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Filipe°

A sensação que me invade é como se meu coração estivesse prestes a parar, a cada entrada de ar nos meus pulmões. Porra, a parada é diferente de tudo que eu já imaginei, ainda mais agora, enquanto ela dorme com a cabeça no meu peito e a mão que involuntariamente foi parar na barriga.

Já tinham me falado que descobrir sobre o segundo filho é diferente do primeiro, e porra, quando eu pensei que não pudesse amar mais alguém no mundo como eu amo o Théo, acabo de ter a convicção que o sentimento transborda, ao ponto de tu não conseguir controlar os arrepios que surge a cada vez que o pensamento me invade.

"Caralho, é real... a Manuella tá grávida, de um filho meu!"

Sorrio fraco passando a mão na boca balançando a cabeça de um lado para o outro tentando sair dessa brisa que parece se alastrar a cada segundo na minha mente.

Observo quando ela se afasta abrindo os olhos e se sentando na cama de uma vez vestindo apenas uma camisa minha que cobre a calcinha e o par de meias nos pés.

Estreito os olhos quando ela me olha por um segundo antes de sair correndo na direção do banheiro.

E eu jurando que essas paradas de enjoo, demorava mais pra acontecer.

Levanto as pressas e vou atrás dela que tá sentada em frente ao vaso limpando a boca.

— Eu odeio vomitar ... — Choraminga me fazendo rir fraco enquanto seguro seu cabelo.

— Faz parte, amor... — Sussurro quando ela faz esforço pra levantar enquanto a ajudo segurando seus braços. — Lava o rosto, vou pegar água.

Escuto a torneira sendo aberta quando me viro e dou as costas indo até o frigobar do quarto pegando uma das garrafinhas.

— Filipe ... — Me chama de volta assim que ponho a cabeça na porta do banheiro e a encontro com o rosto todo molhado e os olhos fechados. — Esse enjoo não vai passar.

Paro nas suas costas a puxando para perto fazendo com que ela apoie a cabeça no meu peito enquanto abro a garrafa e apoio na sua frente.

— Bebi essa água, respira que vai dar certo... — Apoio a mão na sua barriga fazendo carinho a observando beber a água. — Vou pedir café no quarto e qualquer coisa cancelo de ir no rolê com a turma.

— Não... — Nega com a cabeça me entregando a garrafa. — Não quero que você pare seu roteiro por que seu filho decidiu começar a marcar território. 

Dou risada aproveitando para dar um beijo em seu pescoço.

— Primeiro, que é minha filha que tá ae dentro... — Sussurro sentindo o cheiro na curva do seu pescoço. — E já pode cancelar esse papinho de que eu tenho que sair e te deixar aqui.

Revirando os olhos ela sorrir e fraco e dá de ombros.

— Você sabe que castigo de homem safado é ter filha mulher, né? — Rebate se virando e ficando de frente pra mim.

Arqueio a sobrancelha segurando a risada.

— Castigo de vagabundo é me ter como sogro. — A risada que surge da sua garganta me faz segurar seu queixo olhando seus olhos de cima. — Vai peitar teu marido, mermo Manuella?

Mordendo o lábio inferior ela segura meu quadril e me puxa ainda mais pra perto.

— Marido? — Arqueia a sobrancelha. — Até onde eu sei, não receber nenhum convite e muito menos ganhei um anel.

Dou risada sustentando seu olhar fixo.

— Quer que eu meta uma faixa na torre eiffel ou em um arranha-céu em Dubai?... O filho já tá encomendado, agora é pra sempre, morena. — O sorriso que surge em seus lábios é o que me dá passe livre para avançar e iniciar um beijo lento carregado de desejo.

Batidas na porta me faz bufar quando estou prestes a segura-la no colo e cair com tudo embaixo do chuveiro.

— Só tem pau no cú, mermão... — Me afasto ouvindo ela rir enquanto me observar ir até a porta do quarto.

Não demora para a voz do Tico surgir.

— Bora, porra. Tem reserva no restaurante lá, esqueceu? — Coça a nuca pronto pra meter uma desculpa, que vai por água a baixo segundos depois quando a voz da Manu invade o espaço entre nós.

— Que restaurante?... — Reviro os olhos vendo a cara de espanto do outro na minha frente.

— Que parte eu perdi? — Escuto ele perguntar, dou espaço na porta permitindo com que ele a veja parada perto da cama.

Olho diretamente pra ela que tá com aquele ar de desafio estampado no rosto.

E aqui vemos mais uma vez a rebeldia dela me provando que ela chegou na minha vida provando que por mais que eu quebre a porra das regras, ela sempre vai tentar dominar o desenrolar do jogo.

Não tem mais pra onde correr, irmão.

Ela é a dona da cena, minha e dos meus filhos.

— No restaurante a gente te explica... — Balança a cabeça como a criança atentada que ela é. — Só por favor, não fala agora ao Théo que eu cheguei.

Me olhando ele sorrir e confirma com a cabeça.

— Não sei que porra vocês estão escondendo, mas que a parada tá diferente, tá. — Dou risada fazendo toque de mão com ele que sai logo em seguida.

— Dez minutos, Filipe Ret. — Grita entrando no banheiro fechando a porta antes que eu possa alcança-la. — Hoje o Théozinho vai descobrir que virou irmão mais velho.

Nego com a cabeça sorrindo abertamente.

Porra, a parada é real, mermo.

Meia hora depois chegamos no hall do hotel onde a turma toda tá reunida, sinto seus dedos apertando os meus quando a primeira pessoa que nota a nossa presença é o meu filhote.

— Tia Manu? — O grito que ele dá antes de sair correndo na nossa direção faz todo mundo se virar, o Dallas olha para a Steff com uma interrogação formada no rosto e eu me abaixo pegando o Théo no colo antes que ele pule com tudo em cima da Manuella. — Papai, por que você não disse que a tia Manu ia vim?

Dou risada quando ele se joga abraçando o pescoço dela que tá do nossos lado.

— Porque a tia quis fazer surpresa, meu amor. — Ela o pega no braço me ignorando totalmente. — E ae, gostou da surpresa?

Sorrindo ele olha fixamente para o rosto dela enquanto passa as mãos nos fios de cabelos.

— Eu amei, agora a gente vai no parque juntos, como eu sempre quis. — Dou risada observando os olhos dela enchendo de água.

— Só que agora a gente vai passear, vai comer e depois eu e o papai tem um segredo pra contar. — Sussurra a última parte fazendo a curiosidade tomar conta dele.

— Segredo, tia? — Diminui a voz voltando a atenção para mim em busca de respostas.

Confirmo com a cabeça quando ela o põe no chão de volta.

— Então vamos logo, vamos papai... — Segura minha mão e sai me puxando.








OBS: Oi gente, sei que sumi por longos dias.
Mas foi realmente necessário e por ordens médicas, depois de uma crise de burnout causada por esgotamento e estresse extremo. Estou voltando para soltar os últimos capítulos de contramão, ou seja, sim, estamos oficialmente na reta final.

E feliz 2024 a todos! <3

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora