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Inspirei fundo com a sensação de que meu coração estava prestes a sair pela boca quando finalmente ouvir a voz dele soar do outro lado.

— To ouvindo. — Falou de forma grossa e seca, me fazendo ter ainda mais certeza que as coisas não estavam nem um pouco perto de ser resolvidas.

— Você pode ao menos me dizer o que tá sentindo? — Fecho os olhos respirando o fundo tentando ao máximo não deixar meus sentimentos de frustação falar mais alto.

O silêncio se faz presente e a única coisa que sou capaz de ouvir é a sua respiração.

— Manuella ... — Suspira me fazendo engolir seco.

Consigo sentir seu auto controle por um fio.

— Filipe, dá pra você pelo menos tentar deixar as diferenças de lado e me falar o seu estado de saúde? — Inspiro fundo sentindo os olhos da dona Vanda o tempo todo em mim. — Estou perguntando como profissional, e não tentando forçar simpatia.

As vozes das pessoas ao redor vão se distanciando, o que me dá sinais que ele mudou de lugar.

— Dei um jeito na porra da coluna... — Bufa. — Tenho show, já tomei uns remédios que o Tico arrumou ae. Tô de boa!

Reviro os olhos sentindo a indiferença de longe.

— Filipe, você sabe que forçar em cima do palco só vai piorar... — Sem nem me dar a oportunidade de terminar de falar, escuto sua voz cobrir a minha.

— Já falei que tô de boa, vou desligar aqui. — Puxo o ar com força sentindo minha mente apertar com toda a situação de merda.

— Sua mãe quer falar com você. — Menti na cara dura já sem qualquer tipo de paciência pra lidar com a ignorância dele.

O Filipe é uma das pessoas mais difíceis de lidar quando quer ser birrento, e isso consegue me tirar do sério sem esforço algum.

Passei o celular pra mãe dele e sem pensar duas vezes me afastei sentindo uma certa angustia. Vou até a cama deitando junto do Théozinho que me olha assim que sente meu corpo se aproximar.

Sorrindo ele se estica um pouquinho deitando a cabeça na minha barriga enquanto assiste desenho no tablet dele.

Tentando ao máximo ficar alheia a situação, o que é quase impossível já que a Vanda está falando bem ao meu lado.

Permaneço quieta fazendo um carinho no cabelo do meu pequeno.

Até me dar conta que ela encerra a ligação me devolvendo o celular.

— Olha sinceramente, as vezes a minha vontade é de dar uns puxões na orelha dele. — Nega com a cabeça me olhando. — Ninguém consegue entrar naquela cabeça dura.

Vejo a tela do celular jogado em cima da cama acender e várias mensagens da Steff e do Matheus surgir.

Passo o dedo pelas notificações.

Steff: Amiga, vou te passar o endereço do show.

Steff: O Tico vai liberar sua entrada.

Steff: Tenta vir dar um jeito, ele não quer dar ouvido a ninguém. A situação tá realmente preocupante, não sei nem como ele tá aguentando ficar em pé.



Theus: Caralho, Manu.

Theus: O ret tá travadão e as porra.

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