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Manuella°

Desde que saí do apartamento do Filipe tenho tentado ao máximo ignorar a linha de pensamentos que vem tentando me pressionar sobre ser certo ou não minha atitude impulsiva. Pra mim a lógica é só uma, isso não vai pra frente então melhor já ir cortando qualquer flagelo de expectativa que possa ser frustada.

Fecho os olhos inspirando fundo passando a língua nos lábios ao mesmo tempo que prenso minhas pernas uma sobre a outra quando sinto minha temperatura em um local específico subir ao lembrar da noite passada e o toque dele que ainda é tão real sobre mim.

Não tem como, tá escrito na cara daquele homem que é problema na certa, e eu prometi pra mim mesma a que não me meteria mais em situações que pudesse me fuder emocionalmente. Por mais que o motivo tenha um metro e oitenta e seja dono de um olhar que te causa sensações totalmente fora do seu controle.

— Eu não sei que cor coloco na cortina da sala. — Escuto a voz da minha mãe surgir pelos corredores da loja me trazendo a realidade.

Vim ao shopping só pra comprar coisas de casa me causa dores nas juntas de todas as formas, a questão é que dona Márcia me conhece o suficiente ao ponto de me comprar com comida pelo resto da tarde.

— A senhora não trocou as cortinas, o tapete e as almofadas semana retrasada? — Questiono acompanhando ela que me ignora seguindo loja a dentro.

— Já enjoei daquela cor. — Arqueio a sobrancelha observando a mesma pegar dois pares de almofada azul. — Se você e seu irmão parasse de comer em cima do meu sofá, talvez ele passasse mais tempo limpo.

Jogo a cabeça pra trás decidindo olhar uns jogos de cama do outro lado enquanto deixo ela com as indecisões sobre a paleta de cores que sempre acaba sendo a mesma.

Depois de pagar saímos da loja, e o que era pra ser uma cortina se tornou três e quem sou eu pra questionar alguma coisa?

— O safado do seu irmão já tá enchendo a cara de novo. — Fala me fazendo rir. — Aquele filho de uma mãe nem pra avisar que vai dormir fora.

— A senhora tá precisando arrumar um namoradinho, sabia? — Falo de proposito recebendo um olhar de nojo o que me faz rir.

— E você? Escolhe tanto que daqui a pouco vai ficar pra titia. — Revira os olhos. — Nunca vi menina tão luxenta pra macho, tanto médico naquele hospital e você continua com esse cú doce e quando me aparece é com um liso.

— Ih, mãe. Os lisos pelo menos fazem o trabalho com determinação, dão a vida no desenrolo. — Ela gargalha envolvendo o braço no meu enquanto olhamos as vitrines das lojas.

— Vai arrumar um coroa, um velho conservado cheio dos dinheiros pra te levar pra dubai que eu juro que saio do seu pé.

— Enquanto a senhora pega os mucilon, né? — Encaro a mesma que segura o riso. — Pensa que eu não vi os sorrisinhos com os amigos do Matheus? Cria jeito, ein mulher. — Gargalho puxando a mesma em direção a um restaurante já que meu estômago começa a reclamar de fome.

— Você vai tá de plantão amanha? — Confirmo com a cabeça. — Pensando em fazer um churrasquinho em família, sabe.

— A gente ver isso direitinho. — Falo assim que aponto em direção a uma mesa e o garçom vem nos recepcionar.

Depois de fazer nossos pedidos escuto minha mãe falar sobre o trabalho dela enquanto abro a mensagem no grupo com as meninas do hospital que toda semana tentam me arrastar pra um pagode, nego com a cabeça rindo e levanto a cabeça sendo totalmente pega de surpresa quando meus olhos encontram a última pessoa que pensei que encontraria logo hoje.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora