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Mal tenho tempo para racionar quando o taxi para a nossa frente e ele abre a porta.

— Valeu, Tico. — Agradeço fazendo um toque de mão ouvindo ele e o amigo se despedir.

Entro no carro dando boa noite e logo o lugar ao meu lado é ocupado.

Antes que ele possa falar, passo o endereço do hotel em que estou hospedada e vejo a expressão de dúvida se formar em seu rosto.

— Estou lá, ou não daria tempo de chegar aqui. — Suspiro encostando a cabeça no banco.

— Vai ficar me ignorando até quando? — Sua voz rouca invade meus ouvidos.

Fecho os olhos sentindo meus dedos do pé latejar.

— Não estou ignorando, só acho que aqui não seja o lugar certo para ter qualquer tipo de conversa. — Me limito a dizer, percebendo o silêncio invadir o ambiente em seguida.

Sim, eu me incomodei mais do que eu gostaria com a noite de hoje.

E não, não foi pelo fato de ter, seja lá quantas mulheres com quem ele já se envolveu dividindo o mesmo ambiente. Mas sim, com a situação onde ''eu'' que tenho que lidar com a porra da infantilidade dele com o Flávio, e ser madura o suficiente ao ponto de me posicionar sem fazer cena, mas quando o foco muda, quando a pedra no sapato vem da parte dele, eu apenas tenho que abstrair e engolir o que tá entalado na minha garganta?

A diferença da Manuella do inicio do nosso relacionamento e a de agora, é que eu jamais vou calar o que tá gritando dentro de mim quando algo de fato me incomoda, só por tentar fazer com que as coisas deem certo.

A época de engolir sapo já passou.

O carro para em frente ao prédio e já sabendo que não vou ter a oportunidade de pagar, desço e vou subindo os degraus que tem em frente da entrada. Me viro o observando se aproximar, ele me olha sutilmente quando volto a andar passando pela recepção.

Dentro do elevador já tiro os saltos sentindo meus pés relaxar quando finalmente sentem o chão gelado.

A porta se abre e eu me apresso em ir até a porta do quarto, onde passo o cartão que nos dá acesso ao ambiente. Ligo a luz e vou largando as coisas pelos cantos enquanto caminho até a porta da sacada onde abro permitindo o vendo frio da noite invadir todo o quarto.

— Vai mandar o papo agora ou vai fazer greve de silêncio aqui também? — Ainda de costas reviro os olhos pela maneira de como ele é sempre tão direto com as palavras.

Solto o cabelo do coque bagunçando os fios, quando me viro meus olhos o encontra sentado na ponta da cama já sem camisa.

— Não tô afim de brigar, Filipe... — Murmuro largando os grampos em cima da mesinha de canto. — Eu só tô cansada dessas cenas desnecessárias da qual rolou antes mesmo que eu pudesse chegar... — O encaro sentindo seus olhos me analisarem. — Ou você acha mesmo que eu não iria ficar sabendo?

Sorrio fraco negando com a cabeça começando a tirar os brincos.

— É a última vez que a gente conversa sobre esse assunto, só isso que eu tenho a dizer. — Sua risada baixa me faz arquear a sobrancelha.

Ele se apoia sobre os joelhos e entrelaça as mãos apoiando a cabeça sobre elas.

— Saquei... — Murmura passando o dedão por entre os lábios. — Até a mãe do cara te provou hoje o que tu se nega acreditar e eu que tenho que relevar essas porras? — Balança a cabeça em afirmação ao mesmo tempo em que puxa o ar com força.

Coço a testa totalmente saturada principalmente pelo cansaço de hoje.

— Porque é tão difícil você priorizar o que eu falo, Filipe? — Rebato de forma calma atraindo novamente sua atenção. — Eu não to preocupada com quem fala, ou seja lá que caralho estão falando, não vai mudar nada do que eu sinto por você.

Jogando a cabeça pra trás ele fica em pé de uma vez.

— Eu só quero que você uma vez esqueça isso, e se respeitem ... — Dou passos parando em frente dele que me olha de cima a baixo. — Ele foi importante em uma fase difícil pra mim, mas não passa disso. A única pessoa que ainda tem acesso a todas as facetas de quem eu sou é você, cara.

Negando com a cabeça ele desce as mãos até minha bunda apertando com força.

— E o que rolou que te deixou puta? — Estreita os olhos. — Tô ligado que não foi por isso.

Sorrio forçadamente me afastando dele indo até minha mala.

— As vezes a sensação que eu tenho é que você se faz de maluco, sábia? — Me abaixo mexendo nas minhas roupas procurando algo pra vestir. — Uma hora você quer fazer graça peitando o Flávio, mas ao mesmo tempo quer cobrar postura minha quando o assunto é seus ex brinquedinhos.

A risada forçada dele surge e eu sou capaz de senti-lo bem atrás de mim.

— Tu vai meter essa, mermo? — Paro de mexer nas coisas só pra conseguir olhar bem na cara dele. — Papo reto?

— Vou... meter essas e quantas eu quiser, porquê eu to de saco cheio de ter que ficar  engolindo deboche das mamadas que você levou... — Pego uma calcinha e uma camisola e me levanto encarando ele que tá com aquele ar de quem tá achando graça e me faz querer voar no pescoço dele. — Não vai ter uma próxima vez, e eu acho bom você ficar ciente disso.

Tento passar por ele ir até o banheiro mas sou puxada com tudo pelo braço até a cama onde ele me empurra e já sobe em cima de mim, me prendendo por baixo dele.

Respiro fundo fuzilando seus olhos que se apertam conforme ele aproxima o rosto me encarando a centímetros de distância.

— Não vai ter uma próxima vez... — Umedece os lábios desviando o olhar para meus seios que estão quase pulando do cropped. — Todo mundo agora sabe que eu tô no teu porte, e que não só o ret, mas o Filipe tem dona.

Ergo o queixo quando seus olhos sobem lentamente voltando a encarar os meus.

— Você não vai conseguir me domar, hoje... — Sussurro pausadamente. — Vai me desejar e não vai poder me ter.

Seu maxilar trava e sua respiração forte bate contra meu rosto.

Por trás do seu olhar consigo presenciar seu instinto dominador o invadindo lentamente, as pupilas se dilatam e um sorriso provocativo se formar no canto da sua boca causando um arrepio por todo meu corpo.

Automaticamente meu corpo esquenta como se reconhecesse o poder que ele tem sobre mim.

— Acha que me engana, Manuella? — Fala de forma grave e forte me roubando o ar. — Só de te olhar sei que essa buceta tá escorrendo.

Minha boca se abre lentamente em busca de ar conforme nossos olhos se prendem um ao outro, exalando luxuria e fome pelo outro.

Quando penso que ele vai me prender ainda mais sobre ele o telefone toca me tirando do transe.

O empurro e consigo sair de baixo dele ainda ouvindo o toque do celular, bufando ele se levanta e aceita a ligação, aproveito a deixa e vou de uma vez para o banho.

Assim que tranco a porta atrás de mim, decido fazer algo em que a meses parecia quase impossível de acontecer.

É quando posto um stories com a nossa primeira foto juntos.


É quando posto um stories com a nossa primeira foto juntos

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@manuu.medeiros via story

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