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Filipe°

Inspirei fundo assim que cheguei no camarim sentindo minha coluna fudida, mal conseguia mexer o corpo e os pensamentos estavam a bilhão por horas com o monte de pica pra resolver no bagulho.

Sento no sofá ouvindo o Tico falando sem parar atrás de mim e eu nem to focando em em porra nenhuma, a paciência já foi pra casa do caralho a tempos.

— E ae, ainda dá tempo de desistir e encostar no hospital. — Jogo a cabeça pra trás respirando fundo.

— Porra de hospital, Tico. — Suspiro. — To de boa.

— Então jáe, a decisão é tua. Vou adiantar as paradas. — Apenas balanço a cabeça vendo a equipe rodar pelo local.

Acendo um baseado tentando ao máximo ficar o mais relaxado possível, mesmo depois de me entupir de remédio a sensação é de que não tá aliviando porra nenhuma.

Fico na minha tentando relaxar o máximo quando escuto a voz da Steff se aproximando.

— Filipe, você vai atender o pessoal que tá ae? — Abro os olhos lentamente olhando pra ela.

— Tô fodido. — Resmungo sentindo a coluna doer enquanto tento me sentar. — Tem muita gente?

— Ainda dá tempo de ir no hospital, cê sabe. — Reviro os olhos ouvindo ela dar risada. — Ok, já me calei. Tem um grupo de pessoas, só, e um galera da produção.

Faço joia com a mão jogando a ponta do baseado fora.

— Jáe, daqui a cinco minutos pede pra liberar ae. — Me esforço pra levantar sentindo os olhos dela em mim.

Tô fudido? Tô, mas não é isso que vai me fazer parar.

To a dias com a porra de mente perdida no tempo, um monte de treta no bagulho pra resolver, pilhadão tentando ao máximo fugir do desenrolo porquê não tô com saco pra bater de frente com nada que venha cortar minha brisa. E eu tô ligado que uma hora a conta vai chegar, mas no momento eu prefiro ligar o modo automático e só seguir o fluxo do dia a dia.

Tava paradão no meio do camarim sentado no sofá de canto recebendo o povo quando vejo alguém que ainda sim seria capaz de reconhecer de longe.

Ela se aproxima quieta na dela ficando de canto, o Tico percebe a presença e vai direto trocar uma ideia.

Nossos olhares se cruzam e eu permaneço na minha dando atenção aos fãs, fico intrigado pensando qual foi dessa aparição repentina.

Sorrateiramente vejo seu sorriso de canto, até que quem tava transitando pelo local sai do ambiente nos deixando a sós, coisa que a maior cota não acontece.

— Errou o caminho de casa? — Pergunto olhando de baixo pra cima enquanto mexo nos anéis da mão esquerda.

A observo jogar o cabelo e sorrir de lado enquanto caminha na minha direção se sentando bem no braço do sofá do meu lado... Perto demais.

O perfume doce invade minhas narinas trazendo lembranças que há um tempo não estiveram presentes na minha cabeça.

Inspiro fundo tentando clarear a porra da mente.

Não dá pra piorar o que já tá de ponta a cabeça.

— Não sabia se seria bem vinda, resolvi arriscar. — Enrugo a testa virando a cabeça pra olhar em seus olhos. — Você não tá muito bem, né? Deveria ir no hospital.

Como um flash lembro de quem tentou me convencer horas atrás por ligação.

Suspiro me encostando tentando ao máximo não esticar a coluna e nem perder o controle do meu estado de espírito.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora