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Acordei cedinho junto com o Théo que como sempre ficava ansioso por causa da piscina, o Filipe dormia igual a uma pedra, acabei optando por não acorda-lo já que quase nunca ele consegue de fato descansar.

Me troquei rápido, peguei o necessário e vim aproveitar que não tinha tanta gente na piscina, permitindo o Theozinho de ficar a vontade.

Enquanto ele brincava na água com um coleguinha que acabou de conhecer aproveitei para dar uma olhada nos e-mails pendentes.

A família do Filipe ainda não tinha chegado e provavelmente assim que chegassem não conseguiria ficar grudada no celular como agora. Deitada de barriga para baixo me permitindo queimar a bunda, sinto alguém se aproximando, ergo a cabeça olhando por cima do óculos de sol vendo um garçom se aproximar com um bandeja em mãos.

— Bom dia, senhorita. —Fala educadamente.

— Bom dia! — Sorrio em resposta tentando puxar na mente se havia pedido algo.

—Mandaram entregar isso a senhorita. — Enrugo a testa quando ele me estende um drink.

Paro por alguns segundos digerindo a informação.

— Acho que teve algum engano... — Falo sem jeito passando os olhos pelo local. — Você poderia me informar quem foi?

Meio sem jeito ele se abaixa um pouco mais percebendo o meu desconforto.

— Aquele senhor a três espreguiçadeira a sua esquerda. — Viro o rosto encontrando um homem só de bermuda de praia, com um óculos escuro no rosto e um computador no colo. Sua pele bronzeada, o cabelo bem cortado junto com a barba cheia que complementava o conjunto perfeito. Não posso negar, ele é bonito.

Estreito os olhos tentando reconhecer, com a certeza de nunca ter visto o homem na minha vida.

— Obrigada, mas não posso aceitar. — Sorrio fraco desviando o olhar. — Pode devolver.

— Sem problemas, senhorita. Me desculpe pelo incômodo! — Balanço a cabeça em afirmação vendo o jovem sair da minha frente. Olho por alguns segundos para o Théo que segue brincando.

Voltando a focar no celular sinto alguém se aproximar e uma voz desconhecida surgir.

Me viro dando de cara com o responsável pelo suco.

Era só o que me faltava.

— Não foi minha intenção incomodá-la, sou o pai do Benício, que está brincando com o seu filho. — Ele aponta na direção dos meninos me fazendo piscar algumas vezes.

—Ah, sim! — Sorrio sem mostrar os dentes.

— Posso sentar aqui? — Ele aponta a espreguiçadeira desocupada ao meu lado, eu até penso em responder mas ele já havia sentado. — Porquê não aceitou o drink? Espero não estar incomodando você.

Engulo seco ajeitando o óculos sobre meu rosto, me permitindo revirar os olhos sem que ele veja.

— Não costumo beber tão cedo, muito menos aceitar bebida de desconhecido.— Me limito a dizer na intenção de cortar o assunto.

Desisto de focar no que estava fazendo já pensando em me levantar e chamar o Théo para outro lugar.

O silêncio surge e eu nem preciso me virar pra saber que o safado tá olhando para minha bunda, o que começa a me incomodar.

Passo a mão pelo cabelo quando novamente o escuto falar.

O dia mal começou e já decidiram testar minha paciência.

— Costuma frequentar muito aqui? — Faço careta prestes a me virar e sair quando uma sombra surge em cima de mim.

Engulo seco sem precisar me virar pra saber quem é.

— Atrapalho? — Respiro fundo soltando o ar lentamente mudando de posição e me sentando só pra conseguir olhar a carranca que está estampada no rosto do Filipe.

Sem camisa, com o telefone e a carteira em mãos e o óculos escuro no rosto vejo seu corpo virado na direção do homem sentado ao meu lado.

Minha garganta fica seca.

— Seu marido? — Fecho os olhos assim que escuto o homem falar.

Arqueio a sobrancelha vendo um sorrisinho se formar de canto nos lábios do ranzinza a minha frente que agora me observar.

Umedeço os lábios mantendo meus olhos no Théo dentro da piscina, me recusando a virar o rosto para responder, já sabendo que o outro tomaria a frente, como fez.

— Sim, marido dela. — Responde, seco e grosso, como sempre.

Seguro a vontade de rir quando ele estende a mão para mim.

— Bora, tem gente esperando ... — Enrugo a testa não gostando do tom de voz dele.

Sem relutar evitando discussão na frente dos outros, junto minhas coisas enrolando a canga na cintura.

Escuto quando ele chama o Théo que mesmo reclamando sai da piscina pegando na mão do pai.

— Porquê a gente tem que ir agora, pai? — Escuto o Théo resmungar. — Eu tava brincando.

— Teus primos chegou, vai querer ficar ae? — Os dois continuam conversando até o celular dele tocar e o pequeno correr até mim.

— Tia, a gente pode voltar depois? — Pergunta baixinho segurando na minha mão.

Paro no meio do caminho passando a toalha no cabelo dele enquanto me abaixo ficando da sua altura.

— Depois a gente vem com o Victinho e a vovó, tá bom? — Sorrio fraco apertando a ponta do seu nariz. — Vai lá com seu pai.

Por cima do ombro o Filipe nos observa mais a frente ouvindo seja lá quem está falando do outro lado.

Caminhamos até a praia na área reservada do hotel, de longe já conseguimos ver os outros ali. O que fez o mais novo sair correndo na direção dos avós, assim que escuto o outro encerrar a chamada paro de andar.

— Filipe ... — Bufo quando ele se vira me olhando. — Quer parar de cena?

Balançando a cabeça ele dá meia volta se aproximando de mim.

— O que ele queria? — Reviro os olhos sabendo que era por ciúmes. — Quer que fique de sorriso depois de ver um pela saco te comendo com os olhos? — Abre os braços gesticulando. — Não sou de ferro, porra.

— Já mandei você deixar de cena e falar direito. — Ele desvia o olhar me ouvindo falar. — Ele era pai do menino que tava brincando com o Théo, não dei porra de atenção nenhuma a ele, e antes de você chega já estava prestes a me levantar e sair.

Confirmando com a cabeça ele volta a me olhar.

— A gente não vai brigar por isso, vai? — Pergunto arqueando a sobrancelha enquanto ele engole seco passando a mão no rosto soltando o ar com força.

— Foi mal ter sido grosso, não sei lidar com essa porra ... — Sinto sua mão na minha nuca onde ele faz carinho.

— Tá bom senhor possessivo. — Fico na ponta dos pés roubando um selinho demorado dos seus lábios. — Imagine quando souber quem me chamou pra fazer parte do clipe.

Me afasto rapidamente dando risada quando a mão dele agarra meu pescoço por trás me puxando de uma vez fazendo minhas costas bater em seu peito.

— Tá querendo apanhar, né safada? — Sussurra no meu ouvido fazendo os pelos do meu braço se arrepiarem. — Fica brincando com fogo, depois não aguenta ...

Viro a cabeça olhando em seu rosto de lado quando a voz da mãe dele surge.

— Meu Deus, estão parecendo dois adolescente... — Sinto minhas bochechas esquentar e a risada rouca do Filipe invadir meus ouvidos enquanto ele me empurra me obrigando a voltar a andar. 

ContramãoOnde histórias criam vida. Descubra agora