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— É a última vez que vou te perguntar isso ... — Ergue o queixo fazendo cordão em volta do seu pescoço balançar, seus olhos me prendem me desconcertando ao ponto de me levar a desviar. — Tá rolando com ele?

Tenho total certeza que ele percebeu a careta que se instala sobre meu rosto.

Como assim, tá rolando com ele? Com o Flávio? É sério isso?

Nessa altura do campeonato, ele ainda tem dúvidas?

A minha vontade é de rir, mas é de nervoso. O que mais esse homem tá pensando sobre mim?

— Você ainda acha isso? — Arqueio a sobrancelha incrédula. — Sério? — Seus olhos me analisam e eu sei que ele está procurando qualquer reação inesperada da minha parte pra confirmar as suspeitas da ilusão que só ele tem nessa cabeça dura dele.

— To te perguntando na moral, Manuella. — Mordo o lábio inferior enquanto passo as mãos no cabelo do Théo. — Se tu mandar o papo de que tá com ele, eu saio de cena, deixo tu viver tua vida em paz. — Engulo seco. — Tô sendo puro contigo, diante do meu filho, pra tu não ter dúvidas do que eu to falando.

De repente meu coração se acelera, e um estralo se faz presente na minha mente. A verdade é que nós dois sabemos o que sentimentos, e temos total consciência de como tudo vem acontecendo trazendo minimamente um de volta pra vida do outro, intensificando tudo até um simples olhar de forma avassaladora.

Suspiro soltando o ar preso dentro de mim.

— Você acha que se eu estivesse com ele, estaria sozinha dentro do meu quarto com você? — Falo como se fosse óbvio, a última coisa que eu faria agora era ter esse tipo de conversa na frente do Théo.

Ele sempre soube que eu nunca vou expor ele aos nossos problemas.

— Você tem que entender que nunca houve interesse da minha parte m relação ao Flávio ou a qualquer um dos seus amigos. Agora será que a gente pode deixar essa conversa pra depois? — Com os cotovelos sobre as pernas, as mãos entrelaçadas e o queixo apoiado sobre as mãos ele apenas balança a cabeça confirmando.

Me viro voltando a focar no pequeno que me olha de lado.

— Tá passando? Fala pra tia. — Se aconchegando ainda mais em mim ele confirma com a cabeça levemente. — Mas eu to achando que você tá só querendo ficar agarrado comigo e fazer ciúmes ao seu papai, ein Théozinho.

Ele sorrir me fazendo dar risada, deixo ele focar no desenho e decido fazer o que to querendo a tempos.

— Você olha ele enquanto eu tomo um banho? — Pergunto ao Filipe que fica em pé estralando as costas.

Olhando o relógio no pulso escuto ele falar.

— Vou levar ele pra casa, é melhor. — Enrugo a testa e na mesma hora o Théo resmunga.

— Não papai, eu quero ficar com a tia Manu. — Ele começa a choramingar me agarrando ainda mais. — Por favor.. eu quero ficar. — Inspiro fundo vendo seus olhos enxerem de lágrimas enquanto ele agarra meu pescoço me deixando de coração partido.

— Calma, meu amor. A titia tá aqui — Passo a mão nas suas costas tentando acalma-lo, olho na direção do Filipe que observa nós dois meio sem jeito.

— Théo a gente tem que ir. — Sua voz grossa só faz o pequeno me apertar ainda mais.

Mas ainda sim consigo ver a indecisão predominar em seu rosto, por não saber ao certo o que fazer.

Dividida entre toda a confusão de sentimentos que se instala dentro de mim, acabo prezando pelo bem estar dele.

Respiro fundo antes de falar.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora