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— Encosta a porta. — Ela pede assim que me ver adentrar o quarto. — Fala pra tia Manu, onde doí, meu amor. — Seu timbre de voz se torna doce como em todas as vezes que ela se direciona ao Théo, e é exatamente essas coisas que me pega em cheio quando o assunto é ela.

Mesmo que as suposições dela e do Orochi juntos segue tentando ganhar espaço na minha mente.

— Tá doendo aqui e aqui. — O Théo responde a ela enquanto me aproximo dos dois me sentando na ponta.

Se virando pra mim ela me olha em busca de respostas.

— Só sei que ele comeu um pedaço de bolo de chocolate e uns salgados que tua mãe a Steff deu a ele. — Suspiro olhando diretamente pra cara dela. — Tava indo pra casa já, mas ele começou a chorar pedindo pra te ver.

Vejo o exato momento em que a feição dela muda se virando pro Théo que tá com o dedo na boca agarrado no braço dela.

Batidas na porta surge e a mãe dela aparece com uma xícara na mão.

— Trouxe o chazinho dele, tá morninho. — A Manuella pega a xícara e pede pro Théo sentar, mesmo contrariado ele começa a tomar.

— Mãe, o que tem nos salgadinhos que ele comeu? — Escuto ela perguntar antes que a mãe dela saia do quarto, sua atenção tá toda voltada no Théo e eu só consigo observar tudo quieto.

— Eu acho que ele comeu um bolinho de bacalhau e umas coxinhas. Ele tem alergia a alguma coisa? — Nego com a cabeça.

Ela sai nos deixando a sós novamente, sinto que ela tá me olhando o que me faz levantar a cabeça retribuindo o olhar.

— Tá quieto, porquê? — Estico as costas respirando fundo negando com a cabeça. — Filipe ... — Insiste.

Passo a língua no lábio umedecendo os lábios ajeitando o cordão no pescoço.

— É a última vez que vou te perguntar isso. — Ergo o queixo olhando sério pra ela que muda o olhar de mim pro Théo. — Tá rolando com ele?

Sua testa enruga e ela me olha.

— Você ainda acha isso? — Arqueia a sobrancelha. — Sério? — Sorrir fraco.

— Tô te perguntando na moral, Manuella. — Engulo seco erguendo o queixo. — Se tu mandar o papo de que tá com ele, eu saio de cena, deixo tu viver a tua vida em paz. — Seus olhos piscam algumas vezes seguidas enquanto ela me olha. — Tô sendo puro contigo, diante do meu filho, pra tu não ter dúvidas do que eu to te falando.

O silêncio se faz presente e o único som que escuto é o da respiração forte dela que passa a mão no rosto do Théo fazendo carinho, ele tá ainda mais grudado nela, o que só me deixa ainda mais apreensivo com o que ela vai falar por saber que eu não vou ser o único a sentir o peso se essa for a nossa última conversa.

— Você acha que se eu estivesse com ele, estaria sozinha dentro do meu quarto com você? — Apoio os cotovelos sobre as pernas enquanto junto as mãos e entrelaço os dedos. — Não vou meter o Théo nisso, o que eu sinto por ele é muito superior a qualquer problema que envolva você e eu.

balanço a cabeça concordando.

— Você tem que entender que nunca houve interesse da minha parte em relação ao Flávio ou a qualquer um dos seus amigos. Agora, será que a gente pode deixar essa conversa pra depois? — Confirmo com a cabeça escutando ela conversando com o Théo.

— Você olha ele enquanto eu tomo um banho? — Levanto esticando as costas olhando o relógio que tá quase marcando dez da noite.

— Vou levar ele pra casa, é melhor. — Digo e na mesma hora o Théo resmunga.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora