquer homem teria convivendo com a mulher foda que ela é ... —Arqueio a sobrancelha olhando pro lado dando mais uma tragada. — Só que o foco dela é outro, e eu não vou me afastar só porque nego tá comentando não.
— Faz o que tu achar certo, meu irmão. É tu e tua consciência, tu sabe que até ontem ela era minha mulher e hoje tá bancando de casalzinho? — Passo a mão na boca rindo de nervoso. — Não fode, porra. — Suspiro soltando o ar pela boca.
— Não tô aqui pra discutir e nem bater boca, é teu direito ficar puto. Só que nesse tempo todo quem ouviu ela chorando por sua causa, foi eu e não foi só uma vez. - Olho pra ele que se vira pra sair. — A Manuella se tornou parte da minha família, e eu não vou virar a cara só porque a mídia tá inventando fofoquinha, e nego se metendo onde nem foi chamado. Tô vindo aqui te mandar o papo sério pelo respeito que eu tenho por você, agora se você não consegue lidar com isso, o problema já não é meu. - Confirmo com a cabeça passando a mão na boca sustentando o olhar.
— Deu o papo? — Pergunto antes dele me dar as costas. — Jaé!
Dou a meia volta voltando pro meu lugar olhando pra loira que ao me ver vem direto na minha direção.
— Bora meter o pé, já deu pra mim! — Saio na frente sentindo um incomodo do caralho dentro de mim, só faço um toque com os moleques e passo reto pelo grupinho onde ela.
Destravo o carro ouvindo o alarme já entrando no meu lugar, assim que escuto a porta do outro lado sendo fechada meto o pé no acelerador e saio com tudo.
É como se eu tivesse voltado a adolescência e perdido a porra do controle da minha vida mais uma vez.
(Cap pequeno só pra matar a saudade)
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Contramão
FanfictionEu te proponho o que há de bom, aquela melhor onda Hoje eu quero te ver, então me diz onde você tá ...