15 dias depois:
31 de Dezembro de 2022
Filipe°
Antes de fazer o primeiro show do ano me juntei a família que veio me acompanhar de perto nessa virada, depois de um ano intenso foi de fato uma meta que recalculei e fiz acontecer, que é de tê-los por perto, assim como minha equipe e o meu filho, a razão por me manter equilibrado diante de tanta guerra a enfrentar.
Sentado com o Théo no colo seguro um copo de whisky ouvindo meu pai trocando ideia com o Dallas, Anezzi e o Tico, de canto o Matheus tá junto com a Steff olhando as fotos de hoje com o resto da equipe. Inspiro fundo alongando a coluna quando vejo dona Vanda se sentar do meu lado olhando alguma coisa no celular.
— Já viu? — Fala me levando a virar o rosto focando a atenção primeiro nela, seguindo logo depois a tela do aparelho que ela tem em mãos.
Aproximo um pouco mais me deparando com um status da Manuella, a mãe e algumas pessoas. Até que meus olhos voltam ao nome do contato salvo me deixando confuso.
— Desde quando a senhora virou amiga da mãe da Manuella? — Sorrindo fraco enquanto me olha por cima do óculos, vejo seus ombros subir e descer em um movimento rápido.
— Coisas da vida, meu filho. — Enrugo a testa me sentindo perdido no bagulho. — Logo depois que vocês terminaram e a Manu se afastou, minha preocupação não me deixou descansar, até que procurei a Célia e tive uma conversa direta e franca, de mãe pra mãe. — O Théo se mexe no meu colo se encostando no meu peito, passo a mão no cabelo dele o puxando um pouco mais pra cima. O moleque tá crescendo e se brincar, daqui uns dias não consigo nem pegar no colo direito.
— E como foi que rolou essa ponte direta, ae? — Pergunto imaginando que tenha sido através do Matheus, ou da Steff já que são os mais próximos.
— O Dallas. — Arqueio a sobrancelha. — Eu sempre dou o meu jeito, Filipe. — Sorrio fraco balançando a perna. — Você sabe que eu não vou concordar nunca com as atitudes que você tomou, e muito menos como as coisas acabaram entre vocês dois. Por mais você já seja um homem formado, e não esteja debaixo do meu teto, não foi pra isso que criei você e seu irmão. — Confirmo com a cabeça passando a mão no cavanhaque ouvindo ela falar sem tirar a razão de nada, fui escroto mermo e não nego.
— Tô ligado nisso, mãe. Também não me orgulho de nada, mas to decidido a correr contra o tempo. — Tirando o óculos ela me olha surpresa me fazendo segurar a risada.
— Filipe ... — Resmunga estreitando os olhos da mesma forma que eu faço.
— Vou te mandar um papo, mas quase ninguém sabe e eu prefiro manter assim. — Passo a língua no lábio inferior enquanto ela me analisa atenta. — Saímos pra jantar a algumas semanas atrás, levei ela até o Catete, no bar do marcão, no palácio, uma ronda maneira.
— Você tá me falando que vocês voltaram? — Nego com a cabeça respirando fundo. — Então porquê você me fez criar expectativas agora, cara? — Dou risada ajudando o Théo a descer sabendo que ele vai atacar as frutas em cima da mesa. — Mas só dela ter aceitado jantar já é uma grande vitória, né? Já que nem a sua cara ela queria ver. — Sorrir fraco.
— To respeitando o espaço dela, mesmo querendo pra caralho ter comigo de novo.
— Confiança uma vez quebrada, é necessário tempo, paciência e muito cuidado com tudo que seja direcionado ao outro. Coração não é terra sem dono, pra qualquer um pisar.
Sinto o celular vibrar no bolso e várias mensagens chegando, vejo quando o Tico se levanta indo pegar os champanhe, três minutos pra virar o ano.
Suspiro ficando em pé com aquela sensação de realização ganhar espaço dentro de mim, mais ainda sim, falta algo.
Engulo seco caminhando até a Steff que tá tirando foto de geral, aquecendo pra noite.
— Vai no maracanã comigo e vai tirar foto com o Arrascaeta pra sentir o gosto de como é bom ser flamenguista. — O Matheus fala me fazendo virar e encontrar ele com o braço por cima do ombro do meu pai que só da risada. — Se pá até a Manuella vai fazer o filho do senhor ser menos ranzinza.
— Tu vai meter essa mermo? Logo hoje? — Pergunto fazendo ele me olhar com um sorriso de orelha a orelha.
— Qual foi, cara? Coloca mais amor nesse coração ae. — Reviro os olhos ouvindo minha mãe que tá chamando todo mundo pra varanda.
— Um minuto. — A Steff grita e o Tico se aproxima me entregando o champanhe.
— Vai que é tua, irmão. — Sorrio fazendo um toque com ele antes de pegar a garrafa.
De repente a contagem regressiva começa, e todos os pelos do meu corpo se arrepiam, agito ao máximo, e quando finalmente a meia noite chega, tiro a rolha espirrando liquido com tudo agradecendo a Deus pra caralho, por tudo que ele me deu e por ter me feito chegar onde cheguei.
Sou abençoado, o resto, é motivação pra acordar todos os dias.
Cumprimento um por um, até ver o Théo correr na minha direção pulando no meu colo.
— Feliz ano novo, meu amor. — Beijo seu rosto sentindo seus braços se fechando em volta do meu pescoço. — O papai te ama muito.
— Te amo muito, papai. — Ele responde me fazendo dar risada.
A euforia do momento toma conta de geral, minha mãe aparece com o bolo fazendo todo mundo bater parabéns pro Dallas que meteu mais um ano pra conta. Depois de comer e aproveita é hora de descer pra pista e começar o ano de fato, coloco um boné na cabeça e entro na van ouvindo todo mundo falar ao mesmo tempo, papo de os ânimos aflorados e eu já aproveito pra colocar uma dose de whisky pra dentro, sentindo o liquido queimar descendo na intenção de ficar sossegado e curtir o momento.
— Porra, hoje tá só o fervo. — O Matheus fala ficando em pé assim que estacionamos, a casa tá lotada o que me deixa instigado.
— Partiu, tropa. — O Tico grita abrindo a porta da van.
Dentro do camarim alongo a coluna enquanto colocam meu fone, ajeito os cordões no pescoço prestando atenção no que o Anezzi tá falando com o Dallas a respeito de umas ideias pra Nada mal.
O Matheus entra no espaço falando com alguém por chamada de vídeo, olho pelo canto do olho sem dar muita importância.
— Qual foi? É sim ou não? — Fala gesticulando.
A Steff corre até ele acenando pra tela do celular.
— Amigaaa, diz que você vem... — Arqueio a sobrancelha olhando pelo canto do olho sabendo exatamente quem está do outro lado da linha. — Por favor.. Vem curtir comigo, a gente dá um jeito de fazer você entrar direto pra cá. — Junta as mãos me olhando. — O Filipe já liberou sua entrada, cara.
Viro a cabeça no mesmo instante quando ela me chama com a mão, até penso em ir até lá até perceber que quem tava na linha mandou os dois tomar no cú e desligou fazendo todo mundo dar risada.
— Ela vem. — O Matheus fala pegando uma água e me olhando. — Pode ficar feliz, agora.
Reviro os olhos ouvindo a gastação.
A vontade de ligar ou mandar mensagem já tava fervendo na mente, só facilitaram as coisas, mesmo sabendo que ela não vai sair da defensiva tão cedo.
As cartas estão na mesa, só me restam arriscar, com a mesma determinação que me trouxe até aqui.
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Contramão
FanfictionEu te proponho o que há de bom, aquela melhor onda Hoje eu quero te ver, então me diz onde você tá ...