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Observo quando ele para o carro perto de um barzinho em uma rua cercada por casas, tirando o cinto ele me olha. Passo o olhar pelo local a minha frente notando algumas pessoas presentes pelo local.

— Você não tem medo de causar tumulto por aqui, não? — Pergunto abrindo a porta, observo ele dar a volta no carro chegando perto.

— Aqui eu tô em casa, já sabem como funciona. — Estreito os olhos parando do lado.

— Quando você fala, sabem como funcionam, tá querendo dizer que já conhecem seu espirito ranzinza? — Passando a mão no cavanhaque vejo um sorrisinho de lado surgir quando seus olhos me alcançam.

Depois de travar o carro o acompanho até o mesmo barzinho que passamos percebendo que a grande parte do grupo de pessoas que se formam por ali, são pessoas mais velhas, o que me faz de certa forma me faz se sentir leve.

Antes que o Filipe pudesse puxar a cadeira pra se sentar um senhor se aproxima o chamando ganhando nossa atenção.

— Fala ae Marcão, quanto tempo. — Quieta na minha vejo quando o senhorzinho um pouco mais baixo esbanjando os cabelos brancos abraça o homem de um metro de oitenta a minha frente. — Como tá as coisas por aqui?

— Tá tudo em paz, meu filho. E a família, tá bem? — Seus olhos me notam e um sorriso surge me levando a retribuir.

— Tá todo mundo bem, qualquer dia desses trago o Théo pra bagunçar por aqui, igual a mim naquele tempo... — Dar risada me olhando. — Essa daí é a Manuella, uma pessoa importante na minha vida.

Sinto minhas bochechas esquentarem sabendo que ele fez de proposito na intenção de me deixar sem jeito.

— Prazer, minha filha. Seja muito bem-vinda, já conhecia por aqui? — Nego com a cabeça antes de falar.

— Não, é minha primeira vez. Mas já ouvir o Filipe falar muito daqui, e obrigada. — Confirmando com a cabeça ele olha de mim pra bem quem está do seu lado, esboçando um sorriso genuíno.

Percebo nitidamente que o carinho que o mesmo transmite é de longa data.

— Bom saber que você ainda continua o mesmo. — Observo a interação entre os dois e a maneira como o Filipe conversa totalmente receptivo e animado, me trazendo a certeza que aqui estão as suas raízes. — Vai tomar aquela velha gelada de sempre?

— Vim justamente pra isso. — Responde batendo de leve nas costas do mais velho que sai pedindo licença.

Puxo a cadeira me sentando sentindo o vento fresco da noite bater no meu rosto, o samba de fundo e as vozes dos demais que ecoa pelo lugar traz uma energia diferente, olho pra frente sabendo que estou sendo observada.

— O tempo que a gente ficou junto, você quase nunca vinha aqui. — Comento percebendo o mesmo tirar um cigarro do bolso levando até a boca e acendendo, enquanto balança a perna, inquieto.

— Venho menos do que gostaria. — Passa os olhos pelo local soltando a fumaça devagar.

— Hum ... — Estreito os olhos fazendo bico. — Porquê eu to tendo a leve impressão de que você tá tentando me ganhar pelo emocional? Só tá faltando entrar na roda de samba ali e vim cantar Arlindo Cruz pra mim. — Sua risada alta surge me levando a prender os lábios um no outro segurando a vontade de sorrir.

— Se tu quiser, posso meter uma do belo, naquele pique ... Não tenho nem palavras pra explicar. O que aconteceu, não quero nem lembrar
Eu preciso te abraçar e te beijar
O teu coração é meu lugar ... — Reviro os olhos sorrindo enquanto ele dar risada se aproximando e apertando minha cocha por baixo da mesa.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora