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Olho nos olhos da Steff em busca de resposta.

— O que o Dallas está fazendo aqui uma hora dessa? — Sussurro vendo a cara dela mudar.

— Então ... — Faz bico me fazendo entender tudo.

— Sua cachorra, você está dando para ele de novo? — Jogo o travesseiro nela que não consegue responder pelas batidas que voltam a ser insistente.

— Steff, eu sei que você tá acordada... — Levanto de uma vez indo na direção do banheiro.

— Vai atender logo essa porta e faz esse doido sair daqui antes que o Filipe também decida meter a cara... — Revira os olhos ela se levanta e vai até a porta, aproveito a deixa para entrar no banheiro.

Me vejo parada em frente ao espelho pela primeira vez ao saber que tem um serzinho sendo gerado dentro de mim.

Inspiro fundo soltando o ar pela boca enquanto crio coragem e acaricio meu ventre.

— Você vai mudar muita coisa por aqui, não é? — Sorrio fraco. — Não só o corpo, a casa ou toda rotina. Vai mudar toda essa vida agitada que seus pais tem... — Mordo o lábio inferior.

Sinto meu celular vibrar me ganhando atenção, o nome do Filipe surge em chamada de vídeo.

— Ae meu senhor ... — Mordo a ponta da unha esperando a ligação cair, mas estamos do Filipe, ou seja, sim, ele insistiu umas duas vezes a mais e já enviou uma penca de mensagem.

— Porque você tem que ser tão ansioso? — Resmungo colocando o celular no modo avião.

— Manu... — A voz da Steff surge do outro lado me levando a girar a chave e abrir a porta. — Conseguir convencer o cabeção a me esperar lá embaixo. — Olho para ela que está parada apoiada no batente da porta.

— O Filipe já ligou várias vezes, se ele não conseguir me ver por chamada de vídeo vai dar piti, já até sei ... — Prendo meu cabelo em um coque.

— Já decidiu o que vai fazer? — Jogo a cabeça para trás. — Hoje vamos fazer um roteiro diferente, vamos almoçar fora, se caso você decida fazer alguma coisa ainda hoje, já é a oportunidade certa.

— Onde vai ser? — Paro para ouvir ela que começa a me contar todos os pontos que decidiram passar hoje, o que acabou me dando uma ideia. — Pensei em contar só no final da viagem, mas não vou conseguir esconder isso dele por muito tempo, então, acho melhor contar logo.

Dando pulinhos ela me faz dar risada e em fim, começamos a planejar tudo.

Depois que todos eles saíram, esperei o tempo certo para sair e seguir todas as instruções que me foi passada.

A cada minuto o frio na barriga parece aumentar, eu esqueci totalmente de avisar a minha mãe ao Mattheus do meu paradeiro, e talvez até seja melhor assim.

Me viro com o google tradutor com o taxista pagando a viagem e descendo no ponto especifico perto do restaurante onde sei que estão.

Fecho os olhos sentindo o vento frio da tarde bater no meu rosto, me perco um tempo apreciando a vista e o movimento das pessoas passando ao redor, quem diria que hoje estaria aqui, vivendo tudo isso, prestes a dar mais um passo na minha vida a qual jamais imaginei estar preste a viver.

Fecho o sobretudo melhor e aproveito para tirar uma foto do lugar, esperando a mensagem da Steff me dando o sinal.

De repente o celular vibra é o Filipe mandando mensagem pela décima vez, o que me faz rir.

Pelo o que conheço já deve estar com o bico do tamanho do mundo e ter fumado uns vintes cigarros.

Me sento perto de uma barraquinha de crepe no exato momento em que a Steff me manda mensagem avisando que o Filipe tá saindo pra fumar, como imaginei.

É a minha deixa.

Inspiro fundo e começo a colocar meu plano em prática.

De longe vejo quando o garotinho que paguei para entregar um bilhetinho a ele se aproxima e sem falar apenas o entrega que desconfiado como sempre, pega o papel em mãos.

Sem entender nada ele prende o cigarro entre os lábios e começa abrir o papel.

Onde dentro está escrito:


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Engulo seco quando ele levanta os olhos desesperado olhando para todos os lados, estou um pouco escondida então resolvo dar dois passos para o lado ficando bem no seu campo de visão, que ao me ver respira fundo e solta o cigarro desacreditado.

Sorrio de uma maneira a qual jamais fui capaz de fazer, a sensação do frio na barriga e a garganta seca é cada vez mais intensa em todas as vezes que passamos dias sem nos ver.

Ele atravessa a rua abrindo os braços com a expressão confusa no rosto.

— Que porra, é essa? — Gargalha quando para na minha frente me abraçando e me tirando do chão.

Dou risada passando os braços em volta do seu pescoço sentindo o único cheiro capaz de acalentar a minha alma no meio de todo o turbilhão de sentimentos que me cerca.

— Cala boca e me beija, homem. — Sorrindo ele me põe no chão e seguro meu rosto com as duas mãos tomando meus lábios em um beijo cheio de desejo.

O coração no peito parece estar prestes a sair pela boca quando nos afastamos.

— Por isso não atendeu minhas ligações? — Confirmo com a cabeça sentindo ele dar tapinhas na minha bunda. — Sabia que a Steff tava escondendo alguma parada.

Entrelaço nossos dedos quando ele se vira e tenta me puxar na direção do restaurante mas o impeço o puxando de volta para mim.

— Eu sei que o Théo tá ae, e que vai ficar louco quando me ver, mas agora, o nosso destino é outro. — Sorrio sem mostrar os dentes quando ele estreita os olhos. — A Steff vai cuidar dele fora que ele já tá sendo muito bem cuidado.

— Tá aprontando o quê, cara? — Dou de ombros quando ele passa o braço por cima do meu ombro e me acompanha sem protestar. 

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