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Todos os planos foram mudados desde que o Filipe saiu daquele quarto e só voltou horas depois, completamente chapado e cheirando a bebida.

Enquanto arrumava minhas malas sentada no chão do quarto só observei o exato momento em que ele saiu do banho sem roupa e literalmente apagou, sem dar sinais de qualquer resquícios de arrependimento ou se quer, o interesse de tentar uma conversa.

E sim, mais uma vez eu me vi sendo machucada.

O que de certa forma me fez voltar o mais rápido possível para o Rio, e assim eu fiz, peguei todas as minhas coisas e sair daquele hotel sem olhar para trás.

Carregando dentro de mim o peso da confusão de sentimentos que transbordava no peito.

Quatro dias já havia se passado desde aquela noite, e a distância era real entre nós dois, e eu nem estou falando fisicamente.

Estava saindo do hospital acompanhada da advogada que conseguiu me privar de mais um estresse, que é o fato de estar aqui novamente, em busca dos meus direitos. Se fosse a alguns dias atrás eu estaria totalmente decidida a bater de frente, mas diante do cenário que a minha cabeça se encontra acabei optando por me manter quieta e deixar a Giovanna a tomar a frente.

Mas de fato o que mais me chamou atenção foi a cena que presenciei assim que chegamos ao estacionamento do hospital.

— Acredito que eles não vão tentar recorrer a isso. — Escuto ela falar enquanto destrava o carro. Estreito os olhos pra ter certeza se o que estou vendo não é coisa da minha cabeça. — Manu, tá tudo bem? — Sinto sua mão tocar meu braço.

Confirmo com a cabeça me mantendo parada no mesmo lugar observando o desenrolar a minha frente.

O elevador se abre e os cabelos pretos a minha frente surge, os passos apressados, a roupa diferente do uniforme do hospital enquanto tenta analisar o ambiente, consigo sentir o nervosismo de longe. A conheço o suficiente pra saber quando está tentando não ser pega.

Estreito os olhos no exato momento em que a Mercedes preta liga conforme ela se aproxima, abre a porta e entra no carro.

Pisco uma, duas vezes.

— Que porra, é essa? — Dou alguns passos para trás ficando entre o carro e uma coluna de concreto.

Com o sorriso no rosto ela puxa o cinto ao mesmo tempo que os vidros fumê sobe lentamente, estico o pescoço só pra confirmar minha suspeita.

O carro acelera saindo do prédio me deixando em total confusão comigo mesma.

Até que ponto as pessoas seriam capaz de ir pelos próprios interesses pessoais?

Será que ela seria tão baixa a esse ponto?

Nego com a cabeça me custando acreditar, mas como eu iria contra a algo que meus olhos acabaram de ver?

A Carol e o Fernando, diretor do hospital juntos.

— Quem era? — Escuto a Giovanna questionar me tirando do transe. — Manu?

Olho em seu rosto mordendo o lábio inferior.

— Acho que eu sei quem armou contra mim. — Me limito a dizer quando ela abre a porta do carro me levando a entrar no banco do carona, eu não sabia o que fazer, minhas mãos tremiam sem parar.

Inspiro forte sabendo que chegar pra questionar qualquer coisa do tipo agora é como dar um tiro no próprio pé.

Dessa vez eu não posso deixar as minhas emoções falarem mais alto.

Abro a conversa com o Matheus pedindo pra assim que ele estiver sozinho me ligar, no momento sem o Filipe por perto, ele e a Steff são os únicos que sei que posso confiar.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora