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Manuella°

Quando a turma foi embora já tinha escurecido e eu tive que implorar a todo custo para o Filipe me levar em casa só para que eu pudesse pegar algumas coisas, como roupa, escova de dente, etc.

Controlador desde sempre me deu mil e umas desculpas na intenção de irmos direto para a casa dos pais dele, até cogitou me fazer comprar tudo o que eu já tenho.

Depois que peguei tudo que precisaria finalmente pegamos a estrada em direção a casa da dona Vanda, que nem se quer sabe que estou indo, já que decidimos fazer surpresa.

O Théo tá acordado no banco de trás jogando enquanto o Filipe tá todo falante do meu lado, me ajeito no banco ouvindo tudo o que ele fala.

— E tá pensando em qual? — Pergunto sentindo seus dedos em contato com minha coxa. — Já sei que é algo que ninguém tem.

Confirmando com a cabeça ele sorrir de lado.

— Uma Mclaren, pretona... pra começar o ano naquele pique. — Arqueio a sobrancelha olhando para ele que para no sinal me olhando.

— E vai vender esse aqui? — Esticando o braço ele aperta o botão de abrir o teto solar fechando os vidros da frente.

— Vender? — Nega com a cabeça voltando a acelerar assim que o sinal abre. — Esse aqui tem valor sentimental. — Estrala a língua no céu da boca. — Altas lembranças... Nesse capô ae... — Solta sem terminar a frase sabendo que eu entenderia de cara.

E como um flash os momentos do dia da sua festa após o lançamento do álbum.

Nós dois no estacionamento.

Sinto minhas bochechas esquentar ouvindo a risada safada dele do meu lado.

— Hum ... — Jogo o cabelo para o lado sentindo o olhar dele sobre mim. — Acho que quero inaugurar esse cisne negro.

— Cisne negro? — Confirmo com a cabeça o observando passar a mão no queixo onde a barba já está crescendo. — Gostei.

— O que eu faço que você não gosta? — Pisco os olhos convencida vendo o mesmo entrar duas ruas antes da casa dos pais dele.

— Criei um monstrinho? — Dou risada entrelaçando nosso dedos.

Logo em seguida estacionamos em frente a casa onde o Ricardo já vem correndo abrir o portão.

Desço antes do Filipe e a cara que ele faz me arranca boas risadas.

— É o que eu to pensando? — Pergunta se aproximando assim que abro a porta traseira tirando o Théo da cadeirinha.

— Pode soltar fogos, Ricardo. Seu filho virou moço de família ... — A gargalhada que ele dá assim que o Filipe para do meu lado pegando o Théo do meu braço o colocando no chão que já vai pulando para o colo do avô.

— Acho que Deus ouviu as orações da Família. — Fecho a porta do carro ouvindo as portas sendo travadas pelo o outro que vem andando atrás de mim segurando minha cintura.

— Tava pensando aqui ... — Fala baixo me fazendo diminuir os passos. — Que tal descer pra Angra?

Me viro de imediato olhando por cima do ombro.

— Angra? — Questiono o vendo confirmar com a cabeça. — Assim? Do nada?

Sinto suas mãos apertando minha cintura me puxando pra perto.

— Do nada, não... Tem coisa pra caralho acumulado — Beija a curva do meu pescoço me fazendo suspirar. — Matar as saudades ... — Sussurra descendo a mão na direção da minha bunda me levando a segura-las impedindo.

— Tá esquecendo onde a gente tá, lindo? — Dou risada ficando na ponta do pé roubando um selinho. — A gente vai ver isso direitinho.

— Ah, esqueci ... — Revira os olhos me deixando confusa. — Tenho que dividir o que era só meu, com o mundo agora.

Ele me solta me fazendo gargalhar segurando seu braço enquanto ele sai andando adentrando a casa nos fazendo encontrar a Vanda parada no meio da sala abaixada conversando com o Théo.

— Manu? ... — Sorrio olhando pra ela que olha de mim pro filho. — Eu sabia ... — Levanta dando pulinhos vindo na nossa direção. — Sabia que isso não demoraria pra acontecer.

Me abraçando ela passa as mãos pelas minhas costas.

— Eu torci tanto por isso. — Sussurra me permitindo respirar em paz.

— A conta bancária e o pulmão do meu filho agradece. — O Ricardo fala sentado no sofá com o Théo.

— Ah, pronto ... To fudido, mermo. — Ele resmunga se sentando perto dos outros dois nos fazendo rir. — Só falta dizer que eu tava chorando e ouvindo sertanejo.

Dona Vanda se vira olhando na direção dele que tira os olhos do celular voltando a focar me nós dois.

— Ae você vai dizer que não chorou? — Ela dar risada e eu olho diretamente pra ele que desvia.

— A gente vai comer ou não? — Me aproximo se sentando do lado dele que encosta as costas no estofado me puxando pra perto. Olho de canto de olho pra ele que nem me espera comentar nada, e já abre a boca. — Nem vem.

Sorrio segurando seu rosto.

— É só assumir que o meu bebezão de quarenta anos, chorou pela novinha dele. — Bufando ele me fuzila com os olhos.

O Théo sai do nosso lado indo atrás do avô que foi até a cozinha assim que dona Vanda o chamou, aproveitando o momento que ficamos a sós ele me puxa com tudo me fazendo sentar no seu colo.

Tento me esquivar quando ele chupa meu pescoço.

— Não é pra deixar roxo, Filipe ... — Choramingo sentindo sua mão subir até minha nuca onde ele puxa meu cabelo com certa força me fazendo virar a cabeça para trás deixando meu pescoço livre pra ele que não perde tempo e começa a passa língua lentamente me fazendo arrepiar.

— Agora é a minha vez de fazer a buceta da minha novinha chorar... — Sussurra com a voz grossa me obrigando a pressionar uma perna sobre a outra quando sua mão livre desce até a direção da minha virilha. — Tentar me impedir vai ser pior, você sabe ...

Mordo o lábio abaixando a cabeça encontrando seu olhar faminto.

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora