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Filipe °

A euforia do momento em ver meu filho nos braços da Manuella me deixou em êxtase, ao ponto de fazer passar o efeito de tudo que usei durante a festa. Sentado no carona aprecio a sensação de paz, coisa que a maior cota se tornou desconhecida diante de tanta parada que vem tirando o meu sono. Esfrego o rosto observando a mulher do meu lado que manobra a nave com maestria, como se tivesse nascido pra esbanjar os lucros que a caminhada vem me proporcionando, fortalecendo com força e sagacidade o que um dia foi só vontade de fazer historia.

Inspiro forte chamando sua atenção que olha o gps antes de fazer a curva.

— Que foi? — Questiona me olhando de canto de olho o que me faz rir fraco. — Essas suas olhadas as vezes me dá medo.

Gargalho recebendo um tapa em resposta.

— Se você acordar ele antes de chegar, juro que te deixo aqui mesmo. — Olho por cima do ombro o moleque que tá largadão no sono dos justos.

— Tá ligada que carona não vai faltar, né? — Vejo seu dedo do meio levantado na minha direção me fazendo rir ainda mais. — Mandada.

— Então vai lá lindo, tira a camisa e joga óleo, cê já tá acostumado mesmo. — Puxo o cabelo dela do coque fazendo os fios cair enquanto ela me chama de todos os nomes possíveis.

Ficamos jogando conversa aleatória até que só me dei conta que havia cochilado quando escuto ela me chamar baixo me cutucando.

— Seu pai dorme muito, né Theo? — Abro os olhos no mesmo instante encontrando meu filho no colo dela, enquanto os dois me olham atentos.

O carro já tava estacionado e eu nem percebi quando ele passou aqui pra frente.

— Você dormiu muito, papai. — Sorrio puxando ele pro meu colo que agarra meu pescoço.

— O papai tava com muita saudades, meu amor. — Engulo seco vendo a voz falhar.

De todos os sacrifícios que a vida que escolhi viver me obriga a fazer, sem sombras de dúvidas ficar longe dele é o mais doloroso.

A saudade é tanta que parece que vai rasgar teu peito, a cada dia longe vai te corroendo milétricamente, como um vírus que entra na tua corrente sanguínea te consumindo pouco a pouco.

— Eu também tava. — O encho de beijos ouvindo a risada que me cura de qualquer coisa. — Quando foi que você buscou a tia Manu? — Pergunta olhando de mim pra Manuella que sorri já abrindo a porta do carro.

— Ih cara, foi a tia Manu que pegou o papai. — Percebo no mesmo instante que ela saiu fugindo de ter que explicar certas coisas pro Théo, o que me faz rir.

— E ela dirigiu? — Confirmo com a cabeça tirando o cinto. — Uau.

Acho graça da cara que ele faz e saio do carro colocando ele no chão que segura um carrinho.

— A tia Manu é brabona, filho. — Viro o rosto pra ela que me olha encostada no carro com a sobrancelha arqueada e o celular em mãos.

— Podemos ir? — É só quando ela fala que me dou conta de onde estamos.

Coço a cabeça sem graça percebendo que ela tinha gastado uma grana preta aqui.

Agora tu vai falar alguma coisa? Porque eu sou capaz de apanhar aqui mesmo.

— Bora né. — Um cara do hotel surgiu pra ajudar com as malas, peguei minha mochila de costas que nem sei como ela conseguiu juntar as porras toda, peguei a do Théo e meti logo ele na cacunda.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora