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— Já tá rodando tudo, Manu. — Fala acelerado, igual a mim. — Cadê ele? Já foi? — Confirmo com a cabeça olhando pro Théo que assiste sentado na cadeirinha enquanto a Steff só olha na nossa direção preocupada.

— Você não tem noção da porra da zona que ficou o quarto, assim que eu cheguei dei de cara com tudo. — Respiro fundo soltando o ar pela boca. — Preciso que vocês fiquem com o Théo, mais uma vez. Vou até lá, não sei do que o Filipe é capaz e os que estavam ae são tudo menos educados.

Ele coça a cabeça bufando.

— Quer que eu vá com você? — Nego rapidamente. — É só pra ficar com o Théo? O Tico ligou, falou que também bateram em outros endereços incluindo a casa dos pais dele, fala ae no que eu posso ajudar. — Passo a mão na testa sentindo o suor descer. — O advogado dele já tá ciente e indo pra lá

— Vai dar tudo certo, só preciso que você fique com o Théo mesmo e assim que as coisas resolverem eu volto, ou dou sinal de vida, já que até o meu celular foi levado. — Ele faz careta e fala mais algumas coisas, me ajuda a pedir um uber e eu me apresso a ir até a mesa onde um serzinho está totalmente tranquilo e alheio a toda confusão que o pai dele foi se enfiar.

— Cadê o papai? — É a primeira coisa que ele pergunta ao me ver, o que de certa forma me faz engolir seco.

Não ter respostas diante de uma situação dessas me faz ficar em uma posição a qual odeio.

— O seu papai foi comprar o joguinho que você pediu, lembra? — Me abaixo do seu lado e ele me olha sorrindo.

— Ebaaa ... — Levanta os braços me fazendo rir fraco. — Ele vai voltar logo, tia? — Confirmo sem saber ao certo o que fazer.

— Vai sim, meu amor. Já, já ele volta e a gente vai fazer castelo de areia, tá bom? — Ele confirmar e abraça meu pescoço, dou um beijo na sua bochecha e me afasto. — A tia vai sair rapidinho, tem algum problema em você ficar com os titios?

Seu olhar vai de mim para os nossos amigos e um sorriso surge.

— Vou ganhar doce? — Fala olhando pro Dallas que sorrir.

— Só se você não contar a sua mãe. — O pequeno confirma com a cabeça voltando a atenção ao desenho dele de antes.

— Amiga, obrigada por mais essa, juro que vou tentar voltar rápido. — Ajeito minha bolsa no ombro.

— Relaxa, aqui a gente se resolve. Só por favor, fiquem calmos e tentem não fazer mais burradas. — Reviro os olhos negando com a cabeça.

— Fala isso pro seu chefe que parece um adolescente de 17 anos doido por briga de rua. — Ela sorrir e eu me despeço dela saindo em direção a entrada no hotel onde o Dallas me acompanhou até o uber chegar.

Assim que pego a estrada não consigo parar de balançar as pernas, minha ansiedade está quase me roubando o ar e eu só consigo orar baixinho pedindo a Deus que dê tudo certo.

Quando vejo o carro estacionar vejo a confusão de jornalistas na porta da delegacia, pelo amor de Deus, esse povo perde a vida por problemas dos outros.

Quem dera se as notícias boas tivessem a mesma proporção como as tragédias alheias, hoje em dia você não só vale o que você tem, a exposição dos seus erros é o que te faz ser o melhor produto a ser vendido.

É ter uma vida vazia, superficial, e movida pelo caos é a única coisa que consigo enxergar diante disso.

O motorista encerra a viagem e o meu cartão chora pela facada, desço do carro e nessas horas dou graças a Deus por não ser famosa, e nem ter a exposição que o Filipe tem, o que me possibilita passar despercebida entre os urubus do lado de fora.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora