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Manuella°

17 semanas de gestação ( Entrando no 5° mês)

Sento na ponta do sofá vendo a bagunça que minha mãe, Steff, e dona Vanda estão fazendo na área externa perto da piscina, isso porquê o combinado era só um bolinho.

Os enjoos por aqui já não são mas tão constantes como antes, isso eu já não posso dizer o mesmo da minha bexiga que parece estar sempre cheia, dormir uma noite inteira é quase um sonho distante.

Estico minha coluna sentindo meu celular vibrar em cima da minha perna, hoje tenho alguém responsável pela minha agenda de trabalho, falando em trabalho, esconder a barriga tem sido uma novela cheia de drama, logo eu que nunca me vi dispensar uma campanha se quer de biquini tenho me visto usar a desculpa de que estou sem tempo, e confesso que isso tem mexido um pouco com a minha cabeça.

— Aqui ou ali? — Minha mãe fala atraindo minha atenção enquanto segura um balão.

Faço careta e antes que eu possa responder qualquer coisa escuto passos adentrar o ambiente o que me faz virar a cabeça e encontrar o Filipe que acabou de chegar em casa depois de uma semana intensa de shows.

A careta que ele faz é a mesma que a minha a segundos atrás, até que seus olhos me encontram e um sorriso surge assim que seus braços me envolvem em um abraço.

— Disfarça que tá odiando o bagulho. — Sussurra me fazendo sorrir fraco. — Deixa as coroas aproveitar o momento, que depois a gente curte o nosso.

Respiro fundo sentindo o meu cheiro preferido no mundo.

— Eu só queria um açaí com chocolate e um pote de sorvete de maracujá. — Imediatamente ele se afasta me olhando estranho.

— Como é o bagulho? — Dou de ombros. — Porra, duas mandadas na mesma casa é pra fuder com o resto da minha coluna.

Reviro os olhos achando graça quando ele se abaixa e levantando minha blusa beijando minha barriga e começando o momento só deles.

Tem sido assim, todos os dias.

— Oi minha princesa, o pai mal chegou e já ta tendo que lidar com tua marra nos desejos de comida estranha e as paradas que tua mãe insiste em dizer que é coisa tua... — Dou risada passando a mão por seu cabelo que agora está da cor natural dele. — Vou mandar comprar lá só pra provar a tua mãe que o paizão aqui sempre esteve certo sobre a minha princesa.

Arqueio a sobrancelha quando ele me encara depois de beijar minha barriga.

— Vou nem perguntar se vou poder postar, porquê já sei a resposta. — Estreito os olhos passando as unhas por sua barba que já está grandinha.

— Já conversamos sobre isso, dá pra parar de ser emocionado? — Sorrindo abertamente ele segura minha bunda com as duas mãos me fazendo dar risada quando a mãe dele fala de algum canto o que faz com que ele se toque e se afaste.

— Filipe, você já falou com o seu pai?... — Volto a me sentar observando ele que vai até ela. — Ele ficou de ir buscar o Théo, só que a Célia acabou de falar que o Matheus vai passar lá em casa para ajudar com as coisas, e eu confio mais nos meus netos do que no seu pai, seu irmão e seu cunhado juntos.

Dou risada confirmando com a cabeça.

— E quem mandou ele ir? — O Filipe pergunta desviando o olhar rápido demais.

Permaneço quieta, até por que se ele que convive com o Matheus não tá sabendo quem dirá eu, que só fico sabendo das coisas por meio de fofoca.

— Escutei o Dallas falando que o Cabelinho puxou um bolão ae, deve ter alguma coisa haver com isso. — A Steff fala me fazendo voltar a encarar o sonso que tá parado a alguns metros a minha frente fingindo que não sabe de nada.

— Engraçado... — Cruzo as pernas. — E como é que o Victor está sabendo que o chá vai acontecer exatamente hoje, se o Dallas e o Tico foram os únicos convidados?

Minha mãe dar risada passando por mim.

— E aqui começa a primeira discussão de pais. —Escuto ela dizer enquanto o bonitão de quase quarenta anos coça a barba fingindo que tá mexendo no celular até que por um descuido seu olhar encontra o meu, e é o bastante para confirmar minhas suspeitas. — Filipe, que porra você e o Matheus inventaram?

Deixando o celular de lado ele se aproxima.

— Ah, amor. O bagulho vazou... já foi, até teu amiguinho lá tá sabendo já. — Abre os braços sendo mais sonso impossível. — Uma hora ou outra a parada vai se tornar pública mermo, sem estresse, tá tudo sobre controle.

Respiro fundo me segurando pra não voar no pescoço dele.

Minha sogra e a Steff dão risadas provavelmente pensando o mesmo que eu.

— Tudo sobre controle?... E você jura que tá acreditando nisso? — Decido dá de ombros e não me estressar, deixo ele falando lá com minha mãe e a mãe dele vou até o quarto com a Steff que aproveita pra me atualizar dos assuntos.

Sento na cama depois de separar a roupa que vou usar enquanto ela segue falando.

— O Filipe falou do Flávio, tá tudo bem entre eles? — Olho para ela puxando um travesseiro para apoiar minha coluna.

— Eu já desistir de entender eles. — Suspiro. — Mas já falei para o Filipe que não vou priva-lo de conhecer nosso bebê.

Ela confirma com a cabeça sorrindo.

— Depois que ele e a Larah terminaram parece que a vida rasa voltou a ser o centro. — Sorrio fraco negando com a cabeça.

— O Flávio precisa de alguém que não viva cercado das futilidades desse meio que ele e o restante vive. No final, nem eles mesmo sabem o que querem, vivem tentando preencher algo que se quer sabem exatamente o que é, luxo, putaria, drogas e mulheres não vale a verdadeira essência, e a gente sabe bem qual é a dele.

Ficamos mais alguns minutos jogando conversa fora quando por fim me vejo pronta em frente ao espelho, o Filipe tá no banho e um turbilhão de emoções me cercam.

— Eu não consigo ser tão certa em um palpite como o seu pai tá sendo desde quando soube que você já estava aqui... —Sussurro enquanto faço carinho na minha barriga já sentindo as lágrimas tomarem meu rosto. — Mas eu sei, que independente de quem você seja, já trouxe sentido a tanta coisa, já me fez entender de verdade o porquê tudo aconteceu como tinha que acontecer. Eu cresci, meu amor. Aprendi a ser o melhor de mim para que pudesse ser o melhor pra você, talvez você seja mesmo a tão princesa esperada do seu pai, ou quem sabe, a nova versão dele, pronto pra desbravar o mundo. No fundo, no fundo o que importa é que você chegou, e eu já te amo bem mais do que eu imaginei amar alguém.

O Cheiro do shampoo do Filipe invade o ambiente ao mesmo tempo em que seus braços me envolvem, ergo o olhar encontrando os seus tão intensos, acesos como a chama que queima em uma vela.

— Você vai ter a melhor mãe do mundo, independente se você é o Liam ou.. — O interrompo entrelaçando nossos dedos.

— Ou a Maya. — Fecho os olhos repousando a cabeça em seu peito, mais certa do que nunca estive na vida, de que aqui, é o meu lugar.

Escutamos barulhos de vozes e eu nem preciso me mover pra saber que o restante da família chegou, pelo menos eu espero que tenha sido apenas eles.



OBS: Que comecem os palpites!

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