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Hoje é oficialmente o dia que o carro do Filipe está pra chegar e ele se quer conseguiu dormir direito de tanta ansiedade.

Parece criança quando sabe que vai ganhar presente.

Estou saindo de uma sessão intensa de fotos quando por fim decido mandar mensagem pra ele que ficou de vim me buscar, troco de roupas correndo doida pra ir embora.

Estou chegando no térreo quando meu celular toca e o nome dele surge na tela, saio do elevador chegando em frente ao hotel me deparando com o carro do batman na minha frente.

Nem preciso dizer qual foi a minha cara quando ele desceu parando metade do trânsito chamando a atenção de Deus e o mundo na nossa direção.

— Tô pelo rio de nave zero... — Cantarola me fazendo negar com a cabeça de um lado para o outro achando graça.

Nem parece que foi dormir com raivinha ontem por saber que não vou conseguir viajar com ele.

— A parte de ser discreto ficou em casa, né? — Seus braços passam por minha cintura quando ele me puxa pra perto dando risada, todo felizinho.

— Pronta pra andar na nave do paizão? — Fala enquanto abre a porta do carro que sobe bem diante dos meus olhos.

Ok, eu nem quero saber o preço do ipva desse carro.

— Vai me deixar dirigir? — Pergunto já sabendo a resposta, ele sorrir e me guia até o banco do carona.

— Vamos com calma, né? — Dou risada me sentando e já puxando o cinto de segurança enquanto ele fecha a porta ao meu lado e dá a volta.

As pessoas que passam reconhece ele e começam a buzinar e gritar seu nome, ele acena entrando logo em seguida no lado do motorista se sentando e fechando a porta.

— Vamos com calma, tá? — Repito o que ele falou, porém, me referindo a velocidade que eu sei que ele é capaz de chegar com essa maquina.

— Calma? — Sorrir fraco acelerando pra sair do lugar, olho pra ele de canto mordendo do lábio inferior. — Tem que sentir o ronco do motor, preta.

Faço careta.

— Filipe, você não é o Lewis Hamilton e se você não se lembra, a policia do Rio de Janeiro não é muito sua fã. — Arqueio a sobrancelha quando ele dá a volta pegando a rodovia.

Meu senhor, tenho certeza que a maconha e as merdas que ele usa já corromperam metade do juízo desse homem.

Sinto ele acelerar quando a estrada fica livre, fecho os olhos sentindo o frio na minha barriga.

Dou risada afundando minhas unhas na perna dele que desacelera tentando se esquivar.

— Ouu, ou... Essa porra dói... — Fala dando risada.

Estreito os olhos pra ele que para no sinal vermelho e me olha de cima a baixo.

— Se arruma que hoje a gente vai jantar, fora. — Murmura ganhando minha atenção. — Te levar pra conhecer uma pessoa.

Ué gente, o que aconteceu com a raivinha?

— Hoje não é o dia do seu futebol? — Ele confirma quando para em frente ao estacionamento fazendo o porteiro abrir os portões.

— É... Mas é o único tempo que vou ter livre antes de viajar, sei que tu vai tá cheia de trabalho em São Paulo, ou a gente aproveita antes que o Théo chegue, ou não vai rolar despedida.

Desligando o carro assim que estaciona eu desço já tentando pensar no que vestir.

— Vai dizer aonde vai me levar ou é surpresa? — Pergunto assim que entramos no elevador e ele me puxa para perto me prendendo entre as pernas.

Ergo a cabeça focando em seu rosto percebendo a barba que está crescendo.

Seu silêncio é a resposta.

Reviro os olhos ouvindo o elevador abrir e ele me abraçar por trás quando me viro dando um tapa na minha bunda ao me ver se apressar em direção ao banheiro.

Já de banho tomado paro em frente ao closet do Filipe qual metade já é meu, e me vejo dividida entre vestido ou algum conjuntinho.

Acabo optando por um vestido longo  com duas fendas, uma em cada lado.

Como sei que vamos ficar dias sem nos ver, separo uma calcinha exclusiva, já convencida em não relutar por saber exatamente como esse jantar vai terminar.

Estou terminando de colocar os brincos quando ele se aproxima por trás saindo do banho coberto apenas com a toalha presa na cintura. 

Seu olhar para em mim descendo exatamente para a abertura nas minhas pernas, o que me faz segurar o riso. De repente seu telefone que está em cima da cama toca e ele se vira de uma vez se esticando para pega-lo, arqueio a sobrancelha ao ver uma animação repentina tomar conta de seu rosto.

— Tamo encostando, tamo encostando... — Fala dando risada.

Estreito os olhos passando o gloss sem desviar da imagem dele pelo espelho a minha frente.

— Jáe, marca dez ae ... — Encerrando a chamada ele vem até mim se abaixando na curva do meu pescoço onde não pensa duas vezes antes de chupar. 

— Filipeeeeee... — Reclamo tentando me afastar enquanto ele dá risada. — Você faz de proposito, cara.

Tento me virar mas ele prende o cabelo da minha nuca puxando minha cabeça com tudo para trás. 

— Bora que hoje tu sabe como termina. —Pisco os olhos em deboche me levantando vendo quando ele tira a toalha de proposito na minha frente, esbanjando aquele sorrisinho safado de canto.

— Deixa de graça e vai logo se arrumar, depois fica reclamando que sou eu que demoro. — Desvio quando ele tenta me segurar e saio correndo do quarto dando risada.

Não demora e ele surge na minha frente com uma calça preta, camisa polo vermelha complementando o look com anéis e o cordão de ouro em volta do pescoço.

O cheiro do seu perfume toma conta de todo ambiente e eu tenho que relutar muito para não desistir de sair e relembrar nosso remember em cima da mesa. 

— Partiu?— Me olha já abrindo a porta depois de pegar as chaves do carro.

Suspiro e confirmo com a cabeça pegando minha bolsa e passando por ele.

Saímos do apartamento pegando a rodovia a alguns minutos atrás, o trânsito até que está fluindo bem mas me surpreendo quando ele pega um caminho diferente entrando em uma área pouco iluminada. Até que percebo onde estamos quando de longe vejo várias lanchas posicionadas.

— O que você tá aprontando, ein? — Olho em seu rosto que devolve o olhar sorrindo passando a língua entre os lábios. 

Ele estaciona e desliga o motor.

— Bora que tem gente esperando. — Faço bico quando ele sai abrindo a porta do seu lado e vindo logo me ajudar a sair.

De mãos dadas caminhamos por todo um deck de madeira passando por entre os barcos sentindo o vento da noite se chocar com a nossa pele, me achego um pouco mais nele me arrependendo imediatamente de ter escolhido esse vestido. 

Faço menção de abrir a boca pra falar quando uma voz surge de dentro de uma lancha enorme toda iluminada, estreito os olhos tentando identificar ao mesmo tempo que o Filipe gargalha do meu lado.

— Porra... O coroa foi laçado por uma novinha. — A voz rouca conforme nos aproximamos me faz parar no mesmo lugar apertando o braço do outro. — E ainda tá com um carro da hot wheels.

— É o Djonga? ... — Sussurro entredentes afundando minhas unhas na pele do Filipe quando ele surge na minha frente de carne e osso, dando a maior gargalhada rouca, do jeito que só ele sabe fazer.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora