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— Amiga, preciso de você. — Sinto seus dedos apertando em volta do meu braço me puxando.

Continuo focada em que está na minha frente esboçando um sorriso com ar de cinismo me fazendo fechar as mãos lutando contra a vontade de levar aquilo a diante. Me viro pra loira do meu lado que me olha calmamente sorrindo fraco, engulo seco virando meu corpo na direção do palco novamente quando percebo as duas trocando palavras entre si.

Termino minha bebida, amassando o copo entre os dedos sentindo a todo instante o olhar de quem está em cima do palco voltado a mim, de certa forma decido ignorar na tentativa de me manter calma.

— Vem cá ... — Saio acompanhando a Steff que me puxa na direção da mesa dos meninos que exalam uma vibe totalmente diferente da energia que me cercava a segundos atrás.

— Você sabe que eu não sou de levar desaforo pra casa, né? — Suspiro pra ela que me olha de lado tirando sua atenção da câmera.

— Eu não sei o que ela falou, mas tenta relevar amiga, deve ser difícil pra ela presenciar isso tudo, sei lá. — Nego com a cabeça respirando fundo.

— Resumindo? Ela insinuou que eu não passo de uma comidinha do Filipe. — Jogo a cabeça pra trás passando a mão na nuca molhada.

— Ele te faz sentir assim? — Questiona me olhando nos olhos. — Porque o pouco que o conheço sei o quanto ele é reservado quando o assunto é a vida pessoal, e mesmo assim ele tacou o fodasse e te assumiu pra todo circulo pessoal e profissional em uma das noites mais importantes da vida dele.

Suspiro fechando os olhos.

— Eu nunca tive que lidar com isso, Steff. Nunca quis na verdade. As dificuldades de estar em um relacionamento sempre me fizeram desistir antes mesmo de tentar; Justamente por saber o quanto é desgastante esse lance de confiar, ainda mais quando o assunto é com um cara recém-separado e com filho.

— Olha eu conheço Ana o suficiente pra te confirmar que ela não é assim, talvez vocês tenham se conhecido em situações complicadas da vida. Não acho que o problema seja você, e sim a confusão do termino deles. Só não mete os pés pelas mãos, se ele te trouxe até aqui é porque ele quer te provar algo, e pelo visto é que é com você que ele quer ficar.

Dou de ombros dando espaço pra que ela volte ao trabalho.

— Ae Manu, chega ae ... — Escuto a voz do Cabelinho que acena fazendo todo mundo olhar na minha direção.

Pra quê ser discreto né?

— Tá doidinho pra levar uma prensa do Ret, né filho da puta. — Gargalho ouvindo o Chefin falar pra ele que estica um copo de whisky na minha direção.

— Qual foi, tem que tratar a patroa bem, né? — Faço careta ouvindo a risada dos outros.

— Esquece esse papo de patroa. — Pego o copo da mão dele molhando o bico sentindo o quão forte aquilo tava. — Caralho ... — Falo tossindo. — Como é que vocês ainda tem fígado bebendo isso aqui?

— Tudo visitante dos alcoólatras anônimos, pô. — Escuto o maneirinho falar rindo.

Me aproximo deles aproveitando o resto do show até que enfim o Filipe desce sendo cumprimentado por algumas pessoas. Permaneço onde estou quieta, calma apenas ouvindo a conversa dos meninos até ver o motivo das risadas.

— Você não fez isso. — Gargalho observando o open beck nas mãos dele que se aproxima esboçando aquele risinho de menino travesso no cantinho da boca. — Sabe que isso vai dar merda, né?

— Confia no paizão, minha gata. — Nego sentindo seus braços envolver minha cintura beijando minha testa. — Qual foi do papo com a Anna?

Sua expressão muda ao ver minha cara enjoada assim que ele toca no assunto.

— Quer mesmo saber? — Pergunto olhando em seu rosto que confirma apenas balançando a cabeça.

— Ela tentou ser solidária ... — Sorrio fraco molhando os lábios. — Fez questão de me avisar pessoalmente que meu lugar na sua vida é apenas do prato da semana.

— Como é que é, porra? — Balanço a cabeça vendo sua cara fechada. — Ela tá querendo fazer graça agora? Surtou? — Percebo seus olhos percorrer por todo ambiente em busca dela, e eu sabia bem em como isso poderia acabar, e eu não queria ser o motivo de estragar um dos momentos mais importantes pra ele.

— Deixa pra lá, não esquenta. — Seguro sua mão atraindo seus olhos a mim vendo o mesmo negar com a cabeça. — Filipe, por favor ...

— Deixar pra lá, Manuella? Eu já tô saturado dessas ceninhas que ela anda fazendo até pra minha mãe, porra. Agora querer se meter onde não cabe? — Suspiro ficando na ponta do pé segurando seu pescoço com as duas mãos o puxando pra mim selando nossos lábios já sem se importar com quem pode ou não ver, no momento prefiro dar voz ao que estou sentindo e é exatamente disso que eu preciso.

O sorriso que surge logo após a surpresa pela minha atitude faz minhas bochechas corarem.

— E aquele papo de sem exposição? — Reviro os olhos quando suas mãos envolve minha cintura descendo pra minha bunda onde ele faz questão de apertar. — Fizeram minha gatinha virar onça?

Gargalho segurando sua jaqueta encostando minha cabeça em seu peito.

— Sua gatinha? — Arqueio a sobrancelha voltando a olhar em seu rosto quando seu dedo faz questão de levantar meu queixo.

— Minha, pô. — Seus dedos envolve meu pescoço e sua língua pede passagem dando início a um beijo lento, que foi interrompido por um flash bem na nossa cara.

— Já falei que eu sou dona do fã clube, né? — Viro o rosto envergonhada ouvindo a risada dela e dos meninos.

— Essa ae o Léo Dias não tem. — O Dallas fala fazendo a gente rir. — Se eu vender em primeira mão fico rico. — O Filipe mostra o dedo do meio pra ele que ainda tá rindo, me estico um pouquinho vendo o Fenômeno no meio do povo.

— Que rolê aleatório é esse? — Falo assim que ele vem na nossa direção fazendo o Filipe afrouxar os braços ao meu redor pra falar com ele.

— Quer uma foto? — Pergunta antes que ele chegue perto. Nego vendo o mesmo me olhar surpreso. — Tu tá mandando o papo que não quer uma foto com o Ronaldo Fenômeno, mermo? — Confirmo rindo.

— Se fosse o Neymar. — Faço bico o que faz ele revirar os olhos se afastando. — Nem em forma ele tá, amor.

Quando me dou conta do que falei é tarde demais, me viro rapidamente dando as costas a ele que puxa com tudo me deixando da cor de um pimentão.

— Caralho, o coração até fraquejou agora... — Fala rindo no meu pé de ouvido. — Tu me chamou de quê? 

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