Quando percebo que é o Victinho que surge em nossa frente, engulo seco cortando nosso contato visual.
— A vó tá chamando vocês pra bater parabéns. — O mais novo fala ganhando a atenção do tio enquanto tento de todas as formas não focar na maneira em como o meu coração permanece acelerado.
Solto o ar lentamente pelos lábios.
— Já tamos indo. — O Timbre da voz grossa dele ecoa.
Observo quando o garoto se vira voltando de onde veio o que me leva a dar dois passos na intenção de segui-lo e dali mesmo já pegar o meu rumo de casa.
— Vai ficar? — Percebo quando ele se refere a mim enquanto me acompanha.
Suspiro baixo em uma luta interna comigo mesmo.
— Tenho compromisso, Filipe. — Sinto sua presença bem nas minhas costas e eu tenho a plena certeza de que os seus olhos estão direcionados a minha bunda. — Forçar não é a melhor a coisa a se fazer, achei que soubesse disso
— Tem compromisso ou não quer assumir que tá fugindo do que você sabe que uma hora ou outra vai acontecer? — Enrugo a testa parando de andar e me virando pra ele que me olha com intensidade.
— Uma hora ou outra vai acontecer? — Sorrio fraco. — As vezes sua convicção pra certas coisas se torna irritante, sabia?
Nitidamente vejo um sorriso surgir no canto dos seus lábios.
— Te irrita saber que sou decidido a conquista tudo o que eu quero? — Reviro os olhos me virando quando sua mão agarra minha cintura por trás me fazendo desviar segurando o riso enquanto continuo andando chegando finalmente onde todos estão reunidos em volta da mesa.
Todos os olhares se direcionam na nossa direção o que consegue me deixar totalmente sem jeito, era a oportunidade perfeita pra me fazer sair correndo.
Isso se não se tratasse da família do Filipe e do Théo que corre e abraça minhas pernas.
Os parabéns começam e eu seguro as mãozinhas dele que bate palmas junto comigo dando risadas.
— Théo, vem comer. — A voz da Anna surge e eu percebo quando o pequeno me olha, confirmo com a cabeça a ele que sorrir e sai correndo em direção a mãe que o senta entregando um prato com salgados.
Decido me manter distante do Filipe até pra evitar certos desconfortos, mesmo sem ele conseguir parar de ficar me encarando a todo instante. Percebo que alguém senta do meu lado, me viro vendo o Tico.
— Depois do que rolou entre você e o ret me sentir meio culpado pelas merdas toda que aconteceu. — Foco em seu rosto enquanto seus olhos estão focados a frente. — Desculpa mermo pelo desconforto de todo o rolo lá.
Ajeito minha postura na cadeira me mantendo em silêncio.
Eu sei que ele é uma das peças mais importantes na vida do Filipe dentro e fora dos palcos. E o quanto ele é próximo das pessoas que fazem parte da minha rede de apoio, e até mesmo do meu irmão. Por certa parte percebo que a forma como as coisas acontecerem e a intensidade entre mim e o Filipe que é um dos melhores amigos dele, de fato deve ter assustado e causado dúvidas a respeito. Afinal, em um dia tínhamos uma base sólida, no outro, tudo se tornou fragmentos do que existiu entre nós dois.
A intensidade do sentir, e da maneira que se sente, assusta quem só conhece relatos da história.
— As coisas mudam o tempo todo, e o que passou já ficou pra trás. — Digo olhando na mesma direção que ele onde a família tá tirando fotos. — Você é um dos melhores amigos dele, não vou julgar a forma como você deduziu as coisas. Você sabe que errou na maneira que se direcionou a mim, e se reconhece isso, já é o bastante pra não refletir em uma atitude parecida ou igual a sua que possa resultar da minha parte. Não sou do tipo que paga da mesma moeda, já segui em frente, Tico. Tá tudo bem ...
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Contramão
FanfictionEu te proponho o que há de bom, aquela melhor onda Hoje eu quero te ver, então me diz onde você tá ...