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Manuella°

Escuto alguma coisa cair me fazendo despertar. Abro os olhos me arrependendo de imediato pela claridade da luz acesa, resmungo puxando o travesseiro do lado jogando sobre o rosto. Um perfume diferente me faz estranhar, afundo o nariz ainda mais sobre o tecido tentando identificar o cheiro.

— Vai passar o resto do dia dormindo, mesmo? — A voz da minha mãe surge puxando meu lençol.

De repente flashs da noite passada surge na minha mente.

O Filipe, a festa, ele aqui, no banheiro, na minha cama.

Aperto os olhos sentindo a cabeça latejar ao mesmo tempo que a consciência aperta.

Acho que fiz merda.

— Que horas são? — Resmungo sentindo a garganta seca.

— Três e pouca. — Sento sentindo o enjoo bater forte. — Deixaram uma encomenda pra você. — Joga uma mochila em cima de mim.

Pego em mãos percebendo que é da farmácia, enrugo a testa olhando na direção dela tendo a certeza que os dois se esbarraram, o que me faz gelar.

— Hum ... — Me limito a dizer enquanto ela confirma com a cabeça.

Engulo seco.

— Quando entrei em casa ele já estava de saída. — Mordo o lábio inferior sentindo a cama afunda e ela se sentar virada para mim, me olhando nos olhos. — Fiz o que já deveria ter feito a muito tempo.

— Olha mãe, eu ... — Sua voz me interrompe me impedindo de continuar.

— Sentir que devia me desculpar por tudo que fiz vocês passarem... — Baixo o olhar respirando fundo. — Olha Manu, nunca pensei que fosse capaz de dizer isso depois de tudo o que já aconteceu, você melhor que ninguém sabe o quanto o julguei sem conhece-lo a fundo... — Levanto a cabeça tentando entender. — O que eu tô querendo dizer é que a preocupação dele e o cuidado, em ter ficado aqui, esperado alguém chegar mesmo com toda a situação chata que já aconteceu, e ainda sim, só foi embora quando teve a certeza da sua segurança, só me prova o quanto esse cara é realmente apaixonado por você.

Sinto o coração acelerado e eu ao menos consigo formular uma frase se quer diante dela.

Faço um coque no cabelo lembrando bem do olhar preocupado dele sobre mim, a todo instante.

A sensação que eu tenho nesse instante é que um emaranhado de informações se formam na minha mente.

Será mesmo que ele não está apenas querendo limpar a barra dele depois de tudo?

Por quê motivo ele não ficou?

Me estico assim que vejo minha bolsa no chão procurando meu celular, o desbloqueio e pra minha surpresa, em meio a um mundo de notificações não encontro nenhum sinal de fumaça se quer vindo da parte dele.

— Quando foi que a senhora decidiu ficar do lado do Filipe? Acho que não acompanhei essa parte. — Estreito os olhos quando ela se levanta dobrando os lençóis jogando no canto da cama.

— Não era isso que você queria desde o começo? — Me olha de lado. — Me poupe né, minha filha. Tô falando o que eu acho, o que eu vi, enquanto você estava ae feito uma morta dormindo de boca aberta.

— Mãe ... — Retruco quando ela se abaixa pegando alguma coisa embaixo da cama.

— Para de fazer pergunta e vai logo lavar esse rosto e levantar pra comer alguma coisa. — Esticando a mão ela me mostra um dos anéis do Filipe. — Toma, aproveita e agradece pelos remédios.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora